Capítulo dois.

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O vôo foi tranquilo e quando Flavia desembarcou no aeroporto estava mais cansada do que esperava, ainda tinham uma viagem curta até a cidade de tigre, onde iriam se hospedar e ela iria conhecer a noiva e as damas, as quais faria seus vestidos.

Ela estava feliz com a viagem, parecia que o dia não seria tão ruim como ela imaginava, uma das coisas que mais gostava no trabalho eram as viagens, conhecia o Brasil inteiro praticamente, e alguns países da América do Sul também, era a segunda vez que viajava para Argentina. Na primeira vez ela tinha ficado em Buenos Aires, e tinha amado, mas algo dentro dela dizia que essa viagem seria ainda mais inesquecível.

Quando entrou no carro que a cliente de Jean mandou, enviou uma mensagem para Robson, avisando que fora tudo bem na viagem e ela já estava a caminho da casa onde ficariam hospedados. Jean nunca se hospedava em hotéis, sempre dizia que hotéis não tem espaço suficiente para suas criações. Então uma das condições dele era uma casa alugada pelo cliente, para que ele pudesse ficar com sua equipe, que contava apenas com Flavia e a sua filha Hilary, que obviamente não trabalhava, mas estava presente em todas as viagens, se divertindo, e as vezes até divertindo a Flavia e ao pai.

Quando entraram na cidade, Flavia ficou encantada com a beleza do lugar, era espetacular, vários rios e canais circundavam a cidade, as casas em sua grande maioria, tinham uma aparência mais rústica, e isso a fez se lembrar de Renata, a amiga apaixonada por romances de época iria adorar aquele lugar.

Eles entraram em um quintal com uma casa de dois andares, com grandes janelas e venezianas brancas, as paredes da casa eram todas pintadas de um tom de rosa claro, que deixava a casa ainda mais romântica, ela estava adorando tudo aquilo, com certeza essa viagem seria inesquecível. Assim que desceu do carro ela bateu uma foto da casa e enviou para Renata, com uma legenda que dizia:

" Você precisa conhecer esse lugar. "

Não demorou muito e a amiga logo respondeu.

" Já decidi onde vou passar minhas próximas férias com Victor. "

Flavia guardou o celular no bolso e seguiu Hilary para dentro da casa, ao entrar ela ficou encantada, a casa possuía uma ampla sala de estar, e poucos móveis ocupavam o lugar, o que era muito bom pois eles precisavam de muito espaço para seus vestidos e manequins. Do lado oposto a sala tinha uma cozinha muito moderna com todo tipo de parafernália, o que também era bom pois as comidas preparadas por seu chefe Jean, eram deliciosas. Ao subir as escadas uma das portas do corredor chamou sua atenção, era a última porta do lado esquerdo e tinha um filtro dos sonhos pendurado bem no meio, talvez aquilo lhe trouxesse bons sonhos.

Ela não pensou duas vezes, caminhou em direção a porta e abriu, quando entrou no quarto, um sorriso se espalhou no seu rosto, o quarto era simples e aconchegante. Tinha uma cama de solteiro em uma das paredes e um guarda roupas na outra, ao lado dele havia um banheiro. O que mais a chamou atenção foi a sacada, a vista era linda, conseguia ver os barcos na margem do rio, as pessoas caminhando nas ruas próximas, uma sensação de liberdade a invadiu.

- É linda não é? - Hilary se juntou a ela na sacada.

- É sim, maravilhosa.

- Essa cidade é uma das mais bonitas que visitei com meu pai. Nós costumávamos vir muito aqui antes dele ficar tão famoso. É incrível como a nossa vida mudou tanto em tão pouco tempo, há dois anos podíamos fazer o que queríamos. E agora ele só fala no trabalho, só viajamos para ele trabalhar mais.

