28. KATHERINE

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Mantenho minha cabeça erguida, embora esteja evitando olhar em seus olhos. Jeff disse uma vez que Benjamin me olhava com os olhos cheios de amor e brilho. O que encontrei aqui foi frieza, certa indiferença e, talvez, um pouco de arrependimento.

Há pouco mais de duas semanas Benjamin Underwood saiu da minha vida. É estranho perder alguém que ainda está vivo. Acho que dói mais porque ele escolheu partir. Evito demonstrar para mamãe ou para Lucy o meu real estado, forço sorrisos e "eu estou bem" tornou-se a frase mais dita nos últimos dias. Elas sabem que é mentira, mas respeitam meu silêncio.

Quando finalmente chega a hora de dormir, aconchego-me no abraço de Deus e mostro-lhe minha alma, as entranhas do meu coração, as feridas mais viscerais e profundas. Não quero questionar seus meios de agir, no entanto, estou chateada. Ousei ter fé, soltei o leme, entreguei o medo e acabei com um coração partido. Tenho ciência que Deus não é responsável pelas escolhas do Underwood, apenas permissivo. Honestamente, eu só queria entender o porquê de tudo isso.

Por um mísero instante, após deixar a mansão Underwood pela última vez, eu quis acreditar que tudo o que ele fez foi por conta de alguma maldade de Camile Potter ou Kellan Ferris. Talvez, eles pudessem ter tramado algo. Afinal, depois de dois dias sem olhar em seus olhos azuis, a mídia anunciou que Kellan fugiu da prisão. Uma pontinha de esperança surgiu dentro de mim e, apesar de suas últimas palavras duras, passei a cogitar que Benjamin pudesse estar me protegendo de algo.

Ingenuamente, quando procurei seu contato no meu celular — ainda salvo como "Amor" — uma reportagem de um site de fofocas me abriu os olhos. Na madrugada daquele mesmo dia, o CEO Benjamin Underwood foi flagrado saindo de uma badalada boate da cidade. O título da matéria era bem sugestivo: "O homem mais cobiçado de Boston voltou à ativa". Ao longo dos próximos dias, vi várias matérias sobre isso, inclusive algumas que falavam sobre o nosso processo de divórcio e sobre Robert Thompson ser meu pai.

Há uma semana, mamãe e eu nos mudamos, após ficarmos alguns dias com Lucy. Robert queria que morássemos com ele, mas eu não aceitei, então o meu pai insistiu em nos dar uma casa ou um apartamento e assumir as despesas até que eu arranje um emprego.

Continuar trabalhando com Lauren não era uma opção, pois toda vez que eu a olhasse me lembraria de Benjamin e ficaria deprimida. Assim, aceitei a oferta de Robert, desde que não tivesse de escolher coisas extravagantes.

Mamãe e eu retornamos a Bay Village e adquirimos um apartamento, semelhante ao que tínhamos. Aceitei isso por todos os anos que Robert abdicou da paternidade e nos deixou desamparadas.

— Os senhores têm certeza que não desejam sentar e conversar? — o juiz Forbes torna a questionar — talvez possam resolver isso.

— Não, senhor — o Underwood responde de imediato, enquanto limito-me a negar com a cabeça.

— Então... — o homem de cabelos grisalhos suspira — a senhorita Katherine abre mão de todos os bens que herdaria de Benjamin Underwood, em caso de divórcio.

Doutor Roman, o advogado que Robert contratou, me observa e eu assinto.

— Sem objeções, meritíssimo.

Enquanto isso, o Underwood está aos sussurros com seu advogado.

— Meritíssimo, podemos fazer uma pausa, por gentileza? — seu advogado chama a atenção do juiz.

— Nós não podemos terminar isso logo? — pergunto a Dr. Roman, suspirando em frustração.

Não quero permanecer na mesma sala que Benjamin. Não depois de tudo. A pior parte é que eu sinto falta do seu abraço, dos seus beijos, do seu cheiro e de como era gostoso dormir agarrada a ele. Sinto falta de ser sua Frozen.

Primeiro Amor • Livro 1 | Série Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora