Faz pouco mais de duas semanas que Benjamin acordou. Desde então, eu não o vi. Lucy e Lauren têm sido minhas informantes sobre seu estado de saúde. Eu poderia ignorá-lo e seguir em frente, já que o Underwood deixou claro que não me quer na sua vida, mas ele levou um tiro por minha causa, então, sinto que o mínimo que devo fazer é demonstrar preocupação — não que eu não esteja preocupada, é claro.
Passei dois dias no hospital, não dormi e mal comi nesse período. Cada canto do meu ser se culpava por não ter dito que eu o amava. Ainda assim, apesar das suas revelações naquela noite, dizendo que nunca deixou de me amar, Benjamin voltou a ser o próprio Polo Norte e me afastou. Parte minha não o condena. Ele levou um tiro por minha causa. Outra parte também pensa que, se ele fez isso, é porque realmente sente algo. Você não leva uma bala por alguém que não ama.
Abandono meus devaneios quando ouço o som da campainha. Deve ser alguém conhecido, já que Rick colocou seguranças vinte e quatro horas no prédio e só pode subir quem é autorizado. Giro a maçaneta e vejo Robert com uma caixa de pizza na mão.
— Oi, eu trouxe pra você — sorri, indicando a caixa.
— Entra — dou passagem.
Vejo-o colocar a caixa sobre o balcão da cozinha e me encarar em seguida, colocando as mãos nos bolsos da calça.
— Você está bem? Precisa de alguma coisa?
— Não, está tudo bem. Obrigada — volto a me aconchegar no sofá.
— E a Angelina?
— Foi almoçar com o Rick.
— Tá bom, então... Eu vou te deixar a vontade. Se precisar de algo, pode me ligar — ele sorri sem jeito, indo em direção à porta.
— Você já almoçou? — é a minha maneira de pedir para ele ficar.
Encabulado, meu pai toma um lugar ao meu lado no sofá. Pego a pizza sobre o balcão e duas latas de refrigerante na geladeira.
— Como ele está? — pergunta-me, engolindo em seco e não olhando em meus olhos.
Robert deixou claro que sente raiva de Benjamin pelo que ele fez comigo e como nossa relação terminou, mesmo não tendo moral nenhuma para isso. No entanto, ele também deixou claro sua gratidão a Deus e ao Underwood por levar aquele tiro no meu lugar. De certa forma, isso atenuou sua raiva. Como não atenuaria?
— Está em casa há alguns dias. Rick, Lauren e Bruce estão cuidando dele. Will também vai vê-lo sempre que pode — mordo minha fatia de pizza, tentando soar indiferente.
Se Benjamin me quer fora da sua vida, ok. Ele me deixou confusa e levou um tiro por minha causa? Sim! No entanto, por mais que eu o ame, não posso viver dessa forma, esperando que ele surja na minha porta e diga o que sente. Honestamente, no fundo, bem no fundo, somos dois grandes covardes que se amam, mas não ficam juntos porque, um dia, perderam demais e têm medo que isso aconteça novamente.
— Você não ligou? — desta vez, ele me encara.
Balanço a cabeça, negando.
— Não. Ele deixou claro que não quer me ver. Como você pode ser capaz de dizer que ama alguém e não querer fazer parte da vida dessa pessoa?
A fala sai tão rápido, que só me dou conta do que acabei de dizer quando o ouço suspirar.
— Olha, eu...
— Não foi nesse sentido. É sério — interrompo-o.
— Está tudo bem, ok? — ele força um sorriso gentil que me desmonta por dentro — Sua mãe tinha dito que hoje era sua folga, se você não tiver nada melhor pra fazer, podemos ir a um novo jardim botânico que a Thompson está patrocinando — dá de ombros, tentando mudar de assunto.
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Primeiro Amor • Livro 1 | Série Por Amor
RomansKatherine Coleman vê sua rotina monótona dar uma reviravolta quando sua mãe é diagnosticada com uma rara doença crônica, fazendo-a caminhar sobre a linha tênue que há entre a vida e a morte. Com uma situação financeira delicada e mais exames e trata...