Melanie e Calum entraram na casa com o número 11. Havia um corredor, com portas de cada lado, e Mel seguiu Calum até à segunda porta do lado esquerdo.
Ele pousou a mão na maçaneta e sorriu a Melanie, que já estava impaciente.
-Vá lá, Calum! - Mel suspirou. - Abre a porta.
Calum assentiu e lá abriu a porta. Ao princípio, Melanie não conseguia ver nada, mas, depois, Calum abriu a janela e Melanie ia deixando cair o queixo.
-Oh, meu Deus.
Melanie aproximou-se do primeiro quadro e a vontade da sua mão foi logo tocar-lhe. Mas, depois, Mel lembrou-se que tinha lido nalgum lado que os pintores não gostavam que tocassem nos seus quadros.
Calum reparou nesse seu comportamento.
-Podes tocar-lhes, - disse-lhe. - Não me importo.
Ela olhou para ele um segundo, e sorriu. Voltou a observar o quadro, mas não lhe tocou.
Fez o mesmo com os dez quadros seguintes. Melanie sentia-se como uma criança numa loja de brinquedos.
-Não sei do que gosto mais, Calum, - Melanie tocou num quadro, e sentiu o relevo da tinta. - Se de ti, se dos teus quadros.
Ele riu-se.
-E eu não sei se me devo sentir preocupado ou lisonjeado.
Calum caminhava atrás dela, mantendo uma distância razoável entre os dois. Adorava a maneira como Melanie observava os seus quadros, como se eles fossem algo de precioso.
Ao fim de alguns minutos, já não havia mais quadros.
-Não há mais? - Melanie virou-se de repente, com um ar abalado.
Calum achou aquele gesto adorável e mordeu o lábio inferior, abanando a cabeça.
-Bem, há, mas não estão cá em casa. Estes são os meus favoritos, por isso é que os deixei aqui.
Melanie anuiu e voltou-se para um quadro, talvez para evitar silêncios constrangedores.
-Queres beber alguma coisa? - Calum perguntou-lhe. - Tipo água ou assim.
-Sim, pode ser. Por acaso estou com sede.
Calum fechou então a janela e saiu do quarto, Melanie seguiu-o.
Percorreram o corredor todo e entraram na porta ao fim deste, que dava para uma sala e uma cozinha.
Melanie reconheceu Luke, o empregado do bar, sentado no sofá a ver televisão.
Calum foi até ele e bateu-lhe na nuca.
-Ei, trouxe visitas.
Luke virou-se e olhou para Melanie. Fez o sorriso mais falso que Mel já tinha visto e tornou a olhar para a televisão.
Calum abanou a cabeça e foi até ao frigorífico.
-É um poço de simpatia, o meu amigo. Queres beber o quê?
Melanie encolheu os ombros e Calum pousou um copo de água em cima do balcão, para ela.
-E o que é que estavam a fazer no quarto? - perguntou Luke, do nada.
Calum revirou os olhos e Mel sentiu as bochechas a arderem.
-Estávamos no meu estúdio, a ver os quadros, - disse Calum. - Vê lá se deixas de ser tão inconveniente. Não tens de ir trabalhar?
Luke olhou para trás, para o balcão onde Calum e Mel estavam encostados.
-Não trabalho hoje, - disse, e sorriu.
Melanie decidiu que estava demasiado vermelha para continuar ali. Bebeu o copo de água de uma vez só e arranjou-se.
-Bem, se calhar vou andando, - declarou Melanie. - Muito obrigada por me mostrares os teus quadros, adorei, a sério.
Calum lançou-lhe um olhar meio desiludido, por ela querer ir já embora, e meio orgulhoso, por Mel gostar dos seus quadros.
-Tens a certeza que queres ir já embora? Podias jantar cá, connosco, - propôs Calum, ao que Luke fez um som de desagrado.
Melanie abanou a cabeça, incentivada pelo grunhido de Luke.
Calum seguiu então Melanie até à porta da frente, depois de atirar uma almofada à nuca do amigo.
Quando chegaram à outra ponta do corredor, Melanie virou-se de frente para Calum, e este chegou-se perto dela. Mel sentiu-se sufocada. Estava demasiado encostada à parede, e fê-lo para tentar manter uma distância razoável entre os dois.
-Então, vemo-nos por aí? - perguntou ela, apertando o corta-vento.
Calum lançou uma gargalhada.
-De certeza.
Melanie abriu então a porta e desceu o pequeno degrau que havia à entrada. Estava a chuviscar, por isso ela colocou o carapuço do casaco.
-Não queres que eu te vá levar?
Calum estava encostado à ombreira da porta, a apanhar alguma chuva.
-Não é preciso, eu apanho o metro, - declarou Melanie. - Vai para dentro, não apanhes chuva.
-Não te preocupes que eu não me estrago com a chuva, - riu-se ele. - Liga-me quando chegares a casa, pode ser?
Melanie assentiu, acenou a Calum e começou a andar em direção à estação.
::-::-::
Quando chegou a casa, Melanie viu as luzes da sala acesas.
Caminhou até lá e encontrou Quinn, com um pijama de corpo inteiro vestido, e uma embalagem de gelado de tiramisu no colo.
-Quinn? Pensava que ias passar o fim-de-semana fora.
Quinn era uma rapariga que podia, muito bem, ser um anjo da Victoria's Secret. Era alta, magra, e tinha uma cara mesmo linda - era muito esculpida, tinha olhos verdes claros e cabelo loiro, com raízes morenas.
Porém, a escolha dos namorados deixava a desejar.
Segundo o que tinha contado a Melanie, Quinn tinha tido quatro relações - mas tinha sempre curtes aqui e ali. A primeira tinha sido uma brincadeira; a segunda já tinha sido mais séria - com Tom -, a terceira, uma relação aberta com um gajo que conheceu numa discoteca, e a quarta era o seu atual. Um rapaz alto e magro, que intimidava Melanie sempre que ia a casa delas.
Quinn colocou o que estava a ver na televisão na pausa e pousou o gelado no chão, correndo até Melanie.
Abraçou-a e, quando o fez, começou a chorar.
-O Ron acabou comigo, - soluçou. - Do nada! Hoje à tarde!
Melanie tentou afastar Quinn, para tirar o casaco, mas ela não a deixou.
-Mas ele deu-te uma razão, pelo menos?
-Não, - Quinn chorou mais. - Disse que queria acabar comigo, levou-me à estação de autocarros e deixou-me lá!
Ora, isto não surpreendia, de todo, Melanie. Sempre olhara para Ron como se ele fosse um mau da fita.
-Vá, Quinn, respira, - Melanie conseguiu, de algum modo, afastar Quinn de si. - Não te vou deixar ficar assim por causa do Ron! Nem pensar!
-Mas eu quero estar assim, pelo menos hoje, - Quinn fungou. - Quero ver filmes românticos e comer gelado até ter tanto sono que mal consigo abrir os olhos.
Mel sorriu com compaixão, e, desta vez, foi ela a puxar Quinn para um abraço.
-Só hoje, - concordou. - Amanhã quero a minha amiga de volta.
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In Love With Your Art • Calum Hood {au}
Fanfiction-Não sei do que gosto mais, se dos teus quadros, se de ti. -Não sei se me preocupe, se me sinta lisonjeado.