Ghosts of the Past

Psicólogo

Depois de um dia de aulas extremamente demorado fui apanhar o autocarro para o consultório de psicologia que fica em Cleveland Street.

Fui para a sala de espera e fiquei a ler uma revista cor-de-rosa. Pelos vistos a Kate Middleton e o príncipe William têm um filho lindo. Depois de uma eternidade à espera chamaram o meu nome. Entrei no gabinete e estranhamente cheirava a álcool etílico e desespero. Olhei para o psicólogo e na parte lateral da sua bata podia ler-se: Ian Dallas.

"Boa tarde menina Marin."- cumprimentou o médico.

"Apenas Bella por favor!"- pedi. Detesto que me tratem pelo apelido faz-me lembrar a minha irmã.

"Se prefere. Já sei porque está aqui e vou ajudá-la a ultrapassar o trauma e a deixar de ter essas visões."

Eu já sabia que este era só mais um médico que me ia tratar como maluquinha qualquer e não ia acreditar em mim. Levantei-me para sair, mas o Dr. Dallas travou-me.

"Bella, se eu disse alguma coisa que não devia diga-me! Estou aqui para a ajudar." – avisou com um tom sereno.

"Dr. Dallas, eu não tenho visões, eu vejo os fantasmas dos meus amigos." – expliquei.

Ele respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos grisalhos e de seguida voltou a sentar-se na sua cadeira giratória.

"Bella, os fantasmas não existem!"- falou ríspido. Por momentos lembrei-me do meu pai. Ele diz exatamente a mesma coisa, exatamente da mesma forma.

O resto da consulta nem correu mal de todo. Depois de lhe explicar que tenho a certeza de que o que eu vejo são fantasmas, o doutor pareceu acreditar. Inicialmente também não acreditava que tinha a capacidade de ver fantasmas, mas eu sei que o são. Se fossem visões eles diziam apenas o que eu queria ouvir, mas em vez disso eles dão-me conselhos que me ajudam e estão sempre lá. Pelo que eu li na internet, visões desaparecem do nada, mas isto é diferente. Havia apenas um problema que confundia o psicólogo e para ser sincera a mim também. Os meus fantasmas crescem como se estivessem vivos. Era realmente muito estranho.

Depois da consulta fui dar uma volta pelas redondezas para arejar a cabeça e quando voltei para o apartamento fui bombardeada com as perguntas do costume, às quais eu não respondi. Não gosto de ser interrogada sobre as consultas. É incómodo.

Tranquei-me no quarto e adormeci quase instantaneamente. Amanhã o dia vai correr melhor. Disso eu tenho a certeza! Sinto-o!