O Seu Olhar

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Lembro-me como se fosse ontem o dia que nós se conhecemos. A exatamente cinco anos atrás, nós ainda éramos tão jovens, tão frágeis. Consigo lembrar como tudo aconteceu tão rápido, tão espontâneo e tão surpreendente. Jamais imaginei que entraria de cabeça em um amor tão lindo.

Eu sempre me questionava o porquê deu nunca ter encontrado o amor da minha vida e a minha querida mãe sempre dizia que chegaria o momento certo, e eu conheceria alguém perfeito para mim. E esse dia chegou. Ela costumava a dizer que vivemos em tempos, onde o amor sem preconceitos, aquele que fascina e quebra regras é possível, mas poucos são capazes de encontrar sua alma gêmea.

A história de que vou contar a vocês começou exatamente no dia 25 de fevereiro de 2011. O dia que conheci o amor da minha vida, mas isso só foi possível graças a um sonho que eu carregava desde de pequeno comigo.

Com um suspiro, vejo que estou voltando ao dia tão esperado da minha vida, aquele que marcou minha vida para sempre, aquele que sem ele seria impossível conhecer meu amor. Vejo os anos passarem através dos meus olhos. Eu rejuvenescendo, ficando mais jovem. Quando percebo, estou de volta aos meus vinte anos de idade.

***

Acordei naquele dia com uma grande ansiedade implantada dentro de mim, era uma espécie de medo que me afligia demais. Aquele era um dos momentos que mais sonhei e temi durante um ano inteiro. O resultado do vestibular da Faculdade de Medicina de Petrópolis. Depois de um longo ano estudando, se dedicando somente ao meu sonho. A ansiedade era tanta que durante a madrugada acordei três vezes seguidas pensando que tinha amanhecido.

Quando acessei o site da universidade onde estava a lista e vi meu nome, fiquei estático, sem reação, estava aprovado, meu sonho tinha se tornado realidade, eu consegui. Lagrimas desciam do meu rosto, a ansiedade se dissipava e em seu lugar a felicidade tomava conta de mim. Lembro que meus pais vibravam junto comigo. Nós sonhávamos juntos.

Não demorou muito e começou as minhas aulas. Naquele dia 25 era um dia atípico em Petrópolis, tempo nublado e temperatura média de quinze graus, considerada normal para essa cidade. Eu cheguei em cima do horário para aula de anatomia.

Lembro como meus olhos vasculhava com destreza toda extensão do laboratório, procurando um lugar vazio, achei um bem no final da sala, ao lado de uma jovem que de primeira já chamou minha atenção. Deixei meus pensamentos de lado e caminhei entre as cadeiras, sentando ao lado jovem de olhos amendoados e cabelos negros.

A ansiedade pulsava em meu interior, meus olhos examinavam as imagens que retratavam detalhes do tórax e músculos do corpo humano. No fim do laboratório dava para ver os corpos nus, pronto para serem dissecados.

Levei um susto, quando o rapaz ao meu lado falou comigo.

- Oi - ele diz olhando em meus olhos, com um leve sorriso tímido.

- Oi - eu respondo meio que em câmera lenta, retribuindo o sorriso.

Seu sorriso parecia a porta de entrada para o céu, um rasgo de simpatia.

—Nervoso com os cadáveres?

— Um pouco, sabe é meio estranho ver tanto corpos sendo expostos como animais.

— Verdade.

— Meu nome é Enzo, e você Gabriel, certo?

— Como você sabe? – Olhei com uma cara meia assustada.

— Sua ficha de matricula, em cima da sua mesa.

— Ah, sim.

A conversa foi interrompida quando o professor começou a ministrar sua aula, ensinando localizações de órgãos e técnicas de dissecação.

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