Estou assustado.Os últimos dias não foram os melhores. Sinto que algo além da minha sombra me segue por todo lugar. Talvez eu esteja ficando paranoico, mas a sensação aumenta a cada dia, hora, minuto... Isso cresceu dentro de mim. Isso está tomando conta de todos os meus sentidos, e talvez esteja prestes a ficar louco.
Tenho recebido mensagens anônimas de alguém que aparentemente me ama. Isso está ficando sombrio. Bloqueei o usuário por ele encher minha caixa de mensagens, mas parece que a pessoa sempre cria outra conta. Tentei dialogar com seja lá quem for.
"Eu te amo tanto, porque você continua me bloqueando? Facilite as coisas, sei tudo sobre você"
"Eu não te conheço, para de mandar muita mensagem, por favor..."
"Mas eu te vejo todos os dias na faculdade.
Eu sei onde você mora.
Eu sei o que você gosta de comer.
Eu sei tudo sobre você."
"Cara, vai se tratar, você tem problemas '-' "
"Mas eu te amo...."
"Eu não conheço você, pare com isso."
" ...... "
Senti um desconforto na garganta. Era alguém que eu não conhecia, mas que estava no meu dia a dia.
Fazem seis dias que o usuário parou de mandar mensagem. As ruas ficavam mais vazias, pois as férias haviam chegado para alguns. Como não tenho uma ótima condição financeira, voltava a pé pra casa.
E neste último dia, me certifiquei de ir o mais rápido que podia ainda meio paranoico. Tranquei todas as portas assim que cheguei em casa, sentindo um imenso alívio. Talvez aquilo iria embora agora.
Feliz por não ter mais aquela preocupação, fiz carinho na cabeça do gato que tenho em casa.
-Seremos só eu e você agora, Mya.- Falei para meu gato, tentando preencher a solidão que era morar sozinho.
Fui tomar banho e deixei o celular tocando música junto. A água quente relaxava, e minha mente estava vazia...
O telefone toca.
Me enxugo rápido e atendo o telefone. Estava mudo por alguns instantes, mas ouvi uma respiração ofegante e rouca.
"Você deveria conferir se sua porta trancou mesmo."
O desespero tomou conta de mim. Corri até a sala suando frio.
A porta estava fechada.
"É um trote" pensei. Xinguei e desliguei.
Fui andando até o banheiro para terminar de tomar banho, quando vejo um rastro vermelho ir até o banheiro.
Caminhei até o box do banheiro, quando vi o gato com as tripas pra fora.
Peguei os primeiros socorros e tentando salvá-lo, senti o hálito podre e quente no meu ombro.
Algo pingava nas minhas costas.
Com as mãos trêmulas, aquilo ecoou:
" Agora podemos nos conhecer."
