Capítulo 3

74 4 5
                                    


Meu coração para por um segundo, estou suando frio e sinto um leve calafrio percorrer minha espinha. Pisco algumas vezes. Leio, releio, torno a ler de novo e rever a mensagem mais uma vez, por precaução. Posso estar enganada, delirando.

Sim, delirando, essa palavra é o que me define no momento.

Torno a ler pela sexta vez e vejo que não estou ficando louca, ele realmente virá para o Brasil, justo agora que me afastaria. Viraria a página e deixaria Arthur Connor para trás. Bloqueio meu celular, fecho meus olhos e massageio minhas têmporas, respiro contando até dez e torno a repetir o processo. Isso me ajudará manter a calma e pensar com mais clareza sobre o assunto.

"Arthur no Brasil." Sussurro para mim mesma. É tão insano isso, que nem mesmo dizendo em alto e bom som conseguiria acreditar.

Meu celular apita, avisando que acaba de chegar uma mensagem. Desbloqueio com um pouco de dificuldade, por minhas mãos estarem tremendo de leve. Abro a mensagem.

Vamos nos ver antes das férias. Isso é tão incrível e assustador ao mesmo tempo

E de uma forma aterrorizantemente instantânea me vem à memória a mensagem que ele mandou alguns dias atrás.

Mas vai ficar tudo bem, quando você menos esperar vamos se encontrar

Começo a fazer uma rápida lista de prós e contras de responder ele. Droga, qual o meu problema com listas? Sempre tenho de fazer uma, para algum problema, não vejo sentido nisso, apesar de que virou algo tão costumeiro que agora faço lista para tudo.

Deixo meu celular encima da cama e caminho para fora do quarto. Está tudo escuro, existe apenas a luz que sai pela fresta da porta do quarto dos meus pais, desço a escada e vou até a cozinha. Tomo um susto ao perceber que não estou sozinha, meu irmão esta sentado na banqueta da cozinha comendo o resto do bolo de chocolate que minha mãe fez.

"Não é hora de criança estar na cama?" Ele diz sarcasticamente e percebo que está me provocando de propósito. Então resolvo entrar na brincadeira, talvez passando um pouco de tempo com meu irmão eu possa esquecer que lá em cima tenho milhares de mensagem e uma pessoa prestes a vir ao Brasil, esperando minha resposta.

"Então era pra você estar na cama né? Afinal a mamãe já deu janta pro neném." Passo a mão no cabelo dele e faço bico.

"Você adora jogar isso na minha cara né?" Ele sorri sem deslocar os lábios.

"Na verdade você que provoca!" Abro a gaveta perto da pia e retiro um garfo, me sentando na banqueta ao lado dele e me sirvo de um pedaço do seu bolo. Ele abaixa a cabeça e posso ouvir sua risada bem baixo, ele torna a me encarar de novo e depois olha em um ponto fixo atrás de mim, acima de meu ombro. É meio instantâneo também olhar para trás, mas vejo que não tem nada.

"Que foi?" Coloco mais uma garfada de bolo na boca

"Você pegou minha garrafa?" Diz na lata, sem rodeios. Tusso algumas vezes, por ter me engasgado com o pedaço de bolo que estava mastigando. Enfio mais uma garfada, na finalidade de pensar em uma história bem plausível, enquanto ele espera eu terminar de mastigar.

Meu irmão não é de ficar enrolando quando quer saber de algo, pergunta na lata, e posso afirmar que se ele perguntou, é porque tem total certeza de que já sabe a verdade. Mastigo devagar sentindo seu olhar perfurar o lado esquerdo do meu rosto. Engulo e fazendo minha cara de desentendida olha para ele.

"Que garrafa?"

"Não se faça de sonsa, você sabe que eu tinha uma garrafa de vodca escondida no meu quarto. E de repente ela sumiu, você sabe onde ela foi parar?"

Relentless LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora