O Feitiço da Lua

Capítulo VII "A noite"

A noite chega, e Ada está mais que ansiosa, dentro da carruagem que Thomas havia deixado reservado para leva-la até sua casa, mesmo que o cocheiro tivesse que esperar a noite toda para isso.

Já tinha tentado de tudo, durante todo o dia, ficar calma, passou horas se arrumando, se perfumando, trocou de roupa várias vezes, fez vários penteados nos cabelos, nada parecia estar bom o suficiente para ela. Estava tão agitada, que não conseguia ficar parada, sem se mexer, quase não comeu o dia todo, tudo que colocava na boca, ficava entalado em sua garganta.

Acabou por colocar o vestido lindo que usara na festa, mas em vez de fazer um coque nos cabelos, deixou-os soltos, caindo em suas costas, estava linda, mas não se achava bonita, comparada a beleza de Thomas, se achava simples, comum, nada de belo e exótico, como era a sua linda esposa já falecida. Não sabia o que ele havia visto nela, que o agradara tanto, tinha tantas moças belas, novas e de posição melhor na sociedade, e ele nunca olhara para nenhuma delas. O que ela tinha de especial? O que ela tinha que o agradara tanto desde o primeiro dia?

Mas apesar de todas as suas dúvidas, no fundo sabia que eles estavam destinados a estar juntos, como se amor que nasceu entre eles, já estivesse gravado em suas almas a muito tempo, um amor assim, tão forte e grande como o infinito universo, nada pode destruir, nem aparência física, nem posição social, nem o tempo ou mesmo a morte, porque o que sentimos dentro de nossas almas, levamos conosco, para onde formos, para a eternidade da vida, após a vida e para sempre.

E com esse sentimento Ada foi se encontrar com Thomas, sabendo que esta noite mudaria para sempre sua vida, tinha certeza que hoje seria definitivo, com certeza a vida dos dois, mudaria para sempre. Ao chegar, um serviçal, muito bem arrumado, a estava esperando na porta, a levou até a sala de jantar, que estava muito bem decorada, a mesa posta, com castiçais de velas e flores exóticas por sobre uma toalha branca linda, e Thomas em pé, com um sorriso lindo no rosto e muito elegantemente vestido em preto, que era a cor que o deixava ainda mais lindo. Ao vê-la, aproximou-se, pegando sua mão e beijando, foi dizendo muito emocionado:

- Srta. Ada! Você está linda! - respirou bem fundo - Estou extremamente feliz em vê-la aqui esta noite, obrigado por brindar-me com sua presença!

- Você também está lindo Thomas! Tudo está lindo, obrigada por me convidar... - não deu tempo de ela acabar de agradecê-lo, ele a pegou em seus braços, e a beijou profundamente. E quando ambos estavam sem fôlego, ele a levou para a mesa, puxou sua cadeira, esperou que ela se sentasse, deu um leve beijo em sua testa, e sentou-se ao lado dela, ainda segurando suas mãos.

- Querida, estava muito ansioso, para encontrá-la, temos muito o que falar, mas vamos ter um jantar maravilhoso antes. Quero aproveitar cada segundo em que a senhorita vai estar aqui comigo - e pegando sua taça com vinho, brindou:

- Ao amor! ...Ao nosso encontro! ...A vida! ...A nós!

Ada, retribuiu o brinde, muito ruborizada e com o coração batendo tão forte dentro do seu peito, como se fosse sair pela boca se ela dissesse qualquer coisa, só o olhou com admiração, estima e grande amor.

Jantaram calmamente, beberam mais vinho, conversaram sobre coisas corriqueiras, sobre Milla. Ada contou a Thomas, sua infância, o nascimento das irmãs, a morte dos pais, o carinho pelo Sr. Athos e a Sra. Safira, como conseguiu cuidar e educar as irmãs, sozinha, enquanto cresciam, contou praticamente tudo de sua vida, para um Thomas, boquiaberto de tanto orgulho, que estava sentindo neste momento, desta jovem a sua frente.

Ele sabia que ela era uma valorosa e virtuosa mulher, mas ouvindo sua história, agora de seus próprios lábios, tornou tudo maior aos olhos de Thomas. Viu que grande força ela possuía dentro de si, quanta coragem e determinação que teve para cuidar das irmãs, em como ela era maravilhosa e ainda por cima de tudo isso, linda, e o mais importante, parecia amá-lo com todo o seu coração.