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"Estão todos prontos?" – O meu pai pergunta ao abrir a bagageira do carro.

"Meninos, despachem-se vamos perder o avião." – A minha mãe diz, dirigindo a sua voz para o cimo das escadas onde os meus irmãos se encontram.

As aulas acabaram e agora, finalmente é tempo de descansar. Nem acredito que acabei o secundário, foram três anos da minha vida sem parar de estudar, eu tinha de ser a melhor, tinha de ter as melhores notas, o meu pai estava a contar com isso da minha parte e eu não o podia desiludir, e graças a deus eu consegui.

"Estamos aqui" – O meu irmão mais velho, Edward, diz ao descer as escadas carregado da sua bagagem e da sua esposa, Mia.

"Brooklyn" – A minha mãe grita para o meu irmão mais novo, tem apenas 15 anos, acabou este ano o ensino básico e no fim do verão irá frequentar a minha antiga escola, East High School, em Nova Iorque.

"Filha" – O meu pai diz ao aproximar-se de mim, já sentada na carrinha que nos ia levar ao aeroporto.

"Sim, pai." – Digo tirando os meus auriculares dos ouvidos.

"Estive a falar com uns amigos da universidade de Boston e é quase certo de que vais entrar, quer dizer, é mesmo certo." – Ele diz sorrindo de orelha a orelha.

"Mas... Como é que o pai pode ter tanta certeza?" – Digo surpresa.

"Bom isso não importa. O que importa é que vai andar na mesma universidade em que eu e o seu avô nos formamos, e eu estou muito orgulhoso de si.

"Já estou aqui, podemos ir?" – Brooklyn  entra na carrinha com o seu mau humor matinal de sempre.

As férias de família são sempre assim, uma agitação, se é isto que se pode chamar. O meu pai dá-me um sorriso e vai verificar a bagagem fechando de seguida a mala da carrinha fazendo esta estremecer. Edward e Mia a sua esposa estão sentados ao meu lado de mão dada, o meu pai acaba de se sentar no lugar de condutor assim como a minha mãe ao seu lado, John encontra-se atrás de nós, nos últimos bancos desta carrinha sozinho como sempre e perdido no seu telemóvel.

"Portland aqui vamos nós!" – O meu pai diz alto ao mesmo tempo que o motor da carrinha se faz ouvir.

Sorriu para mim mesma, aposto que estas férias vão ser diferentes de todas as outras. São as primeiras férias em que tenho oficialmente 18 anos e para mais, Kate, a minha melhor amiga, também vai estar presente. Mal posso esperar ...
Ao mesmo tempo que penso na minha melhor amiga o meu telemóvel vibra, fazendo a música que estava a ouvir desligar-se. Era Kate, a avisar que já se encontrara no aeroporto à nossa espera. Não perco tempo a avisar o meu pai que acelere um pouco.

A viagem é curta desde a nossa casa em Nova Iorque ate ao aeroporto John F. Kannedy. Observo as ruas sempre cheias de Nova Iorque e tenho uma sensação esquisita de que não voltarei aqui tao cedo, e realmente é verdade, quando for para Boston as rotinas a que estou habituada aqui vão desaparecer.

"Ah não acredito." – Acordo dos meus pensamentos quando ouço o meu pai gritar e levantar os braços no ar.

"O que se passa?" – Pergunto, retirando os auscultadores dos meus ouvidos.

"Um acidente" –  Bufa.

Enrolo os meus auscultadores e guardo-os na minha mala, não estava a ouvir de qualquer das maneiras.

"E agora?" – Pergunto. "Vamos perder o avião?"

"Espero que não." – O meu pai diz e carrega na buzina com toda a sua fúria.

Observo toda a agitação que se encontra à nossa volta, a Ponte de Brooklyn está completamente entupida e um grande buzinão se faz ouvir.

"Não adianta buzinar, ok? Podem deixar-me ouvir musica?" – Brooklyn refila no banco de trás, mas ninguém lhe responde.

"O voo parte daqui a duas horas." – A minha mãe avisa. "Sarah, talvez seja melhor avisar Kate que estamos atrasados."

"Sim, eu aviso." – Digo e desbloqueio o meu telemóvel.

Passaram uns 15 minutos sem ninguém dizer nada. Já estou a ficar aborrecida, todos os dias é uma trabalheira para chegar a algum lado, transito, acidentes, sabe-se lá mais o que. Estou desejosa de sair daqui e viver um pouco de tranquilidade.

"Já estão a retirar os carros." – O meu pai grita.

"Graças a deus." – A minha mãe diz pondo os braços no ar.

Assim que os carros começam a andar á nossa frente, respiro de alivio. Ainda temos uns 20 minutos até ao aeroporto mas tenho a certeza de que vamos chegar a tempo.

(...)

"Retirem a bagagem e vão andando para o Chek-In, eu vou estacionar e já vou ter com vocês." – O pai diz.

Assim que saímos da carrinha, um dos empregados do aeroporto como é costume, dirige-se ate nós acompanhados de um carrinho de ferro que vai transportar as nossas malas ate ao balcão do Chek-In.

"Muito obrigada." – A minha mãe agradece ao rapaz, e dá-lhe uma nota como gorjeta .

Empurro o nosso carrinho pelos corredores do aeroporto, ao mesmo tempo que procuro pela cara familiar da minha querida Kate.
Passado uns minutos a andar por este enorme aeroporto, avisto a minha amiga sentada nuns bancos de madeira, com uma cara um tanto aborrecida e corro ate ela.

"Kate" – Grito assim que tenho a certeza de que ela me consegue ouvir.

A sua cabeça rota na minha direcção e a sua expressão muda completamente, consigo ver os seus dentes brancos aparecerem na sua boca.

"Sarah, estava a pensar que não iriamos conseguir apanhar o avião." – Ela diz ao mesmo tempo que me abraça.

"Ainda temos uns minutos, vamos." – Tranquilizo-a enquanto a dirijo até à minha família que já se encontra na fila para o Chek-In.

"Olá minha querida." – A minha mãe cumprimenta Kate assim como os meus irmãos.

Duas pessoas restavam à nossa frente para finalmente podermos ir para o avião que nos iria levar para Portland, a nossa casa de férias. Todas as minhas férias em criança foram feitas em Portland, mas desde que o avô partiu, o meu pai não consegue lá ir, afinal de contas foi nesta casa que o meu pai cresceu com os meus avos e é difícil para ele recordar esses momentos, mas com a nossa ajuda o pai está melhor e pronto para enfrentar este obstáculo, afinal ainda nos tem a nos para o ajudar.

"Pai." – Grito e aceno ao avistar o meu pai a uns metros de nós à nossa procura. Vejo-o sorrir e ai percebo que já nos havia visto.

"Mesmo a tempo." – Ele diz. "Não encontrava estacionamento em lado nenhum."

"Agora já podes respirar querido." – A minha mãe diz ao percebe a velocidade com que o meu pai falava.

"Sim agora finalmente podemos descansar. As nossas férias estão a começar."


Trust Me ✘Where stories live. Discover now