Meu irmão me arranja um emprego

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A noite foi pesada. Eu me deitei e apaguei completamente. Afinal, casta cinco, trabalho excessivamente excessivo.
Para uma garota, os serviços eram limpeza nas casas de castas
superiores. Para os homens, a manutenção dessas mesmas casas. E limpar, em média,
cinco mansões enormes da casta dois deixava qualquer um acabado.
Claro, idosos não
trabalhavam, mas a sua única condição era ter um filho para o trabalho inativo do idoso
ser recompensado pelo trabalho de seu herdeiro.

Havia tempo que não limpava a casa do senhor Painberly. Ela era um velho muito agradável. Ele era viúvo, sua casa havia sido invadida e sequestraram a socialite, sua
esposa, quando jovem, e ele não viu nada.
Para ser sincera, imaginei milhares de vezes a cena, desde o sequestro até a chegada dele em sua casa, e não ver sua amada. Ele era um velho apaixonado.

Eu queria que algo assim acontecesse comigo. Não o sequestro de quem eu amava, mas ser tão apaixonada quanto o senhor Painberly. Bem que gostaria de alguém, feliz, bonito e
inteligente, mas os garotos da minha casta, não são do tipo "normais" e "agradáveis".

Quando acordei, eu fui direto para a cozinha. Passei pelo quarto de Black, Justin, Purple e
Anne no corredor estreito. Eles eram meus irmãos e eu era a mais velha, exceto Black, que
tinha a minha idade. Justin tinha quatorze, Purple tinha doze e Anne, nove.
Black e Justin dividiam o mesmo quarto, Purple e Anne faziam o mesmo. Eu era a única
que tinha um quarto só meu.
A decoração era a mesma em todos os quartos. Na verdade, para todos cômodos. Móveis
de madeira polida e um pequeno televisor, que indicava notícias, seu estado de saúde,
imagens do reino, e em razões especiais, discursos politicamente importantes.
Eu cheguei à cozinha, Black lia o jornal com a mão esquerda e, na direita uma caneca de
cerâmica verde clara. Suéter cinza e um jeans preto limpo. Ele não tinha que acordar cedo,
trabalhar tão arduamente quanto nós. Ele era um Escolhido. Á cada família, um membro
sortudo era sorteado e se tornava um Escolhido, que podia realizar seu sonho, teria o
trabalho que sempre quis, não precisava seguir normas de vestimenta, acordava quando
queria e recebia um bilhão em moedas que não poderia dividir com ninguém.
Sempre perguntei á minha mãe qual era o motivo da oferta do governo. Ela dizia "O
governo ficou com peso na consciência, sabe? Não pense que dividir o mundo em castas
deixou toda a população feliz."
Eu não sei porque eu decorei essa frase. Acho que porque pensei que, se um dia, eu me
rebelasse, diria isso o rei, frente á frente.
Assim que eu cheguei na cozinha, Black me recebeu com um sorriso largo, sem mostrar os
dentes. Era isso que eu amava nele. Nossas conversas, conselhos, madrugadas amigáveis
ao lado dele. Eu sabia que nele eu podia confiar.
- Bom dia!- disse ele, com completa sintonia entre eles e seus olhos castanhos
profundos.- Dormiu bem?
- Pode se dizer que sim.- eu continuei - E a mãe e o pai?
- Saíram mais cedo.
- Como assim?- eu disse, em desespero.
-Calma, Jus. - era o apelido dele para o meu nome, Justine, minha mãe escolheu esse nome
de um personagem de um livro, ela lia muito quando jovem .- Eu vou com você.- ele disse
lentamente e em um tom apaziguador.
- Porque?
- Eles tiveram uma reunião com a senhorita Bon e me pediram para lhe acompanhar ao
palácio.
- Ao palácio?
- Eles esqueceram de te falar, você fará limpeza nas Três Salas do Reino.

