About Sirius and The Potters

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No primeiro ano de Sirius em Hogwarts, se lhe perguntassem quem era sua família, ele responderia, meio em dúvida, os Black. Apesar de seus familiares acharem que ele caíra na pior casa possível, tornando - se assim um traidor, e o considerarem a ovelha negra, ele tinha apenas 11 anos. Pra ele, família era o sobrenome que você carregava e onde você nascera, apenas. Era o sangue que corria em suas veias. Por mais que ele não se sentisse parte da família, não havia como mudar isso. Ele estava preso com aquelas cobras por causa de seu maldito sangue, e quanto antes aceitasse isso, melhor.

No segundo ano, a resposta passaria a ser apenas Regulus. Como o irmão mais novo e ainda inconsciente da crueldade e ganância presente em cada ato dos Black, Reg o tinha como maior exemplo, e não conseguia se conter de animação para ir a Hogwarts e poder ficar junto do irmão o ano todo. Sirius, em compensação, mal podia esperar para levar Regulus para longe daquela casa, e sob seus cuidados, onde poderia se certificar de que ninguém transformaria seu irmãozinho em mais um Black podre.

No terceiro, tudo mudaria de novo. James. James era o que consistia sua família naquele ano. Pela primeira vez, Sirius tinha considerado alguém que não tinha seu sangue para um conceito tão importante, embora tão pouco valorizado. James que estava sempre com ele, zoando nas aulas, azarando alguns sonserinos nos corredores, flertando com toda a população feminina (e uma parte da masculina, por parte de Sirius) da escola. James que tinha o visto chorar quando Regulus foi pra Hogwarts e seguiu os passos dos outros Black, desprezando e negando Sirius. James que era seu melhor amigo, e agora, o seu único e não de sangue, irmão.

No quarto ano, as coisas só pareciam melhorar, e o garoto passara a considerar também os outros dois amigos e companheiros de quarto como sua própria família. Remus Lupin e Peter Pettigrew agora também eram família. Apesar dos dois serem muito diferentes, e ainda mais diferentes de Sirius e James, os Marotos eram tudo que o mais velho sempre quisera ter. Ele se sentia completo cada vez que eles arranjavam uma nova forma de criar confusão ou quando simplesmente passavam a noite conversando sobre besteiras no dormitório. Aqueles haviam sido os primeiros amigos verdadeiros de Sirius na vida e ele sabia que o tipo de amizade que haviam construído ali não seria desgastada com o tempo e nem acabaria por um motivo qualquer. A ligação deles era única. E eles acabariam por descobrir que mesmo com algumas perdas inevitáveis pelo caminho, ela era mais forte do que a própria morte.

No quinto ano, ele quase não conseguira acreditar em sua própria sorte. Dessa vez, ele havia ganhado uma família de verdade. Uma casa. E estava livre dos Black e daquela prisão. Sirius agora era um Potter. Não na aparência e nem no sobrenome, mas na convivência, no carinho e no respeito que tinha com os Potter. James sabia que o outro não aguentaria muito mais tempo naquele lugar que nem de casa poderia ser chamado. Ele simplesmente disse ao amigo que tudo bem se ele seguisse com a vontade de fugir de lá, porque ele não ficaria sem um lugar pra morar. Sirius esperava que aquilo fosse verdade. E bem, foi. Euphemia e Fleamont Potter abriram sua casa, assim como seu coração, e o aceitaram como se fosse seu próprio filho. E não é que após um tempo ele realmente passou a se sentir como um?

No sexto ano, sua família que já era perfeita, ganhou mais um integrante e este parecia um tanto quanto improvável. Numa noite em que o menino não conseguia dormir, ele decidira descer para o Salão Comunal, na esperança de adormecer em uma das poltronas próximas a lareira. Ao descer as escadas, pôde ouvir um choro baixinho, e sem saber o que fazer, foi até a origem do som. Lá estava Lily Evans, a paixão de seu melhor amigo, com um caixa de lenços e o nariz da cor dos cabelos. Resumo da história, depois de uma certa relutância, Lily contou ao menino que havia recebido a resposta de uma carta que havia enviado para sua irmã trouxa, e ela não tinha sido nada boa. Entendendo a situação em que Evans se encontrava, confidenciou à ela que o motivo pelo qual não conseguia dormir era porque sabia que naquele exato momento, seu irmão mais novo estava recebendo a marca negra. No dia seguinte e nos outros, os dois se cumprimentaram como pessoas normais, como amigos até. Ninguém entendia o que tinha acontecido, muito menos James, que ficara morrendo de ciúmes. O fato é que uma noite ruim e alguém pra desabafar pode resultar em alguma coisa muito especial.

Finalmente, no sétimo ano, Sirius fora mais feliz do que nunca. Sua família era praticamente uma só. Por um milagre de Merlin (e uma grande insistência da parte dele), Lily dera uma chance para James, e agora, eles estavam prestes a se casar. O agora homem, amava seus dois melhores amigos e vê - los se tornando uma família, sua família, era sem explicação. E ele ainda não sabia, mas amaria o filho dos dois como se fosse seu próprio filho. Foi parando para refletir que ele percebeu que coisas ruins acontecem com pessoas boas, mas que coisas boas também. Ele nunca poderia imaginar que arranjaria pessoas tão boas com quem se importar - e o melhor, que elas se importariam com ele também. Cada vez que levava uma bronca de Remus, ele tinha vontade de sair na mesma hora e fazer alguma coisa errada, só pra ter a chance de ouvir novamente alguém repreendendo - o simplesmente por se preocupar com ele. Cada vez que chegava em casa e cumprimentava o Sr. e a Sra. Potter, queria entrar pela porta pela segunda vez só pra receber um segundo abraço e ouvir perguntas de como fora seu dia. Só pra sentir o amor paterno e materno que achara que nunca merecera. Sirius tinha todos os motivos do mundo pra não acreditar numa instituição tão velha e quebrada quanto a família, mas ele escolhera acreditar. Escolhera amar, proteger e se importar. No final das contas, seu sobrenome não importara. No final das contas, ele escolhera sua verdadeira Família, esta com F maiúsculo, e não poderia ter escolhido melhor.

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