Doze

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Aaron Johnson

Segunda-feira

  Mais um dia de fingimentos. Fingir que estou feliz. Fingir que não há problemas em minha vida. Fingir que amo Melissa. Fingir um sorriso. E fingir, até mesmo, a expressão no meu rosto. Não é facil viver de fingimentos, e é mais dificil ainda fingir amar alguem. Pelo menos tenho minha válvula de escape, Samantha.

  Mas quando penso melhor, me dou conta de que isso nunca iria dar certo. E eu, mais do que ninguém, sei disso muito bem, sei tanto que dói. Dói sofrer por alguém que nunca, e jamais será seu. Não tenho certeza dos meus sentimentos, e não quero ter, não quero ter que pensar nisso mais do que eu já penso, mesmo sem antes tirar uma conclusão. Entretanto, sou fraco, sou fraco e não vou conseguir deixar essa chama acesa se apagar, mesmo ela sendo pequena. Prefiro continuar a me enganar do que voltar a sofrer como antes sofri.

   È só segunda-feira, e os indices de suicidio nesse dia são altos. Então vou para de me preocupar. Todos têm pensamentos depressivos hoje, porque? Porque é só segunda-feira.

   Me levanto da cama finalmente, incrivelmente não estou atrasado. Mas quero chegar na escola o quanto antes porque Melissa está dormindo, e quando ela acorda so fica enchendo a porra do meu saco.

   Ao bocejar sinto o gosto do mau hálito. Eca. Vou ao banheiro e faço gargarejo por alguns minutos enquanto penso em que vou fazer hoje. Não tomo banho. Apenas visto a primeira calça jeans que vi e coloco logo uma camisa branca. Minha roupa não é exemplar, e felizmente não tenho que ficar usando terno e gravata para dar aulas, odeio esse tipo de roupa.

   Desço as escadas rapidamente e corro em direção a cozinha.

   Tento preparar algumas panquecas mas elas não saem como o esperado, estão todas queimadas, sem exceção. Sinceramente, não sirvo para cozinhar, já fiz alguns cursos de culinária e da ultima vez que eu fui bati o dedo da minha colega na batedeira, ela estava com a mão dentro mas eu não vi e liguei a batedeira.

   Como as "panquecas" em alguns minutos juntamente com um suco de laranja, logo escovo os dentes e entro no carro.

    Um arrepio sobe pelos pés ao sentir o cheiro do perfume de Samantha, é doce, mas ao mesmo tempo apimentado, não sei descrever cheiros.

Coloco o cinto e lembro-me da noite que ela estava aqui comigo, estávamos nos dando bem aquela noite. Lembro-me de mais uma coisa também: prometi a ela que iria dar aulas particulares para o irmão dela. Estou ansioso para isso mas com medo também.

   O tempo passa rápido demais até eu chegar na escola. Estaciono o carro e vou em direção a entrada. Logo vejo uma das amigas de Samantha, acho que ela se chama Alisson, ela está conversando com Dylan no cantinho da parede. Não tem nenhum sinal de Samantha. Cade ela?

  Deixo minhas coisas na sala de professores e vou ao banheiro mijar. Passo em frente ao banheiro feminino e ouço alguem chorando deseperadamente. Tento olhar sorrateiramente para que ninguem perceba minha presença. É Samantha! O que será que aconteceu? Oq é isso no braço dela? Está tudo roxo! Ela cobre o machucado com um pouco de base, que parece mais com massa corrida, e em seguida coloca uma jaqueta.

  Ela para de chorar e vejo que sua boca está machucada também. Ela passa um hidratante com uma expressão de dor e depois limpa o rímel borrado. Vou para o banheiro masculino antes que ela possa me ver. Ouço seus passos se afastando e fico mais calmo. Uso o banheiro, mas ainda com Samantha na minha cabeça.

  Não teve nenhuma aula sequer que eu não estava pensando nela. Ela estava tão distante na aula. Chamei a atenção delas 5 vezes e nem assim ela prestou atenção. Seu olhar era triste e estavam lacrimejando todas as vezes que eu olhei para seu rosto. Quando a aula acabou ela foi a primeira a sair sem ao menos olhar para o meu rosto.

  Já estão todos indo embora e agora preciso acha-la, preciso.

  Vejo sua mochila em meio a multidão. Ultrapasso todos em minha frente até chegar ate ela. Mas alguém chega até ela antes. O babaca do Dylan. Eles ficam ali, se beijando e conversando por uns dez minutos enquanto eu finjo estar lendo um livro encostado no armário. Agora chegou minha vez.

  Esbarro em Samantha de próposito.

"Ah, Oi Samantha, não tinha te visto!" Sorrio.

"Hm.Sei. Oi." Ela franze a testa e continua andando.

"Ei,espera ai! Rabujenta." Ela me encara ainda com a testa franzida. Acho que ela não gostou da brincadeira.

"Oque você quer Aaron?" Ela murmura mais calma.

"So queria perguntar se está de pé hoje." Digo, corado.

"Em algum momento eu cancelei?" Ela arqueia as sobrancelhas. Balanço a cabeça negativamente.

"Então pronto Aaron. Sem complicações. Chegue as seis." Ela dá seu lindo sorriso e joga o cabelo em minha face. Pelo menos uma alegria no meu dia. Embora ela tenha me deixado aqui plantado, conseguiu colocar um sorriso em meu rosto e agora eu vou embora feliz.

   Minha felicidade dura pouco. Vejo alguém conhecido se aproximar.

Notas da autora

Sei que ta bem curtinha pessoal, mas não queria deixar vc sem nada! As provas acabam amanha! Votem e comentem, amo vcs lindinhos!

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