As Três Salas do Reino eram os três aposentos reais mais importantes do palácio: A Sala de
Reunião, onde eram realizadas as maiores reuniões entre duques, barões e reis de reinos
vizinhos, a Sala da Vida, que era o aposento que apenas a Família Real para descanso e a
Sala do Trono, onde se encontravam os tronos de Haren, Grace, Will e Lana.
- Como assim? Eu nunca fui escalada para a limpeza de lá.- eu disse em desespero, só que
no fundo, eu estava louca para estar naquele palácio misterioso. - Apenas criadas
trabalham lá.
- Amorzinho, - ele me chamava assim quando iria se gabar, era muito previsível. - Eu sou
Black Wild, e você Justine Wild. Nós somos Wild. Somos ágeis e inteligentes.
- Aonde você quer chegar, Black?
- Eu consegui o emprego fixo para você lá. Pronto, falei. Não precisa agradecer.
- Como assim? Conviver com a Lana?
A Princesa Lana era realmente muito esnobe. Sempre com joias e coroas extravagantes.
Em todas as entrevistas, sempre se gabando, dizendo como era "caridosa" e "humilde".
- Ei! Eu conheci a Lana, ok? Ela não é tão má como pensam.
- Certo. Não vamos discutir, mas acho que você poderia falar comigo, afinal, o trabalho é
meu não?
- Oh, me desculpe senhorita Wild. - ele disse sarcasticamente - Se você quiser, ligo para
meu amigo Will e você se demite.
- Não! - eu disse quase gritando - Tudo certo, que horas chegamos lá? - disse com um
grande sorriso falso.
- São sete e meia. Marquei ás oito e quinze em ponto com o barão Billion.
- Certo. Vou comer e me arrumar.
Eu realmente morri de ansiedade enquanto fazia minhas duas obrigações que falei para
Black. Comi excessivamente, pois pareceria uma mendiga da casta oito pedindo comida
para o barão. Tentei ficar o mais bonita possível num traje de faxineira, e assumo que foi
difícil.
A vestimenta era um moletom cinza, uma calça jeans branca e um tênis preto simples. Não
era permitido nenhum tipo de vaidade ou expressão pessoal, nem ao menos brincos e
acessórios e maquiagem. Cabelo devidamente preso em um coque, sem fios soltos.
Depois dos meus quinze minutos exatos de arrumação, dei uma olhada no espelho, para
conferir se meu traje estava devidamente permitido.
Sim, ele estava. Meus cabelos ruivos bem claros presos em um coque perfeito, roupas
alisadas e sapatilhas impecáveis. Estava pronta.
Fui ver se meu irmão estava pronto.
Sim, ele realmente estava pronto.
Quando saí do meu quarto, passei pelo corredor e o encontrei na sala. Ele abotoava um
único botão de seu blazer preto. Usava uma camisa branca limpa e uma calça cáqui,
acompanhando o blazer.
- Nossa! - eu disse admirada - Como meu irmão está bonito! Será que ele vai fazer uma
visita para a sua amada Princesa Lana?
- Eu já disse que Lana e eu somos apenas amigos. E obrigado, Justine.
- Sim, já esclareci minha dúvida. Ele vai ver a Lana. Está até falando tão educadamente. -
Destaquei a última palavra para irritá-lo.
- Sem graça. Vamos o motorista já está chegando.
Eu não tinha motorista. Todas as pessoas que iriam prestar serviço ao reino, recebiam o
luxo de ser buscado por um motorista real, numa limusine, independentemente de sua casta.
Quando saí pela porta principal e cheguei na calçada em frente á minha casa, contemplei a
igualdade irritante das moradias da minha casta e o céu branco de inverno.
Olhei para o meu lado direito, e Black estava em uma ligação importante, no celular, pelo
que percebi um assunto importante. E quando voltei meu olhar para a rua, lá estava a
limusine cromada preta real. Uau, pouca exibição desse Rei Haden.
Logo, Black desligou o celular e olhamos fixamente para o motorista, que provavelmente
checava o monitor do carro. Logo, ele percebeu e fez um sinal para que entrássemos.
Quando entramos, ele não disse nada, ficou calado, extremamente concentrado no
caminho para o palácio.
- Jus, você sabe oque fazer, não? - meu irmão havia quebrado o silêncio.
- Claro. - eu respondi - Limpar, apenas
- Justine, - ele disse insatisfeito com a minha resposta - não é só uma limpeza qualquer.
Esse é seu teste, para trabalho fixo. As criadas do palácio são mais bem pagas do que as
das castas.
Eu assumo que Black, ás vezes, é bem metido por ser um Escolhido. Se não fosse por isso,
seria tão ralé, quanto eu e eu odiava quando menosprezava o meu trabalho. Foi uma sorte
para ele ser Escolhido. Ele não batalhou um segundo para conseguir o que tinha, nada.
- Black, - daquela vez, eu me estressei. - Quem vai passar a tarde inteira limpando o
palácio, sou eu. Quem vai desenhar plantas de casas incríveis é você.
Ele escolheu Arquitetura, como emprego, e assumo que ele é extremamente bom no que
faz.
- Me desculpe, Justine.
- Ótimo - eu resmunguei.
Ao chegarmos nos portões do palácio, eu desci pela porta esquerda, quando o carro parou,
e Black, pela direita.
- Black Julian Wild. Essa é minha irmã Justine Florence Wild. - ele disse para o guarda
maior, que aparentava ser o chefe do pequeno grupo.
- Só um momento. - E assim, ele fez contato com alguém dentro dos portões seguros, que
logo os abriu.
O palácio, que todo dia, deitada na minha, imaginava, estava nítido na minha frente. O
grande jardim, com flores, plantas e árvores, totalmente diferentes dos simples pinheiros
da minha casta. Aquela magnífica construção de cristal, estava á centímetros de mim.
Á frente, depois do caminho de pedra, que cruzava o jardim extenso, havia uma porta
dupla de vidro, onde mais dois guardas acampavam. Eles logo abriram a porta.

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⏰ Última atualização: Sep 04, 2016 ⏰

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