The Chicken and The Dickhead

louis

Não é fácil acordar e ter que fazer um milhão de coisas logo antes do primeiro horário da escola e ainda ter tempo de ver seu namorado. Louis sentia falta dele, é claro, mas se tornava impossível que trocassem um beijo quando ele não o buscava em casa, já que o menor era responsável pela mídia na escola. Ele tinha a obrigação de chegar lá antes de todos os alunos, separar os jornais por sala para que não faltasse ou sobrasse nenhum, de acordo com o número de estudantes por classe. É realmente uma vantagem que seu pai finalmente tenha cedido em o dar um carro de natal. Nada mais, nada menos que um Bentley Continental azul marinho. O menino teve um pequeno ataque ao ver a sua irmã ganhar vários presentes de natal e ele não receber ao menos um, nem uma gravatinha! E então, seus pais o levaram pro seu jardim. Na frente de casa, estacionado estava o seu bebê com um gigante laço de cor azul. Ele pode ter chorado durante algumas horas, mas se perguntassem, ele negaria.

Seu filhote tinha uma vaga privada no estacionamento da escola, as letras L.T. estavam pressionadas ao chão logo ao lado de A.G., as iniciais do seu perfeito par. Par esse que carregava com felicidade uma Mercedes E-Class branca. Seriam os carros mais cobiçados da escola, se ambos não fossem humildes o suficiente pra mentirem o preço, para baixo é claro. Não é justo fazer inveja em seus colegas de classe quando seus pais são donos do maior escritório de Advocacia da cidade de Doncaster.

Esses morriam de orgulho de si. Não tinha nenhum tipo de interesse na área que os dois atuavam, mas queria partir pra área de medicina. Psiquiatria, pra ser mais específico. Psiquiatria Pediátrica se puder escolher. Não fazia diferença para os dois adultos, seu filho poderia escolher seu curso, visto que a mais nova, Felicité, já estava estudando para um dia ser advogada como os pais, talvez na vara da infância e adolescência.

Os dois eram claros exemplos de orgulho, com suas notas exemplares competindo com seus modos e educação. Dois jovens de ouro, cheios de sonhos e grandes expectativas na vida, num futuro em qual seus pais não mediam esforços em investir com alegria. Cada euro gasto em cursos e mais cursos para os dois filhos abria ainda mais largo o sorriso do casal de jovens advogados promissores. Seus passatempos e hobbies se limitavam a ajudar um ao outro com lições e ver juntos vídeos que os incentivavam ainda mais a correr atrás de um currículo perfeito, preenchido com grande nomes e bem direcionado.

O rapaz repassou cada maço de jornais, conferindo a quantidade por sala, antes de deixar todos nas mesas dos devidos professores já a ponto de ver os alunos - os mais esforçados ou os que moravam mais distante e dependiam do transporte público -  mostrarem suas carinhas de sono nos corredores amarelo com azul.

Mesmo que Louis tenha dado seu esforço máximo em correr para o armário em tempo de ver seu namorado, estava na metade do caminho quando o alarme indicando o início do primeiro turno soou. Ele mal teve tempo de pegar sua bolsa na sala de projeção, que era basicamente a sala de mídia em geral, a tempo de entrar pro primeiro horário. Ele obviamente se desculpou com o professor de química, antes de se sentar na terceira cadeira da fileira do meio, longe de todas as pessoas com quem ele falava na escola, o que se resumia em um amigo, dois conhecidos e seu namorado, que nem frequentava essa aula.

Ele sentiu uma bolinha de papel acertar seu cabelo, esperou o professor virar de costas para a sala para resmungar "Eu não vou olhar pra você, bundão" para quem ele já sabia que havia atirado aquilo.

De onde veio uma bolinha, sete outras vieram. Algumas ainda estavam presas em seu cabelo, mas outras ele acertou na lixeira, disfarçando para o professor.

"Você pode por favor, POR FAVORZINHO LOOU, falar comigo? :("

A mensagem chegou em seu celular junto com um sussurro, ao que as bolinhas tiveram um fim.