Lembranças e encontro

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Eu acordo numa sala branca, eu não sei quem eu sou, minha mente está tão em branco quantos as paredes dessa sala, o que é isso nos meus braços? t-u-b-o-s, eu me lembro dessa palavra, outras palavras me vem em mente: enfermaria, hospital, enfermeira, en-fer-mei-ra, repito em voz alta, uma mulher de branco para a minha frente com uma coisa em mãos. Ela pressiona a têmpora, não, não, algo no seu ouvido, e fala algo.

- A D2-74 acordou senhor. Sim, mandarei um relatório no final da tarde. Sim, reabilitação. Entendido senhor!

Isso me lembra outra palavra, s-o-l-d-a-d-o-s, todas essa respostas com 'senhor' no fim, eu repito em voz alta: -Soldado

- Ora, ora, você está lembrando algo, vejo que o trabalho do Capitol foi bem feito, devo dizer depois daquela pedrada eu não achei que você acordaria falando ou fazendo qualquer movimento.

Minha respiração ficou mais rápida, pe-dra-da, isso me dá medo, começo a me contorcer na cama, a enfermeira grita algo, eu começo a gritar uma palavra que não me lembro o que significa, mas que me faz senti segura, grito até meu pulmões exigirem ar:  - Cato! Cato! Cato, socorro!

Sinto algo sendo injetado nos tubos, algo frio, tudo fica escuro e eu volto para as profundezas de um sono escuro e frio.

***

- Cato! Cato! Cato, socorro!

Essas palavras me tiraram das profundezas do meu sono, C-a-t-o essa palavra tinha um ar tão intimo para mim, levante sobressaltado, estava deitado em uma cama, numa sala branca, muito branca com suportes de soro, saquei logo, enfermaria. Nada passava na minha mente, apenas aquele grito, aquele grito me lembrava algo, eu queria arrancar aqueles tubos do meu braço e correr o mais rápido que eu pudesse antes que fosse tarde demais, era como ter um déjà-vu, eu sentia que aquilo já tinha acontecido e que eu devia impedir dessa vez, uma palavra saiu da minha garganta, saiu como se eu sentisse dor ao dizer: Clove.

Eu tentei levantar da maca, antes que eu colocasse os pés no chão entrou uma mulher usando branco, enfermeira.

- D2-74 acordado. – ela falou pressionado um comunicador no ouvido. - Ahãm? Não sei, ele ainda não tentou se comunicar, apenas está... – ela me encarou –  está tentando se levantar da cama, tsc, permaneça deitado ou ao menos sentado, por favor.

Eu apenas sentei e fiquei a observando por um tempo, então de novo senti necessidade de falar, falar aquela palavra, ou seria um nome?

- Clove – disse olhando para a porta.

Ela me olhou com os olhos que mostravam susto e admiração e pressionou novamente o comunicador com um sorriso e disse:

- Parece que o Capitol não conseguiu tirar tudo deles Presidente Plutarch, sim, sim, o quê? A menina também? Levarei o D2-74 para a sala de exames agora, temos que ver se a pele cultivada se adaptou bem, mandarei o relatório assim que acabar.

Ela me olhou novamente, se aproximou e começou a tirar agulhas dos tubos no meu braço e falando durante o processo.

- A menina do seu distrito também foi reiniciada, ela acordou a pouco e ficou gritando feito louca, acho que gritou o seu nome pelo que disseram, Clove certo? Sim, você estava falando o nome dela agora pouco, você se lembra dela? – balancei a cabeça que não, lembrava desse nome, mas não tinha uma imagem para ele, só um sentimento de proteção em relação a ele, eu tinha que proteger a garota do meu distrito? – Sua família vai ser avisada que você ainda está vivo, alguns não tiveram a mesma sorte, principalmente os que jogaram a edição 75ª, os tributos do 4 foram totalmente perdidos, principalmente o feminino, estava irreconhecível – o corpo da enfermeira tremeu ao falar isso. – E o tributo do D11-74 quase não foi reiniciado, rapaz, você fez um trabalho horrível, mas incrível, naquele tributo.

Cartas para você - Cato e CloveOnde histórias criam vida. Descubra agora