05:45 am

p r e l ú d i o

São 5:45 da manhã, o alarme soará daqui a uma hora e quinze minutos.

Eu deveria estar na cama. Deveria estar dormindo para que, quando o relógio me acusasse de preguiçoso, eu pudesse reclamar, me virar sob os lençóis e dormir por mais cinco minutos.

Mas, ao contrário disso, estou no jardim, arremessado sobre a grama alta e as flores que possuem as cores da alvorada.
Tudo porque alguém me disse que eu a perdi - e também a mim mesmo.

Esse alguém pode não saber, mas... Ainda não a perdi. Ainda estou sentindo aquela dor, então ela ainda está aqui. Ainda estou frustrado e inquieto; ela ainda está aqui. Ainda sou perseguido pela insônia - ou estou perseguindo ela. Ainda tomo todo o café da cafeteira para me manter acordado, para pensar, para enlouquecer com um pouco de sanidade, para ainda tê-la. Ela ainda está aqui. Bem aqui dentro. Eu ainda estou aqui para recebê-la quando ela voltar. Ainda estou aqui.