ghost

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Oi, queridos. Quero que saibam que sou extremamente grata por cada pessoinha que dedicou um tempo da sua vida lendo essa estória porque ela é muito importante pra mim e cada capítulo tem um pedacinho do meu coração. Obrigada, de verdade. Aproveitem o capítulo, beijos da tia bea.

Jauregui's point of view

Minha vida sempre esteve em perfeita ordem. Digo, sempre tive tudo do bom e do melhor, tudo que eu quisesse. Exceto o que minha alma sempre desejou: liberdade. Por fora, sou exatamente a filha que meus pais desejaram e provavelmente, a melhor do mundo.

Meu pai, Michael, sempre foi muito rígido e nuca abriu deixas para rebeldia, sempre exigiu o melhor. Foi assim com meu irmão mais velho, Christopher, comigo e minha irmã mais nova, Taylor, está seguindo os mesmos caminhos. Michael nunca tolerou falhas e aos olhos dos que estão de fora, somos perfeitos.

Quando Christopher decidiu largar a faculdade de medicina, pro meu pai foi como se tivesse acabado de descobrir que estava com câncer em estágio terminal. Chris tentou explicar de todas as formas que não havia nascido pra se tornar médico e muito menos assumir a direção do hospital. Durante os primeiros meses, meu pai não olhava na cara do meu irmão e por várias vezes, o flagrei dizendo pelos cantos que não havia criado filho pra ser ator. Seis meses depois, vi Christopher arrumar suas malas e sair de casa em busca de um lugar que o aceitasse. Minha mãe, Clara, chorou e tentou convencê-lo a ficar, Taylor encarava a cena e algo no meu intímo, dizia que ela sentia o mesmo que eu. Inveja. Nós invejavámos Christopher por ele ter coragem de se impor e buscar a felicidade, mesmo que isso significasse perder o papai.

"Você só vai viver uma vez, Laur. Sei que você o ama e todo aquele blá blá blá, mas não deixe que ele faça as suas escolhas. Você precisa ser feliz." Era o que Christopher me falava toda vez que eu me desesperava por não me achar boa o suficiente pra responsabilidade que haviam depositado nos meus ombros. Eu o observava parado na varanda do meu quarto, dizendo aquelas coisas como se fosse a coisa mais normal do mundo jogar tudo pro alto. Eu apenas concordava com a cabeça, ele acendia um cigarro e me encarava. "Você tem olhos lindos, Lauren. E tem potencial pra conquistar o mundo e até os outros planetas, se quiser. Isso não seria díficil. Teus olhos possuem uma força equivalente à gravidade, atraem tudo que está por perto. Isso é uma coisa boa. Conquiste o que é seu." E logo depois, apagava seu cigarro no inzeiro que havia no meu quarto unicamente por causa dele, me dava um beijo na testa e saía, me deixando insone pensando em cada palavra dele.

Ultimamente, tenho desejado a liberdade com todas as células do meu corpo. Graças a influência do meu pai, tive os melhores professores e entrei na faculdade aos 17 anos e também graças ao meu pai, um dos melhores neurocirurgiãos de Londres, já cresci sabendo tudo o que precisava saber sobre medicina. Isso resultou em mais 4 anos adiantada pois o conteúdo da minha turma não era o que eu precisava saber. Fui a aluna de ouro, a melhor em tudo que precisei fazer. E hoje estou excercencerdo a minha profissão e tendo a vida virada de cabeça pra baixo por algo que eu me recusava a assumir. Um par de olhos castanhos.

Eu estou realmente preocupada com o caso de Camila, principalmente depois do que vi no ultrassom. O lado bom é que eu sou realmente boa no que eu faço. Mas a medicina nunca é tão exata quanto fazem parecer. Na maioria das vezes, as nossas respostas estão certas, sabemos exatamente pra onde ir ou o que fazer. Mas a vida é um jogo onde os participantes são cegos. Nós devoramos livros, acumulamos conhecimento e isso deveria ser o suficiente, deveria resolver todos os problemas. Mas a verdade é que nem sempre tudo isso basta pra salvar uma vida. Ou nesse caso, duas. Irei me empenhar pra fazer tudo dar certo e trazer essa criança ao mundo saudável. Como tem que ser.

Suspirei pesadamente enquanto observava as gotas de chuva na janela do meu consultório. Hoje o dia estava como eu, chuvoso e pesado. Minha última consulta foi pouco antes do almoço mas eu decidi me enfurnar no consultório até o cansaço me vencer. Precisava de um local pra pensar e mesmo em meio a tudo, nenhum lugar me deixa mais em paz comigo mesma do que esse hospital. Isso pode parecer estranho mas não importa como está sendo o meu dia, só preciso sentir o cheiro desse lugar e já me sinto útil, uma peça importante no jogo da vida. Por isso me entrego de corpo e alma aos meus pacientes.

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