Cap 17 | A caminho de Cair Paravel

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Pedro segurou sua irmã mais velha nos braços e a deitou em cima de uma pedra, com a cabeça apoiada em seu braço. Lúcia correu até a irmã e derramou uma gota do seu elixir nos lábios de Susana. As manchas pelo corpo foram desaparecendo, e aos poucos ela foi recobrando a consciência.

- Lú... - murmurou - Me desculpe. Me desculpe, Ed. Me desculpe, Pedro. Me desculpem por... ter duvidado esse tempo todo de tudo.

- Deixa isso pra lá, já passou. - disse Edmundo - O importante é que você está aqui.

Ela sentou-se e fez uma cara indignada ao notar a situação de seus trajes.

- O velho infeliz rasgou todo o meu vestido novo, aquele cão! - disse, com raiva.

E seus irmãos riram, já vendo que ela voltara ao normal. Ela olhou para Caspian, já passada a forte emoção de quando o encontrou. Olhou-o melancólica, triste.

- Susana... - ele disse.

Ela não respondeu. Ao invés disso, dirigiu-se a Pedro.

- Para onde vamos? Preciso de um banho urgentemente.

- Para Cair Paravel. - respondeu Pedro.

- Tem um cavalo pra mim? - perguntou.

- Não. Você pode vir comigo, Susana. - ofereceu Caspian.

- Vou com você, Pedro.

Pedro olhou para Caspian, que tinha uma expressão de interrogação no rosto.

- Claro, minha linda. - disse Pedro.

Todos montaram em seus cavalos, os Pevensie não entendiam porque Susana estava tratando Caspian com indiferença depois de tê-lo em fim encontrado outra vez.

- Mas eles não se amam? - perguntou Jill a Eustáquio, baixinho.

- Lembra que eu te disse que Caspian casou-se com Lilliandil, uma estrela? - perguntou Eustáquio, Jill assentiu - Pois é, Susana está muito magoada até hoje por conta disso. Caspian foi o primeiro amor dela, e ela se decepcionou, porque ele não moveu um dedo para que os dois pudessem ficar juntos. E ainda foi até o fim do mundo buscar outra para casar com ele. Quando nós chegarmos a Cair Paravel, você vai ver Lilliandil, o tanto que ela é linda, muito linda.

- Então é por isso que Susana é doida assim, por causa dessa desilusão amorosa. As meninas quando são magoadas, mudam. Umas se tornam mais frias, outras se tornam inseguras, e outras ficam revoltadas.

- Você tem razão. Antes Susana era meiga, doce, cabeça no lugar, calma, serena, em fim, gentil. E Caspian a magoou.

- Nossa, isso vai ser um triângulo amoroso daqueles! Porque olha a cara de cachorro abandonado que Caspian está fazendo para Susana. - riu Jill, e Eustáquio deu uma risadinha, concordando.

- Su, conte como veio parar aqui... Tirando a parte do desmaio, porque todos nós também desmaiamos para vir. - disse Pedro, sorrindo.

Susana riu e começou:

- Bem, quando eu acordei, eu estava deitada no meio de arbustos. Julguei que estava sonhando, e me sentei, mas ao sentir o chão, as folhas e os galhos me espetando, e o vento, percebi que aquilo era real. Logo me levantei em pânico, sem saber o que estava acontecendo e o medo tomou conta de mim. Comecei a andar sem direção, olhando para todos os lados e chamando por meus irmãos. Até que me choquei com força contra uma coisa de ferro... - ela ofegou ante uma lembraça boa, olhou para seus irmão e sorriu - Um lampião. Ao olhar para ele, meu olhos encheram-se de lágrimas e eu comecei a gritar que queria ir embora. Me sentei ao pé do lampião e comecei a chorar desesperadamente. Acho que se passou muito tempo, até que senti sede. E então me lembrei da direção da casa do Sr. Tumnus, e caminhei para lá.

- Sr. Tumnus... - disse Lúcia, sonhadora - Quantas saudades!

- Caminhei um pouco até que avistei aquela cabana, com aquele velho asqueroso. Perguntei a ele para onde ficava Cair Paravel, e se ele poderia me dar um pouco de água. Ele me convidou para entrar dentro de sua casa e perguntou quem eu era. Eu respondi "Rainha Susana", e ele me olhou de cima a baixo com uma cara esquisita. Me deu um copo de suco de melancia, acho que tinha algo dentro, porque eu simplesmente apaguei.

- Velho nojento! - disse Eustáquio, entre dentes.

- Logo quando acordei, creio que já era de noite. Eu estava amarrada na cama, com o vestido todo rasgado e aquele velho repugnante me observando. - Susana deu ânsias de vômito ao se lembrar.

- Calma, Su... - disse Pedro, massageando o estômago dela - Aquele maldito não pode mais fazer nada contra você. Essa hora deve estar no inferno.

- Ele disse que de manhã, após o café da manhã, eu seria o lanchinho dele. Aquela hora que vocês chegaram, ele estava tentando me levar para dentro da cabana... Eu havia tentado fugir, mas ele foi mais rápido que eu. Se vocês não estivessem chegado... - ela baixou a cabeça, quase chorando.

- Canalha! - disse Lúcia - Ainda bem que Caspian acabou com ele, tenho nojo de homens assim!

- Eu também! - disse Jill, revoltada.

Eles galoparam um pouco mais e sairam da floresta. Chegando a uma parte alta, puderam enxergar Cair Paravel à frente, e atrás deles a nuvem negra.

- Por Aslam! - exclamaram Pedro e Edmundo ao mesmo tempo.

- Que coisa horrível! - exclamou Lúcia.

- Óh céus! Que horror! - disse Jill, assustada - O que é isso?

- Temos muito o que conversamos. - disse Caspian - Vamos para o castelo. Há um barco à nossa espera. Como vocês lembram, Cair Paravel agora é uma ilha.

Eles chegaram ao pequeno porto, e os marinheiros olharam confusos para os Pevensie e para Eustáquio e Jill.

- Curvem-se perante o Grande Rei e seus reais irmãos. - disse Capian.

- Majestades. - disseram os marinheiros, fazendo uma reverência e com clara surpresa em seus rostos.

Eles entraram no barco, e quando já tinham se afastado, um marinheiro comentou para o outro:

- Que roupas esquisitas Suas Majestades estavam usando.

- Ouvi falar que no mundo deles, todos usam esses trapos feios. Você não viu a roupa da rainha Susana, toda rasgada? - comentou o outro.

- Pois é. Mas vamos voltar ao trabalho, porque falar das roupas deles não vai nos sustentar.

- Certo. - concordou o outro. E voltaram a amarrar suas redes de pesca.

 E voltaram a amarrar suas redes de pesca

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Livro 1 As Crônicas De Nárnia - Aslam Os UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora