32. KATHERINE

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Faz pouco mais de duas semanas que Benjamin acordou. Desde então, eu não o vi. Lucy e Lauren têm sido minhas informantes sobre seu estado de saúde. Eu poderia ignorá-lo e seguir em frente, já que o Underwood deixou claro que não me quer na sua vida, mas ele levou um tiro por minha causa, então, sinto que o mínimo que devo fazer é demonstrar preocupação — não que eu não esteja preocupada, é claro.

Passei dois dias no hospital, não dormi e mal comi nesse período. Cada canto do meu ser se culpava por não ter dito que eu o amava. Ainda assim, apesar das suas revelações naquela noite, dizendo que nunca deixou de me amar, Benjamin voltou a ser o próprio Polo Norte e me afastou. Parte minha não o condena. Ele levou um tiro por minha causa. Outra parte também pensa que, se ele fez isso, é porque realmente sente algo. Você não leva uma bala por alguém que não ama.

Abandono meus devaneios quando ouço o som da campainha. Deve ser alguém conhecido, já que Rick colocou seguranças vinte e quatro horas no prédio e só pode subir quem é autorizado. Giro a maçaneta e vejo Robert com uma caixa de pizza na mão.

— Oi, eu trouxe pra você — sorri, indicando a caixa.

— Entra — dou passagem.

Vejo-o colocar a caixa sobre o balcão da cozinha e me encarar em seguida, colocando as mãos nos bolsos da calça.

— Você está bem? Precisa de alguma coisa?

— Não, está tudo bem. Obrigada — volto a me aconchegar no sofá.

— E a Angelina?

— Foi almoçar com o Rick.

— Tá bom, então... Eu vou te deixar a vontade. Se precisar de algo, pode me ligar — ele sorri sem jeito, indo em direção à porta.

— Você já almoçou? — é a minha maneira de pedir para ele ficar.

Encabulado, meu pai toma um lugar ao meu lado no sofá. Pego a pizza sobre o balcão e duas latas de refrigerante na geladeira.

— Como ele está? — pergunta-me, engolindo em seco e não olhando em meus olhos.

Robert deixou claro que sente raiva de Benjamin pelo que ele fez comigo e como nossa relação terminou, mesmo não tendo moral nenhuma para isso. No entanto, ele também deixou claro sua gratidão a Deus e ao Underwood por levar aquele tiro no meu lugar. De certa forma, isso atenuou sua raiva. Como não atenuaria?

— Está em casa há alguns dias. Rick, Lauren e Bruce estão cuidando dele. Will também vai vê-lo sempre que pode — mordo minha fatia de pizza, tentando soar indiferente.

Se Benjamin me quer fora da sua vida, ok. Ele me deixou confusa e levou um tiro por minha causa? Sim! No entanto, por mais que eu o ame, não posso viver dessa forma, esperando que ele surja na minha porta e diga o que sente. Honestamente, no fundo, bem no fundo, somos dois grandes covardes que se amam, mas não ficam juntos porque, um dia, perderam demais e têm medo que isso aconteça novamente.

— Você não ligou? — desta vez, ele me encara.

Balanço a cabeça, negando.

— Não. Ele deixou claro que não quer me ver. Como você pode ser capaz de dizer que ama alguém e não querer fazer parte da vida dessa pessoa?

A fala sai tão rápido, que só me dou conta do que acabei de dizer quando o ouço suspirar.

— Olha, eu...

— Não foi nesse sentido. É sério — interrompo-o.

— Está tudo bem, ok? — ele força um sorriso gentil que me desmonta por dentro — Sua mãe tinha dito que hoje era sua folga, se você não tiver nada melhor pra fazer, podemos ir a um novo jardim botânico que a Thompson está patrocinando — dá de ombros, tentando mudar de assunto.

Primeiro Amor • Livro 1 | Série Por AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora