Capítulo 3

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Pov. Mia White

Duas costelas quebradas, um braço recém operado, uma forte pancada na cabeça, uma perna quebrada e sem seus pais. Austin foi induzido ao coma para evitar dores piores durante a cirurgias no seu braço.
Já faz uma semana que minha rotina foi reduzida em passar o dia no hospital,  não consegui ver Austin desde o acidente. Segundo as enfermeiras vou poder vê lo hoje.

Austin fez a última cirurgia no braço hoje cedo e foi levado para o quarto, onde poderei vê lo.
Mesmo ele não estando consciente, preciso vê lo, saber como ele está.

- Parentes de Austin Travor, por favor me acompanhem! - a enfermeira me olhou e seguiu pelos corredores do hospital.

Achei esquisito ninguém vir procurar por Austin depois do acidente, perguntei ao meu pai no dia anterior sobre isso e ele me contou que Austin não devia ter nenhum parente próximo. Saber disso mexeu com algo dentro de mim, me senti intimada a cuidar dele.
A enfermeira para na frente de uma porta e pelo vidro já consigo ver Austin deitado na cama.

- Ele deve acordar dentro de algumas horas, achamos que seria bom se ele tivesse alguém por perto quando dermos a notícia! - ela disse e se virou para sair do quarto.

- Não podem contar agora, por favor esperem ele se estabilizar e eu mesma conto!

- Sem problemas ! - ela saiu e fecho a porta atrás de si.

Andei até Austin, havia um corte em sua testa e alguns cortes pequenos que provavelmente foi culpa do vidro estilhaçado, algumas manchas roxas ainda apareciam em seu rosto e mesmo assim tão machucado e vulnerável, ele ainda etinha seu charme, sua face estava abatida, mas ainda se via as linhas grossas de seu queixo que faziam um formato quadrado e ao mesmo tempo delicado.

Segurei a mão de Austin, a que restará sem muitas feridas, já que seu outro braço sofreu diversas cirurgias, agora ele haveria de se acostumar com uma placa de titânio e alguns parafusos em seu pulso.

Acariciei os cabelos castanhos claros de Austin, como uma mãe faz quando deseja boa noite a um filho, eu não me via como sua mãe, mas de algum modo alguma coisa dentro de mim me fazia sentir que agora meu lugar era ali, o ajudando a sair dessa.

Depois de um tempo ao lado de Austin, me senti cansada e de certo modo aliviada, ansiava por vê lo e agora ele está aqui, não muito bem, mas ainda assim está.
Me sentei no sofá ao lado da cama de Austin e apaguei, não tenho dormido muito bem desde o acidente.

Sonho on
 
Estou subido as escadas da minha casa, estou ansiosa para chegar ao andar de cima, estou gritando :

- Mãe cadê você ?? Eu cheguei!

A escada parecia interminável, quanto mais eu subia, mas degraus pareciam existir.
Quando finalmente chego ao andar de cima , corro até o quarto dos meus pais.
Bato na porta e a abro gritando por minha mãe, ela não está na cama como deveria estar a essa hora. Vejo a porta do banheiro semi aberta e ando até lá, abro a porta e a chamo de novo.

A mão dela está suja de sangue para fora da banheira e há uma das facas de cozinha ensanguentadas no chão perto de sua mão.

Eu grito o mais alto que consigo, mas o som não sai da minha boca. Alguém está gritando mas esse alguém não sou eu.

Sonho off

Abro os olhos e descubro que realmente não era eu, era Austin.
Ele está tentando tirar o soro de seu braço, corro até ele quando uma enfermeira entra no quarto.

- O que eu estou fazendo aqui? Que lugar é esse ? - ele grita desnorteado como alguém perdido no meio de uma multidão.

- Austin você está no hospital, se acalme, por favor! - eu peço mais não funcionou como eu previ.

- Calma querido, você sofreu um acidente, não se lembra? -a enfermeira diz calmamente.

Austin se encosta na cama e faz caretas de quem tenta se lembrar. Ele respira ofegante e me olha.

- Cadê meus pais ? - Austin me encara e em seguida encara a enfermeira.
 
A enfermeira me encara e em seguida diz:
- Sinto muito, mas eles não resistiram ao acidente!

- Como assim? Você está mentindo!  Mia cadê eles?- lágrimas escorrem de seu rosto enquanto ele esbraveja .
Seguro sua mão com força e sussurro um "sinto muito"!

- O que você tá fazendo aqui? Isso tudo é sua culpa! Sua culpa! Se você não tivesse me mandado leva los nada disso estaria acontecendo!  - ele despeja as palavras em cima de mim e aquilo me fere como uma lâmina descendo pela minha garganta.

Ele solta sua mão da minha e despeja mas acusações enquanto eu pego minha bolsa e saio de seu quarto.
Espero no balcão de informações até que a enfermeira volte, estou segurando o choro, a enfermeira se aproxima e diz:

- Acalme se, isso é comum! Logo ele se acostuma, ele está bem mais calmo, por que nao vai pr acasa descansar? Amanhã ele deve ter alta e em casa vocês conversam com calma! - ela acaricia meu ombro enquanto fala.

Eu agradeço, saio do hospital e vou até o estacionamento. Paro de segurar as lágrimas e elas se juntam a água da chuva que escorrem pelo meu rosto, enquanto eu atravesso o imenso pátio, que parece maior ainda, vou a procura do meu carro.

Como ele pode me culpar disso? 

Dirigi o mas rápido que pude, chovia o bastante para embasar os vidros do meu carro, parei o carro assim que vi o prédio onde moro há alguns meses, corri debaixo da chuva até a porta.

As lágrimas ainda escorrem pelo meu rosto,assim como a chuva também cai, escorrego e assim caio no chão.

Talvez realmente seja minha culpa, se não tivesse pedido pra ele levar os pais dele embora, nada disso teria acontecido. Talvez se eu não tivesse emprestado as roupas do meu pai, ele teria ido pra casa mais cedo por conta de sua roupa suja.
Do mesmo jeito que se eu passasse aquele verão com meus pais,se eu não tivesse ido viajar com Caleb, se tivesse dado mais atenção a ela, se eu não discutisse com ela por coisas bobas, ela talvez não se cansaria da vida , talvez estivesse aqui.

Talvez os pais de Austin ainda estivessem aqui.

Talvez minha mãe estivesse aqui.

Talvez seria melhor se eu não existisse.
  
A culpa é minha!








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⏰ Última atualização: Sep 04, 2016 ⏰

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