Na volta para casa todo mundo parecia mais cansado, estavam mais quietos, tinha sido uma ótima tarde de domingo, conseguir ficar mais calma e pensar.
A única solução que cheguei foi que para melhorar todo aquele ambiente infernal era ir embora daquela casa, eu teria paz, ela teria paz, talvez essa seja a melhor decisão, a melhor coisa a fazer.
Chegamos.
Rick me levou em casa, já eram 18 horas da noite, mamãe estava na sala com algumas amigas, entrei sem muito alarme e fui direto para o meu quarto, eu já tinha decidido ir embora, então peguei uma mochila um pouco grande, botei o essencial, alguns pares de roupa, coisas de higiene pessoal, um all- star e um dinheirinho que eu vinha economizando, arrumei tudo direitinho na bolsa, tomei um banho demorado, vestir uma calsa, uma blusa preta e um moletom,coloquei um coturno médio e sentei na cama, fiquei lá por um tempo pensando e esperando ficar tarde da noite para ninguém me ver sair.
Tudo continuava passando em meus olhos como flash, cada palavra, cada machucado...Tudo só fazia eu ter certeza do que fazer, chega! Já tinha sofrido muito nas mãos daquela mulher desde que meu pai morreu, vou para qualquer lugar que seja bem longe daqui, arrumar algum emprego,construir a minha vida, o meu destino...
Não pude deixar também de lembrar tudo que passei de bom nessa casa com o meu pai, com meus outros irmãos... Estava doendo muito, sentir que iria chorar novamente, mas aguentei, a garganta parecia fechar, aquele sintoma de choro engatado em seu peito, uma dor sufocante.
Olhei para o relógio, ainda eram 23: 30, tenho que esperar pelo menos até 1hora da madrugada, para não correr o risco de ser pega saindo de casa, com certeza tentariam me impedir, ou não, já que sou um peso para a minha mãe, a ovelha negra da família, a que não faz nada que preste como ela mesmo diz.
Liguei o notbook, comecei a ver alguns videos de família para passar o tempo, videos da época de criança, quando ainda havia amor naquela casa.
As horas pareciam não passar, fechei o notbook, peguei o violão, comecei a tocar e cantar bem baixinho.
"Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa
aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um
dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba!
Mas nada vai conseguir mudar o que
ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem
Mesmo com tantos motivos pra deixar
tudo como está
Nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa"É uma música do Renato Russo que me remete bons sentimentos, mas também saudades de ser feliz, saudades de uma casa com o amor de meu pai, amor de família que devia ser para sempre e quando percebir, as lágrimas estavam molhando todo o meu rosto, um choro tão desesperador...
Tentei continuar a cantar, não conseguir... As lágrimas eram mais fortes, então me entreguei a elas...
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Autor : Olá leitores, estão gostando da história? Se sim, mandem suas opiniões, votem ,comentem, tudo é muito importante, vamos nos emocionar ainda mais com a história de Cler, escrever isso está sendo muito especial para mim, a cada cápitulo posso sentir as dores de Cler, é como se fosse minhas. Boa leitura.
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Até Nada É Alguma Coisa
CasualeClarice é uma menina de 17 anos que perde o pai em um grave acidente quando ela ainda era criança, desde então Cler(como ela gosta de ser chamada) passa por muitos dramas em sua vida chegando até tentar se matar, pois além de perder o pai que ela am...