49. Voltando a ser eu.

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Izabella

Devo ter ficado muito burra quando me apaixonei. Deixei meu pai casar, ajudei a mulher dele a matar as pessoas que prejudicaram a família dela, perdi meu melhor amigo pra uma biscate amiga da mulher do meu pai e não consigo mais mandar na minha relação com o Aron. Sabe, agora eu daria tudo pra romper de verdade essa merda de contrato, no entanto, foi eu quem quis isso novamente. Ele sai, resolve as coisas da empresa do meu pai, é o advogado da prima e resolve tudo com relação aos negócios dela e na maioria das vezes quando volta pra casa não me procura. Não digo no sentido de me encontrar ou me ligar, é mais no sentido cama mesmo, parece que já não sou a gostosa que deixava ele louco de tesão.

Meu pai ligou a pouco, disse que precisa de mim em um trabalho novo. Mesmo depois de casado ele mantém os próprios negócios, a Nataly só pede que ele tome cuidado e volte inteiro e vivo. Gosto disso nela. Ela voltou a trabalhar na concessionária e agora ensina pole dance na academia de artes que inaugurou recentemente com as amigas. Acho legal e sem ninguém saber já fiz umas poucas aulas com ela, acho que ela percebeu o clima de indiferença entre o Aron e eu, e sei que mesmo sendo uma mulher mais comum ela quer a felicidade de todos ao redor, o que inclui a minha. Sempre fui o tipo mulher fatal, mas nos últimos meses não tem dado muito certo isso.

Claro que quando o Ângelo propôs o rompimento da nossa sociedade eu quase matei aquele cretino, ele se deixou transformar num banana por causa da mulher, isso nem de longe é o amigo que eu sempre tive. Meu irmão mais velho sempre foi mais ligado nos próprios negócios, ele gosta de construir e reformar, e posso afirmar que sempre trabalhou muito bem com esse tipo de coisa. Esses dois meses antes do casamento do Ângelo me mostraram um Aron diferente do qual eu me apaixonei, agora eu vejo muito do meu pai nele, mas o que eu mais vejo é o lado frio e calculista. Somos casados de modo não convencional e isso de certa forma esfriou e muito a nossa relação. Estou no escritório da casa do meu pai - sim cada do meu pai, se são casados legalmente, tudo o que eles tinham ou estão construindo pertence aos dois - esperando ele me falar sobre o novo trabalho. Não gosto muito de vir aqui, me sinto deslocada, como se mais ninguém me amasse.

- Posso falar com você Izabella, antes que o Tony chegue? - ultimamente tenho conversado quase sempre com a Nataly, e bom, não é de todo ruim assim como eu achava.

- Se for sobre o aniversário dos monstrinhos, não quero saber...

- Sem pedras na mão, ok? - concordei e ela trancou a porta depois que entrou - Sei que não é da minha conta, mas percebi o quanto você tá infeliz com o contrato entre você e o Aron - não é mesmo da conta dela - mesmo assim quero te dar uma dica, aceite se quiser... (suspirou) meu primo se apaixonou por uma mulher bandida e destemida, e a mulher que eu vejo hoje em você não é a mesma que me dava medo... nunca pensei que eu fosse chegar a esse ponto, mas você não faz o tipo dona de casa, tão pouco o tipo que acata ordens, por isso quero que você volte a ser a Izabella de antes - ficou louca de vez - pesquisei umas coisas interessantes, pedras, jóias, coisas do tipo, estão todas na gaveta ao seu lado esquerdo em uma pasta verde - olhei na gaveta e peguei a tal pasta - falei com o Ângelo e com a Talia, e ambos concordam que não há motivos para o fim da sociedade de vocês como ele propôs. A D. Helga anda meio... - pensou um pouco acho que procurando o termo certo - calma de mais, acho que por causa do fato de ser avó novamente...

- Onde você quer chegar, odeio seus rodeios. Seja mais direta.

- Quero voltar a arriscar a minha vida como no começo, quero esse carregamento de pedras preciosas não lapidadas, não me chame de louca, mas depois de tudo o que aprendi com você, ficar trancada um dia inteiro num escritório não tem a mesma graça do que antes, quando do nada você ligava pedindo pra eu arrumar tudo pra viajar no mesmo dia. Entende?

Rox Drinking (REPOSTADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora