6.

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Ele...

— Precisamos conversar! — eu não havia ouvido a aproximação de Dafne, às vezes ela era silenciosa como um gato e eu estava distraído, consequentemente acabei levando um susto.
  — O que houve? — perguntei observando-a se sentar ao meu lado às margens do riacho.
  — Franz e o general foram até a minha casa ontem à noite, — falou ela — Franz pediu minha mão e meu pai concedeu... — olhei para ela surpreso, Franz já dera várias provas de que odiava Dafne e a mim, portanto não fazia sentido que ele a pedisse em casamento — O general propôs que o casamento seja daqui alguns anos... — Dafne parecia angustiada, era óbvio que estava com medo do inferno que sua vida viraria quando fosse a esposa de Franz e até mesmo eu fiquei com um misto de emoções em meu peito, logo Dafne se virou para mim como se tivesse acabado de ter uma ideia e disse desesperada — Arthur, você tem que conversar com meu pai, tem que dizer à ele que já éramos noivos antes mesmo de Franz pensar em me pedir em casamento...
  — Dafne, eu... — ela me encarava com seus grandes olhos suplicantes que me fizeram dizer após soltar um longo suspiro —  vou conversar com seu pai imediatamente.
  Dafne sorriu e se colocou de pé, ficamos calados durante todo o caminhada até o campo onde seu pai plantava e colhia flores para vender, nós o encontramos colhendo rosas vermelhas que ele provavelmente daria à senhora Rolfe em um belo ramalhete e eu disse ao nos aproximarmos:
  — Senhor Rolfe, Dafne me contou que Franz a pediu em casamento mas... — olhei para o pai dela que me fitava com os olhos intrigados, provavelmente estava querendo descobrir o que um garotinho de sete anos e meio teria à ver com o casamento de sua filha... — Dafne não pode se casar com Franz pois eu já a pedi em casamento, e ela aceitou.
  O senhor Rolfe passou um bom tempo nos encarando, durante todo esse tempo fiquei imaginando o que se passava pela cabeça dele, era mais que óbvio que ele não permitiria nosso casamento, na verdade nenhum pai concederia sua filha à um garoto sem pai criado por uma mãe solteira...
  — Subam na carroça. — disse ele sem esboçar nenhuma reação.
  Fizemos o que ele mandou e o senhor Rolfe guiou a carroça até sua casa no meio do bosque, ele ainda não havia dito nenhuma palavra e Dafne e eu o seguimos para dentro da casa, já na sala pequena e aconchegante a senhora Rolfe olhou confusa para o marido e disse:
  — Heitor? O que faz aqui à essa hora?
  — Onde está Tristan? — Tristan veio da cozinha e olhou para o senhor Rolfe, eu conhecia aquele olhar, ele havia feito algo que sabia que o encrencaria e agora achava que seu pai havia descoberto — Tristan meu filho, este rapaz, o senhor Arthur Wayland, está pedindo sua irmã Dafne em casamento, você aprova isso?
  — Heitor, — disse a senhora Rolfe — Dafne ja está noiva de...
  — Jasmim querida, Tristan e eu iremos resolver isso, não se preocupe — o tom severo do senhor Rolfe havia desaparecido por completo e ele se voltou novamente para o filho — E então Tristan, você concorda que sua irmã se case com Arthur? Abençoa essa união?
  — Sim! — respondeu Tristan.
  — Bem, — disse o senhor Rolfe se voltando para nós — se Tristan concorda com esse casamento, então não vejo motivos para não concordar...

※ ※ ※

Acordei com Gwen dormindo em meus braços e passei um longo tempo contemplando sua face serena e adormecida, seus olhos levemente cerrados passavam a ideia de que ela estava completamente em paz e em seus lábios havia um sorriso que provavelmente era a consequência de um sonho feliz... Fiquei completamente hipnotizado pela bela que estava adormecida em meus braços e como se minha mão houvesse criado vida própria, acabei afastando uma mecha de cabelo dourado do rosto de Gwen e assim que minha mão tocou a pele branca e macia de seu rosto ela despertou, me fitando com aqueles grandes olhos furta-cor. Ela permaneceu um longo tempo me observando com o olhar confuso até que eu disse:
  — Bom dia Flor do Campo.
  Aquele era o apelido que eu havia dado para Dafne, o apelido que era dela e apenas dela e nunca, jamais, deveria ser usado por outra mulher... Gwen ficou me encarando de uma forma surpresa, provavelmente não esperava que eu a tratasse de uma forma tão carinhosa e sinceramente nem eu mesmo esperava... Me desvencilhei da garota de uma forma um tanto bruta, tão bruta que quase a joguei da cama, e comecei a me trocar, quando já estava pronto simplesmente saí do quarto sem lhe dirigir um olhar ou palavra.

A Garota No BosqueOnde histórias criam vida. Descubra agora