Quando se fala em Natal, logo pensamos em presentes, festas, o nascimento de Jesus, união, comida farta, papai Noel e esse tipo de coisa. É o que geralmente temos nessa data "tão especial", não é mesmo?
Bem, mas eu não. Eu penso em sangue.
Natal para mim é o mesmo que o sangue quente escorrendo pelo chão; ele representa todas as faces, que outrora estavam felizes e em harmonia, deformadas em uma máscara de horror.
É, eu sei que você está me achando uma louca doente. Talvez eu seja mesmo. Mas de que isso importa? Você vai morrer nesse natal de qualquer maneira mesmo... E todos os julgamentos que você fez de mim serão enterrados para sempre no fundo da sua memória morta.
E ninguém nunca saberá quem foi o culpado.
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Sangue quente e viscoso escorre do peru enorme como se fosse um molho de tomate que passou da validade.
Parece uma delicia, mas definitivamente não vou comer isso aí. Posso ser insana, mas não sou canibal. E mesmo que eu fosse, a cena que montei está tão linda que não teria coragem de estragá-la.
Olho em volta, admirando a vista. Todos os convidados estão reunidos em volta da mesa, as cabeças enfiadas nos próprios pratos de arroz.
Ando até a lareira para me aquecer um pouco, mas assim que dou um passo, escuto um estrondo do outro lado da mesa.
— Mas como você é irritante, Glória! — grito enquanto vou na direção dela pela terceira vez desde que a coloquei ali. — Não consegue apreciar esse arroz com passas quietinha?
Pego ela no colo e a coloco na cadeira novamente. Pelo menos a velha é leve... A cabeça dela cai imediatamente dentro do prato de arroz, pintando-o ainda mais de vermelho.
Vou até a garagem da família e pego um martelo e alguns pregos antes de voltar para a sala e encontrar a Glória, de novo, esparramada no chão.
— PUTA QUE PARIU, GLÓRIA, FICA PARADA!
Vou novamente até ela e posiciono suas mãos ao lado do prato. Posiciono o prego em uma e martelo a mão na mesa. É como perfurar manteiga. Apenas poucas marteladas são necessárias para prender bem o prego na mesa. Faço o mesmo com a outra mão e admiro minha obra.
Hum, ficou um pouco estranho, considerando que os outros convidados estão com as mãos soltas...
Enfim, largo o martelo e vou até a lareira para cuidar do cachorro, que está deitado ao lado da lareira com o pescoço em uma posição antinatural. Pego um chapéu natalino e o coloco no cachorro. Poético.
— Agora você também entrou para a brincadeira e se vestiu de vermelho!
Sabe, é um tanto irônico terem me convidado para a ceia. Principalmente sabendo quem eu sou e o que eu fiz no passado. Acho engraçado como as pessoas julgam muito as outras apenas pela forma que agem em sociedade. Basta ser gentil com alguém que ela já acha que você é bondoso; ou, no meu caso, que o tratamento na Sibéria funcionou.
Se formos analisar friamente, realmente funcionou.
Me deixou mais inteligente.
E com sede de sangue.
— Olá, Clóvis. Como você está? — Faço uma voz bem fininha enquanto abro e fecho a boca de uma das crianças que eu havia matado para que pareça que é ela quem está falando isso.
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A psicopata (especial de natal)
HorrorO natal nunca foi tão sangrento como este.. ~Um especial de natal do livro A psicopata.~