Prólogo

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26/02/2009

Aquela era com certeza uma das manhas mais quentes cuja havia presenciado, eu usava pouca roupa; Uma saia curta. Regata branca e ainda assim algumas gotas de suor escorregavam por meu rosto.

Limpei as migalhas de pão sobre a mesa antes que vovó reclamasse, segundo ela, aquele era um dos meus péssimos hábitos, eu não era muito organizada, beberiquei o pouco café que ainda restava na xícara e ao lavar a louça, ofeguei.

Estava um tanto entediada e aquilo era o que mais odiava por viver em uma cidade pequena, não havia muito o que fazer, além de ir à praia e como meus vizinhos tanto gostavam de fazer, falar sobre as vidas aleias.

Ao olhar o relógio, deduzi que ainda tinha um pequeno tempo, antes de ter de preparar o almoço, naquela tarde toda a família se reuniria. Bem daquilo eu gostava, era bom ter aqueles que mais amava sempre por perto, rodeando a mesa, uma das únicas vantagens de se morar na pequena cidade, todos criavam raízes próximos aos outros o que para mais longe havia ido, era tio Beto, foi morar na capital a alguns anos

Mas sempre que podia nos visitava, como hoje por exemplo, aquela pequena vila ainda em estrada de barro era o lugar que ele realmente amava e admirava, mas queria dar melhores oportunidades de estudos aos filhos, por isto, agora vivia na cidade.

Eu me deitei sobre a rede na varanda, fones no ouvido não me deixavam escutar nem sequer os pássaros que sempre cantavam com grande intensidade naquele horário, com o balançar da rede, gostava de fechar os olhos, imaginar o que tinha além daquele pequeno lugar em que vivia.

Devia admitir era ambiciosa, não tinha os mesmos planos de futuros que meus primos, o que de certa forma, decepcionava meus pais por mais que nunca admitissem.

Eu gostava da musica, gostava das melodias, gostava da explosão de cores e sentimentos que invadiam meu ser, quando as ouvia ou cantava.

Gostava das historias, queria interpretá-las, sempre ansiei dar vida a personagens que costumava ler.

A pouco, um mês creio eu, havia sido aberta inscrições, para escolherem um novo talento, a sortuda ganharia o papel para um filme, um romance, pouco sabia sobre a historia, os produtores ainda mantinham segredo, mas sabia que seria sobre a historia de uma jovem talentosa no ramo da musica, era minha chance!

Foi o que pensei no momento em que vi o anuncio na internet, logo corri para preparar meu material, deveria enviar meu portfólio, com algumas fotos e um vídeo cantando, mas não sabia se aquilo seria bom o suficiente para competir com as demais que também iriam se inscrever. O material não havia ficado de todo ruim, mas não tinha tamanha qualidade como às das que poderiam investir mais naquilo.

Há alguns dias eu já havia enviado, as inscrições haviam sido encerradas, logo mais eles revelariam o nome da escolhida, eu não tinha muita esperança de conseguir algo, contudo sempre fui uma pessoa ansiosa, do tipo cuja manchas roxas nasciam nas pernas

Além de tudo, era uma pessoa cheia de fé, acreditava em milagres e orava muito por aquilo desde que a inscrição havia sido feita.

-Bom dia. Mike então arrancou os fones de meu ouvido, me obrigando sentar para lhe encarar, os cabelos negros que já quase chegavam ao pescoço, estavam devidamente penteados para trás, ele sorria largamente com aquele brilho nos olhos, o que me fez sorrir também, ele era lindo e era meu!

-Como vai? Sorri para ele com charme, já namorávamos há algum tempo e por mais que aquilo não fosse o que sentia no inicio agora eu o amava, entretanto, não havia como não amá-lo, a cidade era pequena e ele era o homem que todas as mulheres cobiçavam, de certo era o melhor partido daquele lugar, o homem alto que dedicava seus sentimentos inteiramente a mim.

