Em uma noite de um inverno rigoroso todas as pessoas de uma pequena cidade, tinham se recolhido mais cedo; não havia guardas ou pessoas por perto para garantir a segurança de todos. Em meio ao que parecia ser um inicio de uma forte nevasca, era possível ver a figura de um homem a distância, ele vestia uma capa completamente preta que cobria todo o seu corpo, e uma longa espada presa no cinto.
A medida que se aproximava, era possível notar uma ferida em uma de sua pernas, o fazendo mancar um pouco, porém isso não o impediu de escalar os muros da cidade sem dificuldade, assim que entrou na cidade caminhou lentamente até a casa mais distante.
Quando, estava bem próximo a porta da casa, despiu sua capa, expondo seus braços fortes cobertos de machucados parecendo que tinha acabado de sair de um luta. Bem próximo ao seu corpo, havia algo como uma bolsa da qual tirou um bebê e o colocou na porta da casa; a criança que estava dormindo ate então, acorda assim que sente o vento gelado batendo em seu rosto e começa a chorar desesperadamente, o homem que a tinha deixado,sente seu coração pesado , embora quisesse leva com sigo não teria como alimenta lá ou dar os cuidados necessários, ele apenas sorri com tristeza e diz:
- vai ficar tudo bem -acariciando o seu rosto - eu não posso ficar com você agora. Mas estará segura minha pequena, o papai vai voltar para te buscar. - Dando lhe um beijo na testa e partiu deixando sua capa como cobertor para a criança.
O homem não sabia nem teria como adivinhar, que estava condenando a pequena criança a uma vida de medo, solidão, desprezo e ausência de carinho.
Que ela sonharia com ele todos os dias e mesmo passando por coisas terríveis durante toda a sua vida, sendo mantida presa em um porão escuro seguiria acreditando nessa promessa "seu pai iria voltar para te buscar"
***
- Acorda fantasminha, esta na hora de trabalhar. - disse uma voz de dar arrepios a quem ouvisse - acorda Fantasma, não vai querer sofrer as consequências?
Fantasma, acorda sentindo aquele hálito de vinho em seu pescoço, seu coração se acelera, seus olhos se encheram de lágrimas, e o desespero começam a tomar conta.
- Não eu não quero, me deixa - diz ao pular da cama e se afastar.O homem que o acordava era o Sr. Loreto, seu dono. Ele se aproximou dela e segura seu braço com força e fala em seu ouvido:
- Chegou a hora, minha mulher não quer me dar filhos você terá que me servir, se quiser comer hoje. - disse com um tom de agressividade.
Ele a joga no chão, e diz:
-Faça o seu trabalho, me deixe saciado.
Fantasma levanta assustada, podia sentir seu corpo tremer, o medo, a insegura, a raiva era algo normal na sua vida, mas ter todos os dias os mesmo pesadelos a assombrando era muita coisa para sua pequena cabeça.
Mesmo tendo um novo dono, mesmo que tal situação nunca mais se repetiu as lembranças permaneciam, o medo não sumia, antes que pudesse controlar a lagrimas escorrem pelo seu rosto.
Ela se senta em sua cama, enxuga as lágrimas dos olhos brancos, e procura no ambiente a sua volta alguma esperança. Mesmo tendo sua deficiência, ela conseguia “ver” a sua maneira, se guiando pelo som, tato, ofato, podia dizer quando alguém mentia, não tinha uma boa intenção, apenas em estar perto. Podia reconhecer as pessoas pelos seus passos, antes mesmo de ouvir sua voz.
Mesmo tal habilidades sendo magníficas, não a ajudavam em nada com na sua busca pela sua história, sobre quem são ou foram os seus pais.
Ela andou pelo porão, tateando as paredes, podia ouvir os passos de sua Ama de leite se aproximando, por um tempo chegou a acreditar que ela era sua mãe, porém essa ilusão não durou muito, deixando em Fantasma um grande vazio, um verdadeiro buraco em sua história.
Quando finalmente encontra a parede que desejava, nela havia marcas dos dias que passaram, e esse era do seu aniversário, 12 invernos como Ama falava. Quase uma moça, mas sem esperança de um dia alguma coisa mudar, de alguém que não sua vida cumpra com sua promessa.
- Tá procurando o que na parede, não esqueça o que ouve na última vez que entrou aí.- Diz Ama vendo a menina
- E hoje? - pergunta Fantasma após contar os dias
- O que e hoje menina? - Ama parecia confusa, mas sabia do que ela falava - Vem comer trouxe um bolo de laranja.
- Hoje e meu aniversário, 12 invernos, não é? - pergunta
- E, parabéns. - responde Ama nervosa
- Como sabe, não me viu nascer? Pode ser outro dia. - retrucou Fantasma, triste.
Ama, fica visivelmente desconfortável, sua respiração mudava, suas mãos suavam sempre evitava as perguntas de Fantasma:
- Sei não gosta dessas perguntas, mas preciso saber, se não e minha mãe, quem é? Quem me deixou aqui? Por que eu não posso sair? - pergunta Fantasma curiosa
Ama respira fundo, podia sentir a raiva exalando de seu corpo, embora sempre muito calma e atenciosa:
- Faz o seguinte, pergunta pro Sr. Adam, quem sabe ele te respnde, ele virar te ver hoje aproveita a oportunidade e pergunta.
Ama sai deixando Fantasma ainda mais frustada, ela se senta e como o bolo deixado. Adam, era um homem de quem Fantasma devia muito, pois em um dia ele salvou sua vida, e a livrou das garras do tao temido Sr Loreto.
Embora a primeira lembrança que Fantasma tenha dele seja particularmente triste...
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Filhos da Noite: A Historia de Fantasma
FantasíaFantasma e deixada ainda recém nascida em na porta da família Loreto, onde e mantida presa em um porão escuro. Após anos de abusos ela consegue fugir com a ajuda de sua antiga Ama de leite. Em busca da verdade sobre seu passado, porém descob...