Primeira vez!?

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Novamente senti aquele redemoinho de sentimentos. Minhas lágrimas pareciam ser a única forma de resolver o conflito de emoções.

- No começo, se tratava apenas de observar. Mas você parecia tão sozinho, até mesmo perdido. Um dia, resolvi conversar um pouco com você. Foi aí que nossa amizade começou.

Me afastei um pouco para olhar em seus olhos. Ele não estava mentindo sobre isso, tenho certeza. Isso me deixou mais calma, mas não menos brava.

- Você devia ter me falado. Esconder isso por tanto tempo, como pôde? - perguntei com lágrimas nos olhos.

- Eu sei que o que fiz não foi nada legal, mas eu estava com medo. - disse desviando o olhar - Medo do que você pensaria... medo de não querer mais ser meu amigo.

- Besteira! Você acha que nossa amizade se quebraria tão facilmente?

- Com certeza não. - sorriu Akira.

- Ótimo! Pare de esconder as coisas de mim ou eu vou ficar verdadeiramente irritada da próxima vez, ouviu?

- Sem problemas. - respondeu ele.

Limpei o rosto e dei-lhe um belo sorriso. Seu rosto ficou um pouco corado e ri da situação.

- Ei, não vá se apaixonar por mim, está me entendendo?

- Tudo bem. - riu Akira - Vou tentar.

Este "Vou tentar" me surpreendeu. O que será que ele pensou quando me viu sorrindo? Balancei a cabeça algumas vezes, afastando aqueles pensamentos estranhos.

- Tudo bem. Vejo você mais tarde, Akira.

Abracei-o mais uma vez e agradeci bem baixinho por ter um amigo como ele. Retirei-me do quarto e caminhei pelos corredores em direção ao meu. Estava me sentindo mais leve por saber a verdade, embora ainda não concorde em nada com o fato dele ter escondido isso de mim. 

Aquele enorme labirinto de caminhos e portas realmente pareciam não ter fim. Acabei encontrando aquela empregada de antes, mas ela já estava acompanhada por uma colega de trabalho.

- Foi por pouco. Achei que não conseguiria me controlar. - disse Sara, a empregada de antes.

- Você precisa se acalmar! Aqui, beba um pouco de água.

Se controlar? Se controlar para o quê? Mesmo curiosa, decidi não atrapalha-las e segui meu caminho, procurando o meu quarto sozinha. Parecia estar com problemas, mas sua amiga aparentava entender o que acontecia. Alguns segundos depois, encontrei Shun caminhando pelos corredores e resolvi falar com ele primeiro, conforme Saori me sugeriu.

- Shun! Quero falar com você.

Ele ignorou. Insisti um pouco mais.

- Por favor. Me fale o que há de errado com você.

Shun nada disse. Apenas continuou seguindo seu caminho sem nem olhar para trás. Corri até ele e coloquei minha mão sobre seu ombro tentando para-lo.

- Você... está bravo comigo?

- O quê!? - exclamou surpreso enquanto se virava com tudo  - Está louca?

Abaixei a cabeça. Era óbvio que estava irritado, mas não sabia bem o motivo. Isso acabou por me deixar para baixo.

- Desculpe... - disse meio abafado, quase com voz de choro, mas não me pergunte o porquê.

- Ah, droga! Vai chorar de novo? Eu não sei como lidar com isso! - disse ele meio irritado - Tudo bem, tudo bem. Vamos até o meu quarto então.

Ele segurou minha mão e correu para seu quarto o mais rápido que minhas pernas podiam acompanhar. Sua mão estava suando um pouco e fiquei a imaginar o porquê. Ao chegar no quarto, reparei em diversas armas espalhadas pela parede, sofá e outros lugares inusitados.

Metamorfose: A Outra FaceOnde histórias criam vida. Descubra agora