Amigos?

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P.O.V. Marinette

Chat Noir estava na minha janela.

Acho que precisei de mais tempo do que o normal para que o meu cérebro aceitasse o que meus olhos estavam vendo. Depois esperei mais alguns segundos para que fizesse sentido. Aí, quando eu percebi que realmente não ia fazer sentido, me toquei que ainda estava de cabeça para baixo o encarando e fui até a janela.

Ele acenou e sorriu, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

-O que você está fazendo aqui?-perguntei.

Chat sinalizou que não conseguia ouvir através do vidro e apontou para cima. Mas o que...? Ah, o terraço, entendi e apontei para cima também. Em um segundo ele escalou a lateral do meu quarto e desapareceu de vista.

Peguei um casaco e subi as escadas que levavam do meu quarto ao terraço.

O que está acontecendo? Será... que ele descobriu que eu sou a Ladybug?

Abri o alçapão e dei de cara com uma luva preta.

-Posso ajudá-la?- perguntou Chat com a mão estendida, em seu melhor estilo "galanteador".

Afastei sua mão com um tapa e me ergui sozinha. Pela sua cara de surpresa deu a entender que não esperava por isso.

-O que você está fazendo aqui?-perguntei novamente, um pouco mais ríspida do que pretendia,mas ,ei, depois do que aconteceu mais cedo eu não queria que ele se aproximasse de mim, física ou emocionalmente, e eu estava realmente surpresa pelo fato de ele estar lá.

-É assim que você trata as visitas? Boa noite pra você também- disse se afastando e sentando-se na murada, ainda com o sorriso convencido no rosto.

- Boa noite!- exclamei sarcástica enquanto cruzava o terraço em sua direção- Que noite linda!- parei bem na sua frente, mas ele estava mais alto do que o normal, por estar sentado na mureta, e tive que inclinar a cabeça para trás para olhá-lo nos olhos.- O que você está fazendo na minha casa?- Ele riu, mas logo depois olhou nos meus olhos e o sorriso convencido desapareceu, dando lugar a uma expressão mais... verdadeira. Como se ele não soubesse ao certo como responder. Me amaldiçoei mentalmente por ter parado tão perto dele (poderíamos conversar a uma distancia segura de no mínimo um metro), e o amaldiçoei por ter aqueles olhos tão verdes. Aqueles olhos ... era como se eu já os tivesse visto em outro lugar, ou em outro rosto...

Me afastei alguns passos, e ele desceu da grade.

-Então...- ele começou, coçando a nuca. Não acredito! Chat Noir estava... nervoso?- Eu vim aqui pedir desculpas.

- Desculpas?- questionei confusa- Desculpas por que?

- Por ter, sabe, te beijado hoje mais cedo...

- Ah, isso...- Não Marinette, você não vai ficar vermelha toda vez que se lembrar disso! Eu me recuso! Pelo menos ele ainda não fazia ideia de que eu era a Ladybug- Mas você só fez isso para distrair o Ilustrador e salvar a vida da Alya e daquela menininha.

- É! Exatamente!- ele sorriu.

- Então por que as desculpas?

- Eu fiquei com medo de que você estivesse com raiva de mim.

- Eu não estou com raiva de você- me ergui e sentei na murada.

- Não é o que parecia a um minuto atrás- ele se recostou na grade do meu lado e ergueu uma sobrancelha. Que raiva! Eu sempre quis conseguir levantar uma sobrancelha só!

- Eu não estava com raiva. Eu fiquei surpresa, só isso.

- Marinette Dupain Cheng, você tem um jeito muito estranho de ficar surpesa.- ele riu e eu não resisti rir junto. Se alguma parte de mim estranhou que ele sabia meu nome inteiro, esqueceu de avisaras outras partes.-Então... estamos bem?

-Claro.- respondi descendo da mureta e caminhando devolta para o alçapão/porta. Finalmente essa conversa acabou, não sei porque, mas estar perto do Chat como Marinette me dixa um pouco nervosa.

- Ótimo! Quer dizer que somos amigos!- eu parei de andar na mesma hora.

- Amigos?- me virei.

- É, amigos. Por que não?- Eu podia pensar em mil motivos de "porque não" mas não queria falar nenhum deles para ele. A) ele poderia descobrir que eu sou a Ladybug ( se ele me vir todo o dia vai acabar ligando uma coisa a outra. Eu certamente o reconheceria se o visse todo dia) e B) Onde agente se encontraria? Não tem a menor condição dele ficar invadindo meu quarto de noite!

- Porque...- Comecei. Deus do céu, ele sempre foi tão bonito assim, ou é a iluminação da Lua ...Droga! Achei um C)

- Porque...- ele incentivou

- Porque não é assim que amizades funcionam! - retruquei

- Como assim?

- Você não pode chegar para uma pessoa que só viu três vezes e " Bum!" ser amigo dela. Pra ser amigo precisa conversar, estar junto, jogar ... ããã... Uno junto e... ver filmes com pipoca e dividir Nutella e... essas coisas!- eu devia parecer meio exasperada no meu argumento. Claro que para cada um a receita de uma amizade varia, mas ... Ah , o que eu estava pensando? Ele nunca ia acreditar na minha desculpa esfarrapada!

- Hum... - ele disse pensativo. Não acredito! Ele caiu na minha desculpa esfarrapada!- Faz sentido, mas eu não faço questão dessas coisas, Marinette. Eu sou seu amigo, quer você queira ou não. - o sorriso convencido estava lá de novo

- Você não pode ser meu amigo contra a minha vontade!- ri

- Desafio aceito.- ele fez uma reverência. Revirei os olhos - Boa noite , Marinette.

- Boa noite, Chat.- atravessei o alçapão e fechei a porta.

Mais tarde, já deitada na cama, não consegui dormir. Ficava pensando em um certo par de olhos verdes...

Mas eu não sabia se os olhos eram do Adrien ou do Chat Noir.





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