Suicídio

ATENÇÃO, esta obra não foi feita para causar desconforto, tão pouco incentivar atos suicidas!
(Contém cenas de automutilação, pensamentos suicidas e assassinato)

Lá estava ele, sentado no chão sujo e frio, escorado na parede velha de cor preta que ousou pintar no dia anterior. Fazia sol naquela manhã mas seu corpo suava frio, as lágrimas escorriam em sua face e algumas adentravam pela boca fazendo-o sentir o gosto amargo. Os respingos de sangue pelo chão eram de suas mãos, rasgadas pelos socos desferidos na porta que ainda se mantinha inteira e trancada. Dentre as pequenas frestas da janela de madeira que há dias se encontrava fechada passavam alguns raios de sol, que não afetavam em nada a escuridão sombria do quarto. O cheiro de tinta ainda fresca adentravam suas narinas embrulhando seu estômago e causando náuseas, mas logo percebeu que o pior cheiro era o da pistola Colt .45 que empunhava em sua mão ensanguentada quando a levou para perto de seu rosto. Trêmulo, suas náuseas sumiram por aquele instante dando lugar a uma nova sensação; um frio sufocante e amedrontador, nascendo de dentro e o tomando por fora, fazendo sacudir todo o seu corpo. Estava determinado, não demoraria muito para esfacelar-se com um tiro certeiro na cabeça que sairia de sua arma; capaz de matar duas pessoas com um só tiro. Seus lábios esbranquiçados tremiam, acolheu suas pernas junto ao corpo e abraçou-as sem que largasse a arma da mão direita. Olhou em direção a pequena e antiga cama de solteiro que por quatro anos descansou seu corpo, mas não a viu. Abriu ainda mais seus olhos tentando enxergar em meio aquela escuridão o lugar que fez de refúgio, era em vão, sentiu que a escuridão agora tomava conta de sua vida. Destravou a arma, o som do slide o deixou apavorado, mas sem hesitar levou a arma em direção a cabeça e ainda liberando pela boca o gás carbônico, puxou o gatilho.