A sua cor já lhe falava um pouco sobre você. Tão branca quanto a neve, Alasca trazia em seu olhar um toque de "foda-se a sociedade". Como se fizesse jus a seu nome, ela parecia não se importar muito com quase nada. Não gostava muito de maquiagem, exceto seu fiel lápis preto, que nunca saia de sua mochila azul. Seu cabelo era tão preto que as vezes parecia brilhar no escuro. Seus olhos cor de gelo combinavam com seu coração. Amava os animais, principalmente os pássaros, que representavam para ela a liberdade que tanto cultivou. Seu jeito largado trazia ênfase no quesito "estou cagando pra você". Amava os livros, não é atoa que tinha uma estante lotada deles, sua sala parecia até uma biblioteca. Odiava a rotina mas sempre combinava um café, um livro e a janela, que era a vista mais bonita para contemplar o pôr do sol. Tinha mania de mexer a mecha branca do seu cabelo negro. Cantava sempre que se sentia em perigo, o que parece realmente esquisito, pois parecia até nem se importar. Mas talvez ela não estivesse. Sua alma era antiga, pré histórica, mas vez enquanto inventava danças ao som da Beyoncé ou qualquer outro som que estivesse passando na rádio. Não se importava com companhias, a não ser a própria. A única balada que frequentava era dentro do seu box ouvindo música bem alta com as luzes apagadas. Sim, apagadas. A sua casa parecia um lugar que fazem rituais satânicos, porque no lugar de luzes, preferia velas. Ela gosta do frio que o escuro faz. Para alimentar ainda mais seu vício, trabalhava em uma cafeteria. Mas era uma escritora anônima, cheia de fãs loucos para lhe encher de mimos, gritos, presentes e todas as porcarias que fanáticos loucos fazem. Deve ser por isso que preferiu ser anônima. Pessoas lhe entediavam, apesar de conhecida por metade da cidade. Sempre queriam lhe fazer visitas, mas ela não tinha residência fixa e nunca tinha tempo. Não para pessoas. Morava quase no meio da floresta, a 2 quilômetros da cidade. O que explica o fato de ouvir músicas no último volume fazendo as paredes tremerem.
