Pintura Falsa

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Dê play na música acima e boa leitura  😊

Helena

🎡

Os dias tem passado mais rápido para o meu alívio. Hoje vou me encontrar com o Andrew, vai ser bom sair um pouco e espairecer a cabeça. É um dia quente e nublado, as folhas laranjas lotam as ruas, o vento sopra forte quando o vejo chegar.

Andrew me analisa da cabeça aos pés. É estranho, o conheço a pouco tempo, mas sinto-me bem com sua presença.

— Você está linda. — Diz ele timidamente — Seu cabelo, esse dourado combina com você.

— É uma cor que eu nunca deveria ter deixado — sorrio agradecendo o elogio.

Não demoramos a chegar ao parque, estava tudo tão iluminado e colorido, era uma noite linda, tinha até um pier ali perto. Deixei Andy me guiar. Era bom vê-lo sorrindo mesmo depois de tudo, mesmo depois de ontem.

Rimos, contamos piadas idiotas, rimos novamente, nos divertimos com as atrações e brinquedos do parque, até que...

— Andrew, não.

— Ah para, esse é o melhor brinquedo do parque, além do mais a ideia de vir aqui foi totalmente sua, você não tem direito de recusar — disse num tom convencido e risonho. Pela primeira vez tive vontade de bater naquele rostinho bonito.

— Idiota — ele com um ar vitorioso me ajudou a subir. Era uma máquina enorme, me dava náuseas só de olhar.

— Vamos se anime! — disse ele bagunçando meus cabelos.

— Ok Helena, é só um brinquedo, não precisa ter medo — disse para mim mesma. O brinquedo começou a girar e eu fechei os olhos, uma brisa fria batia em meu rosto.

— Lena, abra os olhos — ouvi a voz de Andrew distante.

Eu os abri e senti como se estivesse voando, Andy ria e se balançava para todos os lados. Ali estava eu, rindo incessantemente agora, me divertindo, eu me senti... Livre.

Estava sendo uma noite inesquecível

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Estava sendo uma noite inesquecível. Andrew me levou ao pier, as luzes da cidade refletiam na água, estava tudo tão lindo e colorido. Lembrei-me da noite anterior, a maneira que Andy falava de meus quadros, ele sentia algo através deles.

— Me diga Andy, o que as cores significam para você? — havia notado sua ligação com as cores, assim como para mim, ele vê um significado nelas. Meio confuso com a pergunta ele ri.

— Nada em especial, às vezes são só cores, mas também leio expressões através delas. Na maioria das vezes elas são tristes, e sem vida, assim como a música, elas se ligam e formam uma melodia, elas dizem quem você é , sem ao menos abrir a boca.

Estava impressionada. Ele falava como se aquilo tudo fosse a essência de sua vida. Ver o que as pessoas sentem, quem elas são.

— Qual a minha cor? — Ele me olhou incerto.

— Você como artista entende as cores melhor que ninguém, e se expressa por meio delas. Mas fora das telas parece não senti-las, você se torna uma mistura de cores vazias. Você tem medo de expressar o que sente. Uma música Alegre, mas sem cor...

Meu coração ficou tenso, porque o que ele dizia era a mais pura verdade. Sempre fui boa em disfarçar o que sentia, fezendo de mim mesma, uma tela humana, pra retratar minha tristeza, mas de fato não a demonstrava. Uma pintura falsa. Meus olhos se encheram de lágrimas. Percebi o quanto fui injusta com Ben, comigo mesma, com tudo. Abracei Andy tentando encontrar conforto em seu ombro.

 Abracei Andy tentando encontrar conforto em seu ombro

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— Você sente falta dele não é? — pergunta ele. Recuo para olhar em seus olhos.

— Você é realmente muito estranho — digo enfim —, sempre sabe o que as pessoas sentem?

Seu rosto suaviza, e esboça um sorriso triste.

— A maior parte das vezes... — ele volta a focar seus olhos em mim e então completa — Você deveria ir atrás dele, antes que seja tarde demais, falo por experiência própria.

— Ah Andrew... — suspiro pesadamente enquanto tento enxugar as lágrimas de meu rosto — Ele está do outro lado do estado, e é quase um dia de viagem, não tem como...

— Eu tenho um carro — diz ele rapidamente. — Sem desculpas, se realmente ainda sente algo por ele, e se arrepende do que seja lá o que disse, não pode deixar as coisas assim.

—  Você é maluco — digo entre risos. — E eu mais ainda pelo que vou fazer. Vamos, eu dirijo.

🚙

Era por volta das onze horas da noite quando partimos da cidade. Estava muito inquieta, Andrew percebeu e então colocou uma música. 

— Uma viagem sempre fica melhor com um pouco de música — diz.

Forço um sorriso, estava apavorada.

— Fico me perguntando — continua Andrew —, ontem, porque parou para falar comigo, um estranho? Porque me ajudou?

— Você estava triste e chorando, não era justo te ver naquela situação e ignorar, além do mais qualquer outra pessoa faria o mesmo — Andrew me olha incerto, assim prossigo. — E afinal, percebi o quanto somos parecidos. Estávamos sempre empenhados em esconder ao máximo o que sentimos, não quero mais isso, não quero mais ser covarde. Você abriu meu olhos.

Ele ri satisfeito.

— Que tal um pouco de Halsey? — diz ele colocando uma música.

— Não brinca, eu amo essa música.

— Me dê a honra de um dueto? — Começo a rir, quando então chega o refrão.

Com as mãos no volante em direção à um destino incerto, canto com um garoto que conheço a pouco mais de um dia, o que o universo reserva pra mim?

All we do is drive. All we do is think about the feelings that we hide...

Cores Vazias - Empty Colors Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora