Ghosts of the Past

1º dia

Acho que adormeci a meio do filme e acordei com o toque do meu despertador. A música é a mesma há 6 anos. Tenho mesmo de a mudar.

Meti-me debaixo do chuveiro para acalmar os nervos. Arranjei-me como é normal e depois de me vestir fui até à cozinha.

"Filha, fiz panquecas!"- informou a minha mãe a tentar parecer feliz.

"Não me apetece."- respondi e tirei uma maçã da fruteira. – "Pai, hoje depois das aulas podemos ir a uma loja de decoração? O meu quarto está horrivelmente colorido!"- pedi ignorando o olhar triste da minha mãe.

"Claro filha! Depois do trabalho pode ser?"- assenti e despedi-me dos meus pais.

Pus os fones nos ouvidos e caminhei até à escola. O caminho é curto e solitário. Cheguei à escola e estava imensa gente a olhar para mim. Decidi ignorar e fui direta à secretaria para levantar o meu horário. Ia ter biologia e fui para a sala. Sentei-me no fundo da mesma e esforcei-me por não adormecer. O meu esforço foi em vão e acordei com o barulho da campainha a avisar os alunos que teriam de parar de se divertirem com os amigos e entrar na sala. Segundos depois o professor e o resto dos meus colegas entraram e claro tinham os olhos colados na miúda nova. Eu.

"Bom dia! Como já repararam temos uma colega nova na turma, queres apresentar-te?!"- perguntou o Sr. O'Neil com um sorriso radiante.

"Chamo-me Bella."- disse simplesmente. Não sou muito adepta de falar. Muito menos sobre mim.

O professor acenou com a cabeça depois de perceber que eu não ia dizer mais nada. A aula começou e a minha irmã, Martha, esteve a apoiar-me e a dar-me força a aula toda. Sim a minha irmã morta! Desde o acidente que eu vejo os fantasmas dos meus amigos e da minha mana. Algo que é bastante incomodativo por um lado.

Depois de mais 2 aulas chegou a hora do almoço. Fui buscar a comida do dia e como é hábito eu sentei-me numa mesa ao fundo da cantina. Ouvia pessoas a cochichar e a olhar para mim. Detesto que a atenção esteja focada na minha pessoa. Sentia-me como uma boneca na montra de uma loja de brinquedos. Depois de algum tempo um grupo constituído por 4 seres humanos entrou e o silêncio instalou-se. Pelos vistos são influentes pois uns alunos deram o seu lugar. Eles fazem-me lembrar do meu antigo grupo. Eu, a Kelly, a Liv, o Connor e o Theo éramos inseparáveis, mas tudo isso já acabou. Vim para Londres para esquecer o que aconteceu, mas é difícil. No entanto, vou conseguir.

Desviei os olhos do grupinho e acabei o meu almoço. De seguida fui para a minha última aula do dia e sai da escola finalmente.

Cheguei a casa e fiz os trabalhos para o dia seguinte. Enquanto estudava pensei num rapaz que estava na mesa dos "populares" que não parava de olhar para mim. Era loiro, alto e tinha os olhos castanhos-escuros. Fixou o olhar em mim o almoço todo. Foi bastante arrepiante!

"Devias arranjar amigos novos!"- aconselhou-me Connor desviando os meus pensamentos do rapaz desconhecido.

"Eu estou bem assim! Tenho-te a ti e aos outros!"- adverti.

"Sabes o que quero dizer, amigos palpáveis!"- retorquiu o ruivo agressivo.

"Podes parar de me chatear?" – pedi suspirando. Com o passar do tempo os fantasmas têm ficado mas intemperamentais.

Nesse momento a minha mãe entrou no meu quarto. Estava com a mesma expressão preocupada. Acho que ela me ouviu a falar com o Connor, bem o fantasma dele, que ela não acreditava que existia.

"Como foi a escola?"- perguntou evitando o assunto "fantasmas".

"Foi normal. O mesmo de sempre!" - respondo encolhendo os ombros.

"Fizeste novos amigos?"- perguntou com os olhos a transbordarem de esperança. Fazia esta pergunta todos os dias.

"Não mãe, não fiz. Eu estou bem assim!"- estou sinceramente farta desta conversa.

"Tu é que sabes! Amanhã tens psicólogo, por favor não faltes!"- avisou.

Desde o acidente que ando no psicólogo. Os meus pais pensam que eu sou maluca, não acreditam que vejo fantasmas, acham que tenho visões, mas eu sei que não o são. E o psicólogo não ajuda nada. É uma perda de tempo.

"Mãe, eu não necessito de um psicólogo!"- quase gritei.

"Não vale a pena discutires, a consulta está marcada."- disse e saiu do quarto fechando a porta atrás de si.

Bufei de frustração e voltei a concentrar-me no estudo. Depois de 1hora o meu pai chegou e fomos a uma loja de decoração numa avenida meio escondida. Comprei algumas almofadas pretas e cinzentas, uma colcha branca, optei por umas molduras às riscas e um espelho branco. À última da hora, já que o candeeiro de teto é cor-de-rosa, comprei um branco.

Cheguei a casa e fui logo mudar o quarto. Demorei cerca de 2horas, mas valeu a pena. Finalmente vou sentir-me bem no meu quarto!

***

Olá, Olá...

Hoje têm direito a 2 capítulo, mas não se habituem!! Sei que ainda não aconteceu muita coisa, mas esperem para ver. 

Boas leituras!!