Prólogo

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05.06.2006

-Feliz aniversário, princesa! -vejo um homem de meia idade entrar no quarto com uma bandeja em mãos. Felicidade. Lembro desse sentimento, mesmo sendo difícil identificá-lo e impossível senti-lo.

-Pai, o que é isso? Não é meu aniversário ainda! -essa sou eu. Tenho certeza que sim. Sou eu, certo? Então por que assisto tudo de fora? Aquela sou eu, bem ali. Mas, e aqui? Quem é?

-Faltam apenas vinte minutos, meu anjo. -sou trazida de volta ao momento quando ouço um latido fraco e observo um filhote de labrador correr pelo quarto e pular na cama, se juntando ao homem e sua filha, que estavam sentados na mesma.

-Hey, buddy! Daqui a pouco já vou ter seis anos e então, serei grande o suficiente para poder segurar sua coleira sozinha pelo parque! Certo, papai? -a garotinha questiona animada, enquanto acariciava o filhote, esperando uma confirmação do pai.

-Claro, meu amor. -o homem concorda, com um sorriso carinhoso direcionado à filha. Sinto uma lágrima quente e grossa escorrer pela minha bochecha esquerda e quando vou secar, percebo que é sangue. "Droga, de novo não". Logo ouço o som da campainha tocar e um medo esmagador toma conta de mim, me paralisando. Ouço passos se aproximando e sei que está chegando, mas não consigo me mover. O desespero só aumenta e sinto uma dificuldade enorme de simplesmente continuar respirando. Posso ouvir meus batimentos cardíacos num ritmo frenético e sei que é tarde demais. A última coisa que meu cérebro consegue processar é a imagem da garotinha na cama, sussurrando enquanto olha pela janela.

-Eles estão aqui!

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