In the darkness / h.s

05.05.2016

                                                              (parte dos cinco capítulos extras)

 Acordo e lembro o dia de hoje , lembro que daqui há pouco pegarei o trem de Paris para Londres , e que em quarenta minutos estarei na minha cidade natal , com um sério medo , minha menstruação não vem há três meses , meu corpo a todo momento se arrepia quando penso que talvez estou grávida , e o de Harry também.

 Ontem a noite sentamos e conversamos sobre esse assunto , mesmo que estejamos muito distantes um do outro por conta da correria dele de gravação do filme e eu trabalhando e me tratando , chegamos a uma mesma conclusão : não posso estar a esperar uma criança.

 Entro na grande estação parisiense , não tão suja quanto a londrina e espero meu trem chegar , é realmente um trem bonito e tecnológico , mas sinto que não estou bem para ficar entrando em minhas redes sociais , e começo a refletir sobre o que ocorreu na noite passada .

" Entro no enorme apartamento alugado em um dos prédios mais luxuosos de Paris , que mesmo estando aqui há um tempo , me assusta com sua grande sala branca e a cozinha americana preta com vermelho. Decido fazer algo para comer até porque o dia foi bem estressante , fiz vários relatórios e previsões comerciais para a empresa . Abro a geladeira e começo a procurar alguma comida , e quando a fecho, olho o calendário e noto que hoje é dia quatro , essa data de alguma maneira é especial para mim , e percebo que minha menstruação deveria ter vindo hoje. 

 Fico desesperada fazendo as contas e realizo que ela não tem vindo há três meses , minha espinha congela  pensando na possibilidade que posso estar grávida , começo a chorar . Sempre quis ter filhos , mas não agora , estou indo para a faculdade , lidando com um processo na justiça e talvez minha vida daqui em diante volte a ser muito ruim ou comece a ser muito boa , e preciso viver essa experiencia sozinha , não seria saudável para um bebê ter esse turbilhão de emoções.

 Choro por um tempo e decido que tenho que falar com meu namorado , não importa o que aconteça , sei que um filho agora , para ele também seria muito ruim . Vejo no relógio que vai dar oito horas , decido tomar um banho e parar de chorar , preciso ter uma conversa séria com ele.

"-Cheguei amor"- diz a minha voz grossa favorita entrando pela sala e me vendo completamente séria sentada em um banco "o que houve para você estar assim?"

"-Harry , precisamos conversar"-digo com o tom mais sério que tenho

"-Ok "-diz ele com a voz receosa

 O conto toda a minha situação , falo que não desce tem três meses , que já marquei o médico e que posso estar grávida , e ele teve a mesma reação que eu 

"-AUDREY , NÃO PODEMOS TER UM FILHO AGORA , COMO PODEMOS TER SIDO TÃO IRRESPONSÁVEIS?"-diz berrando enquanto anda de um lado para o outro

"-E-e-u-u-u n-ã-ã-o s--e--i"-digo chorando encolhendo minha cabeça nas minhas pernas

"-Ok , precisamos pensar , se tivermos esse filho o que fazemos?"-diz meu namorado nervoso 

"-Não sei , não sei , vamos decidir quando vierem os testes"-digo fungando no final da frase

"-Tudo bem , mas vamos resolver isso juntos"-diz o menino das tatuagens me dando um abraço e fazendo cafuné no meu cabelo"

 Quando menos noto já estou no meu destino , vou andando devagar e receosa até o final da estação e olho as ruas de Londres e dou um suspiro , mesmo sendo bom eu estar de volta , este lugar me trás somente lembranças ruins.

 Pego um taxi e vou ao consultório , fico na fila de espera , e ouço meu nome ser chamado , vou caminhando a sala do Dr.Holden com o coração na mão e extremamente tensa , acho que quando ele me viu isso foi a primeira coisa que ele notou.

"-Bom dia , Audrey Moone , certo?"-diz estendendo a mão e começo a analisa-lo , parece estar na casa dos trinta , seu cabelo preto está começando a ficar grisalho , mas seus olhos castanhos  são cheios de vida.

"-Certo"-digo tentando dar um sorriso forçado para relaxar

"-Bem , ok , então , Audrey , se posso chama-la assim.Mesmo você sendo nova , essas coisas acontecem , vou fazer as perguntas de sempre , Ultima vez que teve relações sexuais?"-pergunta em um tom normal

"-Acho que há quatro dias"-respondo desconfortavelmente , nunca falo com ninguém sobre isso.

"-Métodos para proteção?"

"-Bem , sempre tomei anticoncepcional , mas nunca penso que faz efeito pela quantidade de tarja.."-ia falar mas fui cortada pelo médico

"-Tarja Preta?Você toma medicamentos fortes para depressão e problemas psicológicos?"-pergunta ele preocupado

"-Sim, fiquei internada dois anos em um hospital e saí agora"-falo normalmente

"-Audrey , conheço o seu caso e isso é difícil de se dizer , e vamos precisar de testes para comprava esse resultado , e é bom você ter alguém por perto para apoia-la"-diz ele carmentalmente tentando me ajudar

"-Ok , acho que aguento isso"-digo pensando na quantidade de vezes que levei noticias ruins na vida

"-Você é estéril"-informa o medico e sinto meu coração quebrar devagar