Eu só queria ter mais palavras pra expressar e dizer o quão linda ela é. Eu realmente não sei explicar, apenas consigo a observar dormindo sobre a carteira, debruçada, deixando suas bochechas avermelhadas, seu cabelo dourada caído sobre o seu rosto com alguns fios. Eu sabia que não era uma boa hora para ficar encarando uma pessoa e ainda mais dormindo mas era o único momento que podia vê-la, sem medo.
Seus olhos se abrem pela primeira vez e se direcionam à mim, pressentiu que estava sendo observada. Tentei disfarçar a minha cara de idiota e sem tirar os olhos dela, murmurei:
"O seu nariz... Está sangrando", e realmente estava. Ela inclinou a cabeça, seus dedos resvalaram na ponta do nariz vendo o fio de sangue, rapidamente pegou um lenço que estava entre o seu caderno e limpou envergonha, deixei escapar uma risada baixa e ela me encarou com seus olhos esverdeados.
"Desculpe, isso sempre acontece", Katie respondeu com a voz doce e ingênua. Concordei reprimindo os lábios e voltei a olhar pra frente tentando prestar atenção na aula mas a minha mente me rodeava de perguntas, porque diabos ela estava sangrando? Além de tudo, era a primeira vez que ouvi sua voz somente pra mim.
Em segundos o sinal soou nos meus ouvidos. Eu a vejo pelo canto do olho se levantando, iminente e soturna, dando passos largos e rápidos com livros em mãos. Me levanto recolhendo meu caderno e minha única caneta e sou o ultimo a sair.
Andei pelos corredores, muito aéreo até encontrar Cameron encostado no meu armário com a postura relaxada, conversando com uma garota morena que deu meia volta e saiu, com uma feição nada satisfatória. Como se ele tivesse dito algo de ruim mas só ele tinha achado maneiro.
"Quem era aquela?", perguntei empurrando o seu corpo de lado e me situei em frente ao armário, girei os números do cadeado.
"Uma amiga da minha prima", respondeu mostrando os dentes alinhados e o olhei leviano. Assim que o cadeado se desfez, abri a porta do armário e deixei os livros jogados de qualquer maneira.
"Claro, quem mais iria falar com você?", falei irônico e me olhou enfurecido. Eu nem sei porque estava zombando dele, pelo menos alguém estava tendo uma conversa civilizada com uma garota.
"Ha-ha, muito engraçado, Justin!", forçou uma risada cheio de deboche e dei de ombros. "Olha, eu precisava...", começou a tagarela e foi o suficiente para minha atenção tomar outro rumo, meus olhos se direcionaram até Katie. Ela abraçava Richard no meio do corredor que apalpava sua bunda, ela sorria e ele a olhava como se tivesse respeito. Ver aquilo pesou o meu estômago, como um soco. A única coisa que pensava, além de enchê-lo de porrada era: babaca!
"Cara, você me ouviu?", Cameron gritou fazendo movimentos com as mãos contra o meu rosto interrompendo a minha aflição.
"Não, mas se fizer isso de novo vai ficar aleijado", o ameacei raivoso.
"Calma ai", riu em sua defesa. Atravessei o seu corpo andando em direção contrária porque não seria otário o bastante passar por Alicia naquele momento ridículo. Cameron me acompanhou, andando ao meu lado. "Eu disse que precisava um pouco daquilo... você sabe...", deu de ombros arrumando a mochila sobre o ombro e ergui uma das sobrancelhas.
"Você está falando de maconha?", perguntei entre risos, empurrando a porta da saída principal sentindo o sol queimar minhas pálpebras.
"Não precisava falar em voz alta", me repreendeu em murmúrios e ri da sua encenação. Andamos em passos lentos até o estacionamento que ficava do outro lado da escola.
"Acha mesmo que se eu tivesse daria à você?", falei sardônico e ele me olhou tedioso. "Devo ter algo... Deixo na sua casa mais tarde", digo por fim e Cameron assentiu, com um sorriso malicioso como uma criança que acabará de ganhar um doce.
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› PURPOS£ ‹
FanfictionJustin é um adolescente escritor que se apaixona pela garota popular do colégio, Katie, que sofre de alcoolismo e drogas. Entre versos de poesias e alucinações, um amor incompreensível pode ser feito com duas almas opostas. Você acredita? • Reescrit...