A Casa da Rachel

9 2 0
                                    

"Bella, preciso de ajuda com matemática. Vens para minha casa e dás-me explicações?" – pediu Rachel desesperadamente.

"Claro que sim! O Logan também vai?" – eu só espero que ela diga que não. Ele não me inspira confiança e algo me diz que ele não gosta verdadeiramente da Rachel.

"Não, ele tem treino de Lacrosse."

Depois das aulas, eu e a Rachel fomos para casa. É estranho não ir para minha casa depois das aulas, agora tenho amigos e tenho de me habituar. Durante todo o caminho a Rachel veio a falar dos sapatos que viu no centro comercial e que quer imenso comprar.

Deitámo-nos na sua cama e as explicações começaram. A meio do segundo exercício, a Rachel fartou-se e decidiu fazer compras online. O cartão de crédito dela faz mais exercício do que ela.

Depois das compras voltámos a estudar e estudámos durante horas. Até eu já estava a ficar cansada.

"Filha, hoje há jantar de família. Arranja-te!" – avisou a Sr.ª Young.

"Bem, acho que está na hora de me ir embora."

"Fica para me ajudares a escolher a roupa. Por favor." – este pedido não foi muito normal, mas fiquei.

Algo me dizia que ela não queria que eu fosse embora e não era só por causa da roupa. Ficámos uma eternidade a escolher o look. Eu queria uma coisa e a Rachel queria outra e foi muito difícil chegar a um consenso.

"A Bella fica para jantar?" – convidou a Sr.ª Young amavelmente.

"Sim, ela fica." – a Rachel respondeu por mim apressadamente.

Sorri levemente em confirmação e a Srª Young saiu do quarto da filha. Achei aquilo muito estranho e olhei para a Rachel com uma expressão confusa.

"O que é que foi? Tu és minha amiga, as amigas costumam jantar juntas!" – mandei-lhe olhar do tipo "tu não me enganas". – "Pronto está bem. Eu não gosto de estar sozinha com a minha família. Eles são todos espetaculares e acham-se os melhores e eu ainda nem consegui ter um 20 na escola."

"Nem precisas! Tu és perfeita tal como és!" – desde quando é que eu sou tão boa a reconfortar os outros.

Ela deu-me um sorriso e puxou-me pela mão para irmos para a sala. Minutos depois tocaram à porta e era a família da Rachel. Enquanto eu estava na sala a pôr a mesa a Rachel foi fazer a salada.

"Então és amiga da minha prima?!" – perguntou um rapaz alto e extremamente magro.

"Sim, sou a Bella."

"Eu sou o Ryan." – sorri em resposta. – "Nunca te tinha visto por aqui."

"É normal. Eu sou nova aqui." – que observador!

"Vieste de onde?" – tantas perguntas já chateiam, mas eu não quero ser indelicada.

"Dublin, Churchtown" – respondi.

"A sério?! Eu já lá fui!" – disse entusiasmado.

Uma ideia passou-me pela cabeça. Ele pode ser o "assassino". Era mau ser um primo de uma amiga. 'Não sejas paranoica' avisou o meu subconsciente.

"Quando?" – não consegui disfarçar a curiosidade.

"2011. Na altura daquele acidente trágico." – respondeu com indiferença. – "Aquilo é fixe, tem imensas cenas para ver." – sinceramente, não prestei muita atenção ao que ele estava a dizer.

Eu posso estar na mesma casa que o "assassino", eu posso estar a um passo de jantar com a pessoa que causou a morte dos meus amigos, a morte da minha irmã. Eu vou descobrir se é mesmo ele.

"Onde é que estavas nessa noite? A Rachel estava contigo?" – tenho que admitir que parecia uma maníaca.

"Porque é que queres saber?" – agora captei a atenção dele. O Ryan estava confuso.

"Nada, sempre me interessei por este caso. Acho estranho esse acidente, é só isso."- tentei parecer o mais natural possível.

"Ok... Eu estava só com os meus pais e nessa noite nós fomos ao castelo de Malahade."

Ele estava um bocado nervoso. Eu tenho de tirar esta história a limpo. O jantar foi normal, tirando o facto de a família da Rachel não ser... convencional. Reparei que durante todo o jantar o Ryan não parava de olhar para mim, aquele olhar provocou-me arrepios.

"Rachel, eu tenho mesmo de ir." – informei a minha amiga.

"A sério?! Não queres dormir cá?" – pediu desesperadamente.

"Eu queria, mas não posso mesmo. A minha mãe quer dizer-me uma coisa." – menti.

Dei-lhe um beijinho, despedi-me da família Young e sai porta fora. Assim que me afastei da casa liguei para a única pessoa que eu sabia que me iria ouvir.

"Bella, está tudo bem?" – perguntou preocupado e principalmente sobressaltado.

"Sim. Eu só preciso de saber se amanhã podes ir mais cedo para a escola. Eu preciso mesmo de falar contigo."

"Claro que sim. Eu vou mais cedo, sabes onde me encontrar." – respondeu amigavelmente.

"Obrigada. Ficarei à tua espera! Boa noite."

Espero que ele acredite em mim. Neste momento sinto que ele é único que pode ajudar.


Ghosts of the PastOnde histórias criam vida. Descubra agora