- Seu pai é um bom homem, e ele ama o que faz, você deveria apoiar mais ele, é muito difícil chegar onde ele chegou sem esforço. Como pai ele faz o melhor que pode, ele podia muito bem te privar das viagens que faz, mas ao invés disso ele te trás a todas elas, não seja ingrata Hilary. Ele te ama, e faz o melhor que pode.

- Eu sei que ele me ama, mas eu queria ser tão importante para ele como o trabalho é. - a voz de Hilary era uma mistura de raiva e tristeza.

- Não diga bobagens. Você é a coisa mais importante para mim. - Jean já estava dentro do quarto, ele havia entrado sem que as duas percebessem. - Você é, e sempre vai ser mais importante que tudo. Se eu trabalho tanto minha filha, é para poder te dar o melhor. Eu achei que estivesse sendo o suficiente, te trazer e estar na sua companhia sempre. Me desculpe se fui egoísta com você.

Flavia podia ver a tristeza nos olhos de seu chefe, Hilary era tudo para ele. Não queria que ele tivesse ouvido aquelas palavras da boca dela. Sabia que ela estava sendo sincera, quando dizia sentir falta do pai, mas também sabia que ela era mimada e egoísta.

- Pai me desculpe se falei de mais, mas é que sinto a sua falta as vezes. Gostaria de ter mais tempo com você.

Jean abraçou a filha e beijou o topo de sua cabeça.

- O que acha de um jantar hoje, só eu e você. Pai e filha?

- Um jantar pai? Não! Vão achar que somos um casal, credo. Vamos eu, você e Flavia. É melhor.

- Sou tão feio assim? Que não podem achar que é minha namorada? - Jean fez cara de ofendido.

- Claro que não pai. O problema é esse, você é gato de mais, como vou conseguir um argentino gostoso assim? Ninguém vai olhar para mim se achar que o senhor é meu namorado. - Hilary terminou a frase revirando os olhos.

- Argentino gostoso? Que isso menina? Tá querendo levar uns tapas? - um pequeno riso escapou dos lábios de Jean, estragando sua atuação.

A relação pai e filha dos dois, era uma coisa que Flavia admirava. Quando Hilary nasceu a mãe a abandonou junto com Jean, disse que não estava preparada para ter uma família. Então desde este dia, Jean fez o papel de pai e mãe na vida da menina. Foi ele quem viu os primeiros passos, ensinou ela a andar de bicicleta, e também ele quem a mimou tanto. Ele estava com ela quando virou mulher, e ele que a viu chorar pelo primeiro namorado perdido.

Jean sempre contava essas histórias para Flavia, tinha muito orgulho do papel que representa na vida da filha. Hilary sentia orgulho do pai também, e da liberdade que tinha para poder falar com ele de assuntos, que outras garotas na idade dela jamais conversariam com o pai, segundo ela.

- Você topa Flavia? - Jean perguntou já com o sorriso totalmente aberto.

- Mas é claro. Essa cidade é linda, estou louca para conhecer um pouco mais dela.

- Ótimo. Vou providenciar nossas reservas, até mais tarde meninas, descansem bem.

Jean saiu do quarto e Hilary foi logo atrás, dizendo alguma coisa sobre escolher um vestido que fizesse sua bunda ficar mais empinada. Flavia sorriu ao escutar isso e se virou para rua novamente. Um vento soprou suave, fazendo um calafrio percorrer a sua espinha. Ela olhou para as ruas e viu um homem parado em frente à casa do outro lado da rua, ele olhava fixamente para dentro da casa como se estivesse procurando alguém, ele era bastante atraente tinha os cabelos escuros, e dava para perceber a medida que as pessoas iam passando por ele, que era um homem alto.

Flavia se distraiu por um momento, e quando voltou a olhar na direção do homem, ele havia sumido. Ela procurou em volta mas não o viu mais, deu uma longa respirada no ar daquele cidade linda e entrou no quarto fechando a janela, deixando a imagem do homem misterioso sumir de sua mente, estava cansada e precisava descansar. Os próximos dias seriam de muito trabalho para ela.

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