Eu preciso remover a primeira erva daninha. Foi isso que o pastor ministrou no culto ontem à noite e é exatamente isso que estou fazendo. Na verdade mamãe, mas eu estou junto, então... Digamos que se trata de uma erva daninha removida à força. O que, tecnicamente, já é um avanço.
Nós vamos tomar um chá com o Robert. Como eu aceitei isso? Benjamin e eu chegamos fortalecidos do culto, sempre soube que a Palavra do Senhor nunca volta vazia, mas a ministrada ontem foi particularmente especial. É como se estivéssemos apenas Deus, Ben e eu naquele ambiente. O mais incrível é que as mesmas palavras que nos serviram de ânimo também nos confrontaram.
Mal tínhamos passado pela porta quando mamãe me deu a notícia de que havia marcado de tomar um chá com o meu pai. Ela conseguiu o contato dele com Rick e achou uma boa ideia nos encontrarmos para colocarmos algumas coisas no lugar. Depois do que ouvi, sabia que deveria começar de algum jeito. Então, aqui estou eu, sentada em uma cafeteria ao ar livre, ao lado de mamãe e esperando o meu pai. Benjamin se ofereceu para vir conosco, mas achei que deveria lidar com isso sozinha. Algumas ervas daninhas apenas eu posso arrancar.
Mamãe está nervosa, ainda que tente esconder isso. Ela bebe um pouco de chá, mas não consegue esconder o misto de sentimentos ao vê-lo ocupar a cadeira a nossa frente.
— Você não mudou nada — Robert se pronuncia.
— Você envelheceu — mamãe sorri.
— Oi, Katherine.
Limito-me a um aceno de cabeça, voltando minha atenção aos cup cakes no meu prato.
— Como você está?
Controlo meu desejo de revirar os olhos ao ouvir a pergunta de mamãe.
— Trabalhando bastante, e você?
— Estou bem, graças a Deus.
Solto uma risada nasal, sentindo a ironia aumentar em meu semblante.
— Há algumas semanas descobrimos que ela estava morrendo. Após um procedimento delicado, ela está se recuperando.
— Filha...
— O que foi? — ergo as sobrancelhas — é a verdade.
— Eu sinto muito por tudo isso — Robert suspira, brincando com o cardápio entre seus dedos — Se houver algo que possa fazer.
— Eu procurei por você, mesmo depois que a polícia parou com as buscas. Nunca contei nada disso a ninguém.
— Angelina, eu...
— Deixe-me concluir, Robert. Por favor — o homem assente. Permaneço atenta, embora não encare nenhum dos dois — Três meses depois que você sumiu, eu estava em um bairro nobre da cidade, trabalhando. Aí eu vi você, você estava conversando com o dono da casa, no quintal. Eu congelei. Quando ele entrou, perguntei quem você era. Ele me disse que você estava interessado nos negócios dele e tinha uma proposta. Você ainda estava na cidade, sua filha chorava por você e você não se importou com isso — ergo o olhar e encontro os dois em lágrimas discretas e silenciosas.
— Angelina, eu...
— Não ligaria se você tivesse deixado apenas a mim, você deixou a sua filha. Você não tem ideia da raiva que eu senti, do desprezo que carreguei. Com o tempo, Jesus limpou o meu coração e eu consegui perdoá-lo pelo que fez com nossa filha, mas nunca vou conseguir esquecer.
— Eu tenho que ir — coloco-me de pé, sentindo o choro entalado na minha garganta — O motorista vai levá-la de volta. Vou passar no ateliê da Lauren.
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Primeiro Amor • Livro 1 | Série Por Amor
RomanceKatherine Coleman vê sua rotina monótona dar uma reviravolta quando sua mãe é diagnosticada com uma rara doença crônica, fazendo-a caminhar sobre a linha tênue que há entre a vida e a morte. Com uma situação financeira delicada e mais exames e trata...