Capítulo 27

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"Não vou conseguir fazer você feliz, nunca vamos ser felizes juntos."



Suspirei me sentando no sofá.

- Por favor, não me obrigue a falar disso. Eu te pedi pra não ficar me fazendo perguntas.

- Se não quer que eu saiba da sua vida, ou se não quer me falar da sua vida, não deveria me manter aqui no seu apartamento. Não deveria deixar sua caixa de e-mail aberta.

- Eu não sabia que você ia entrar e mexer no meu computador. - ataquei, olhando-a de cara feia.

- Não era minha intenção, entrei aqui te procurando e fiquei curiosa pra saber o que você estava fazendo. Mas tudo bem, eu desisto! Faz uma coisa, demarque em que pontos do seu apartamento eu posso andar, eu odiaria trombar com mais alguma coisa desse tipo. - Anahí apontou o computador e me deu as costas.

Quando ela me deixou sozinho no escritório, cerrei os punhos e respirei fundo, me sentindo a pior pessoa do mundo. No fundo eu sabia que ela realmente se preocupava comigo, mas era tão difícil falar disso, do meu passado, despertava tanta coisa em mim. Raiva, ódio, indignação, dor, desespero, tanta coisa junto que chegava a confundir minha cabeça.

Levantei do sofá e fui atrás dela, o medo de que ela fosse embora do apartamento, que cumprisse a ameaçava falou mais alto. E como eu disse à Anahí uma vez, não podemos mudar o que nos aconteceu no passado, mas podemos evitar o que irá nos acontecer no futuro, e a última coisa que eu queria pro meu futuro era ficar sem ela. Por sorte encontrei Anahí no quarto, mexendo na bolsa que Dulce havia trazido.

- Você estava certa!

Anahí se virou, se dando conta da minha presença.

- O e-mail é da minha mãe, se bem que de mãe ela não tem nada, ela apenas me colocou no mundo. Aquele "com amor" que ela deixou, é sua forma peculiar de zombar de mim. - esclareci com desgosto.

- Por que zombar de você? - ela me encarou sem entender.

- Porque ela é incapaz de me amar Anahí, aquele "com amor" que você viu, é sua forma irônica de dizer que nunca vai poder gostar de mim.

- Mas... Como pode uma mãe não amar o filho? Eu sei que sempre há problemas entre pais e filhos, eu brigava direto com meus pais, mas... O amor nasce no minuto em que você descobre que ta esperando um bebê. Pra você nunca falar dela e vocês serem distantes assim, eu imagino que as coisas são difíceis, mas eu tenho certeza que ela ama você.

- Não ama Anahí, ela teria me abortado se tivessem deixado. - respondi não aguentando segurar aquilo, ela precisava entender. - Ela já me disse isso incontáveis vezes.

- Aposto que foi em momentos que ela estava com raiva, eu tenho certeza que ela ama você, que sente falta de conviver com você. Foi ela que você foi visitar nessa viagem? Vocês tiveram uma briga feia, por isso você voltou todo furioso, foi isso não foi?

A ingenuidade dela acabou me fazendo rir.

- Você é péssima em deduzir as coisas sabia? Acredite em mim, aquela mulher pode sentir qualquer coisa por mim, menos amor.

- Eu não entendo porque você ta falando assim.

- Você amaria um monstro, ou o fruto de um monstro. - a encarei.

- Lá vem você outra vez com essa história de monstro, você não é um monstro Alfonso.

- Eu sou filho de um estuprador Anahí!

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