Mike era gentil, amoroso e muito, muito bonito, mesmo que tão grosseiro às vezes. Ele era o filho bastardo de um fazendeiro muito rico na região, vivia naquela pequena vila com a mãe desde seu nascimento, era orgulhoso, nunca quis aceitar nada, dinheiro algum do homem que um dia o rejeitou na infância, por isso agora trabalhava na fazendo do tio, porém queria ter sua própria um dia, queria criar gados e cavalos.

Todavia ele tinha de admitir que os dois, pai e filho, se pareciam de forma extrema, desde a bela aparência, á o jeito galanteador e grosseiro, além de sonhos muito semelhantes.

-Tenho uma surpresa. Pela empolgação com a qual falava deveria mesmo ser algo bom

-O que? Mordiquei meu lábio inferior, ele sabia o quanto odiava o suspense, mas antes que ele dissesse algo ele beijou-me, de forma suave, apenas um roçar rápido aos lábios, que em nada me incomodou.

-Comprei... Comprei um pequeno pedaço de terra para nós, quero começar em breve a construção de nossa casa. Aquilo realmente havia me pego desprevenida, nos amávamos, mas não sabia se estávamos juntos tempo suficiente para tal coisa.

-E isto significa? Exige saber. Tanto Mike quanto eu, éramos tradicionais, o casal que almejava um casamento com véu, grinalda e glacê no bolo.

-Eu a amo Anne. Admitiu encabulado, aquilo era ago raro, Mike não era o tipo de homem fácil de envergonhar ao menos não quando estava comigo, para os que não o conheciam tão bem quanto eu Mike era um cara reservado e tímido.

-Eu também amo você Mike. Pus-me de pé a sua frente, meus braços enroscaram seu pescoço, eu queria tranquilizar o homem que por poucas vezes vi tão apreensivo.

-Então... Então, será que a mulher que tem todo o meu coração nas mãos aceitaria... - Gaguejou- Aceitaria se casar comigo? Ele se pós de joelho tirou do bolso da calça a pequena caixinha de veludo preto e logo pude ver as duas argolas de ouro, que em breve preencheriam nossos dedos.

Eu o fitei um tanto confusa, aquilo havia realmente me pego de surpresa, falávamos sobre casamento, mas para mim, aquilo só haveria de acontecer em um futuro distante.

-Tem certeza? Eu não sabia se dizia isto a ele ou a mim

-Claro meu amor, quero pedir a sua família também, queria aproveitar o almoço de hoje. Ele era tão, tão amoroso comigo e ele também tinha todo o meu coração, aquele não fora o pedido de meus sonhos, ainda assim eu não fui capaz de negar.

-Eu aceito. Sorri com sinceridade, aquilo havia sido muito surpreendente para mim, mas eu queria muito, muito ter Mike para sempre comigo.

Ele não disse nada, apenas tocou novamente seus lábios com os meus, desta vez, de forma mais intensa, sua língua brincava com a minha de forma provocativa, meus lábios começavam a ficar dormente, extasiados por aquela paixão.

Seriamos felizes, nos amávamos! Murmurei baixinho a mim mesma, quando Mike se foi (ele buscaria sua mãe e vestiria uma bela camisa, então me aprecei com o almoço) caminhei depressa a cozinha, titia já preparava o arroz, aquele seria um bom dia e esperava que as horas agora passassem rápido ou então minha língua traiçoeira e o sorriso colado em meus lábios, diríamos o que havia acontecido antes da hora

Eu estava contente, talvez radiante expressasse melhor o que sentia, começava a me aprontar, usava meu vestido azul de finas alças, era um dos que mais gostava, então o telefone tocou, trazendo-me a noticia cuja tanto queria há dias, o papel era meu, entretanto teria de me mudar para o Rio de janeiro o mais breve possível, o meu sorriso se desfez, Mike iria comigo?

Claro que não, ele amava aquele lugar, sempre deixou aquilo bem claro, Mike era tradicional, queria uma bela esposa, uma casa simples e filhos, Filhos, Nunca havia sido muito paciente com crianças.

Mas e eu, eu queria aquilo? O amava de forma tão intensa para desistir de meus sonhos?

Ficaria com Mike?

Style- Amor á Meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora