O começo

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As tardes passam, meu notebook ao meu lado na cama , eu deitada olhando o ventilador de teto, pensando, viajando no azul do ventilador a girar, vagarosamente fecho os olhos e continuo visualizando mentalmente meu quarto, mas dessa vez, nessa realidade, posso fazer o que quiser, logo imagino ele vindo na minha direção, aqueles olhos azuis, sardas espalhadas delicadamente sobre a pele branca de suas bochechas, aquele cabelo preto liso arrumado por algum gel barato, cabelo que se eu pudesse ficaria fazendo carinho a tarde toda. Era assim que eu me lembrava dele.


Me recordo como se o tempo não tivesse passado, eu saindo do trabalho de minha madrinha e indo em direção a praia, para ir para a casa dela buscar a comida pelo calçadão, como sou muito atenciosa, acabei sendo atropelada na pista de ciclismos por um skatista, que imediatamente, graças a minha TPM, tive um surto de fúria e comecei a xinga-lo, só de babaca, devo ter chamado ele assim umas mil vezes, e sai dali chorando de raiva, algo que odeio em mim ainda nos dias de hoje, ele tentou me seguir, eu devia realmente estar mal, porque ele disse que eu só poderia ir embora depois que eu tomasse uma água e me acalma-se


-Não tenho dinheiro aqui - respondi


-eu pago - ele disse


Aceitei, sentamos em uma mesinha dos vários quiosques espalhados pela praia, peguei a água e me liguei de quão mal agradecida estava sendo, ao me sentar ali, conversar com um rapaz que nem sabia o nome, e então não queria demonstrar o quão fraca eu era, fraca como o vidro, como já falaram, pareço durona, mas ao menor toque fico em pedaços, e isso me deixa muito medo de eu mesma


- Não deveria estar aqui - levantei, e senti uma dor forte no meu tornozelo esquerdo


- Fica - disse ele puxando minha mão


- Não toque em mim


A água que estava em minha outra mão, tomei um gole e joguei o resto nele, e fui para a casa de minha madrinha


Uma Garota Quase PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora