Capítulo 2

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Em um mês conseguimos mudar-nos para a nossa antiga casa em Londres. Nós ficávamos ali de todas as vezes que íamos passar férias à cidade então estava toda mobiliada, apenas tivemos de levar as nossas coisas pessoais. Quando chegámos ao aeroporto vi os meus avós e os meus tios e primos à nossa espera. Conti-me para não chorar quando vi todas e as únicas pessoas de quem eu gostava, a contar com os meus pais (e os 5sos e todos os atores das séries que eu vejo não estavam lá). Eu e os meus pais apressámo-nos para ir para o pé da nossa família, e quando finalmente chegamos lá todos trocamos abraços. Não pude evitar chorar quando abracei a minha tia, do lado da minha mãe. Ela é muito próxima da minha mãe e esteve sempre lá desde que eu me lembro, então é como uma segunda mãe para mim. Passei a mão na barriga de grávida de oito meses dela e 'disse olá' à minha futura prima, ajoelhando-me de seguida para poder abraçar o meu primo de dez anos.

"Estás tão crescido Matty!" eu disse-lhe e ele sorriu um pouquinho, tímido como é (uma coisa que ambos temos em comum). Quando os abraços acabaram os meus avós maternos convidaram toda a gente para um jantar em casa deles, para nos dar as boas-vindas de volta a casa. Toda a gente concordou e depois de breves despedidas cada um seguiu o seu caminho.

...

Mal cheguei a casa fui arrumar e decorar o meu quarto. Ao meio-dia já tinha tudo como eu queria e não podia sentir-me mais em casa. Sentei-me na minha janela que tem um banco a desenhar até ao meio-dia e meio, quando a minha mãe me chamou para almoçar. Desenhar é o que eu faço mais, e tocar guitarra, é quase como uma escapativa da realidade, juntamente com a música e séries de televisão.

Desci as escadas a correr, estava cheia de fome. Abracei os meus pais por eles terem encomendado uma pizza de queijo e fiambre, a minha favorita. Fomos os três para o sofá ver televisão enquanto comíamos.

Quando todos acabámos de almoçar pusemos o lixo no seu caixote. Eu tentei convencer os meus pais a ir dar uma volta, mas eles recusaram e disseram que o que havia mais era tempo e que eles queriam descansar. Como eu estava cheia de saudades de passear por Londres, deixei-os ficar em casa e decidi ir sozinha. Vesti o meu casaco de novo, pus os fones nos ouvidos e saí de casa.

Eu sempre adorei ter movimento à minha volta, então tinha sorte da minha casa ser no centro de Londres. Estava um dia bonito apesar de tudo estar molhado, provavelmente choveu ontem. Parei no primeiro Starbucks que vi e pedi um latte. À meses que eu não bebia um do café do Starbucks e soube-me pela vida. Continuei a minha caminhada sem destino ao som do primeiro e ainda único albúm dos 5 Seconds Of Summer. Acabei por ir parar ao bonito Hyde Park. Ia tão distraída a olhar para os esquilos que acabei por ir contra alguém e essa pessoa ficou com o que restava do meu café na roupa. Boa, lá se foi o latte.

"Oh meu Deus, desculpe!" eu olhei para a rapariga à minha frente e tapei a minha boca tal como as provavelmente duas amigas dela estavam a fazer.

"Tu tens ideia do valor desta camisola?" a rapariga quase gritou, com uma voz super esganiçada, tipo um pato "Claro que não, pessoas pobres e repugnantes como tu não sabem nada!" olhei à volta e reparei que havia algumas pessoas a olhar para nós.

"Eu já te pedi desculpa." eu murmurei.

"Não quero saber de desculpas, agora temos de ficar quites, e para isso tens de te sujar um bocadinho." assim que ela acabou a frase eu fui empurrada e fui parar numa poça de lama. Isto não foi nem um bocadinho justo, comparada comigo, ela nem estava suja. Ela sorriu vitorosiamente e foi-se embora, as suas duas amigas seguiram atrás dela como se fossem cadelinhas.

"Cabra." eu murmurei para mim mesma e tentei imaginar que estava no meu quarto e não num parque com vinte pessoas a olhar para mim.

"Queres ajuda?" ouvi alguém dizer. Olhei para cima e vi um rapaz loiro de olhos azuis.

Everything Can Change - a rescreverOnde histórias criam vida. Descubra agora