O Livro

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Hoje, o Logan e o Shawn vieram buscar-me a casa. Reparei que o Logan não parava de olhar para mim e aquele olhar não me agradou nada. Chegámos à escola e o Shawn afastou-se para ir falar com uns amigos. Assim que ficámos sozinhos, o namorado da Rachel agarrou na minha mão e levou-me para um sítio mais escondido.

"Aqui estamos mais à vontade!" – comentou. Não gosto disto! Ele começou a aproximar a sua cara da minha, mas eu afastei-me.

"O que é que pensas que estás a fazer?" – perguntei um bocado irritada. – "Tu és o namorado da Rachel!"

"Ela não precisa de saber, fica só entre nós!" – disse voltando a aproximar-se.

"Ela é minha amiga. Eu nunca lhe faria isso! O melhor é afastares-te de mim. Não brinques com o fogo senão queimas-te!" – avisei e sai dali.

Fui em direção ao bar e encontrei a Mack. Ela veio logo ter comigo com um sorriso de orelha a orelha habitual nela.

"Que cara é essa? Tens de sorrir mais!" – exclamou.

"É o Logan! Tentou beijar-me." – admiti.

"Ele é sempre assim. A Rachel sabe, mas fica bem andarem juntos, dá estatuto!" – disse com um tom de desaprovação.

"Se calhar ela gosta mesmo dele! E tu não estás apaixonada por ninguém?" – perguntei mudando de assunto. Ela parece assim meio aluada, mas é tão querida. Deve ter imensos rapazes atrás dela.

"Mais ou menos!" – disse tímida – "Eu gosto de um rapaz, mas acho que ele não está interessado em mim!"

A Mack está apaixonada por um rapaz do clube de xadrez e acha que ele não gosta dela. É claro que gosta! No outro dia reparei que ele não para de olhar para ela ao almoço.

"Vai falar com ele!" – incentivei. Ela sorriu para mim e foi ter com ele. Acabei de ser abandonada!

No outro dia, li na internet que com o feitiço certo se podem trazer os mortos à vida. Dizem que é simples. Decidi ir à biblioteca ver se eles têm algum livro de feitiços. Sinto-me tão estúpida!

Entrei na biblioteca e infelizmente estava cheia. Fui discretamente até à bibliotecária e perguntei se havia algum livro de magia. Ela olhou para mim admirada, mas guiou-me até à estante que tinha uns 5 livros desse género. Escolhi o maior e requisitei.

Estava a sair da biblioteca quando vou contra alguém e deixo cair tudo, incluindo o livro de feitiços que eu não queria que ninguém visse. Olho para a frente vejo o Shawn.

"Que livro é este?" – perguntou tentando agarrar no livro que acabei de requisitar.

"Livro de história!" – menti agarrando no livro bruscamente.

"Calma! Eu não te roubo o livro, só quero ver!" – disse o Shawn um bocado admirado com a minha atitude.

"Não há nada para ver. É um livro velho e chato que eu preciso para um trabalho!" – quase gritei.

Ele ergueu as mãos em forma de rendição e eu sorri nervosamente. Quando já estávamos perto da sala de aula, o Shawn parou de andar e virou-se para mim.

"Nós não temos história Bella. O que é que me estás a esconder?" – perguntou desconfiado. Eu sou tão má mentirosa. Tenho tantas disciplinas e fui logo dizer que o livro é de uma que eu nem sequer estudo.

"Nada, é só um livro parvo!" – tentei fugir ao assunto, mas o olhar dele mostrava que não estava nada convencido com a minha desculpa esfarrapada. – "Pronto! É um livro de feitiços. Já te podes rir!"

"Não sabia que acreditavas nessas coisas!" – comentou tentando conter o riso.

"E não acredito. É só curiosidade!" – adverti e entrei na aula sem perder tempo.

Durante a aula de matemática escondi o livro de magia com o livro de exercícios e estive todo o tempo a tentar encontrar o feitiço que queria, mas o livro é tão grande que só vi 50 páginas e nem cheguei a meio.

No final da aula o professor pediu para falar comigo e deu-me um castigo por ter estado sem atenção na aula, ou seja, tenho de ficar na escola depois das aulas. Nem me parece mau de todo.

...

Castigo. É onde eu estou neste momento. Estou numa sala com um monte de rapazes e raparigas a mascar pastilha elástica e a escrever nas mesas. O professor não tira os olhos de cima de nós. Tem um olhar penetrante por trás dos óculos redondos. Quis continuar a ler, mas tornava-se impossível com tanta gente na sala.

"Nunca pensei ver-te por aqui!" – comentou um rapaz todo vestido de preto, com um percing no nariz e com aquele olhar parvo. – "Pareces toda betinha!"

"Pois, eu também não esperava estar aqui!" – disse friamente.

Ele não parava de olhar para mim e o tempo não passava. Foi a hora mais longa da minha vida. Quando finalmente o Sr. Roberts nos deixou sair, fui à papelaria e estava lá o Shawn.

"Ainda por aqui?" – comentei.

"Sim, estamos todos à tua espera!" – respondeu apontando para a outra ponta do pavilhão.

Olhei para onde ele apontava e estavam lá todos. A Rachel, a Mack, até o Logan. Todos à minha espera. Não demonstrei, mas fiquei bastante feliz. Eles lembraram-se de mim.

"Vamos todos para tua casa e vamos experimentar um feitiço do teu livro!" – prosseguiu.

"Tu contaste-lhes?!" – ele acenou com a cabeça em sinal de afirmação. – "Porquê? Agora vão achar que eu sou maluca. Eu própria acho que sou maluca!"

"Até vai ser giro!" – riu-se. – "Nenhum de nós é normal. Por exemplo a Mack todos os dias diz que há um lobisomem na escola."

Se calhar eu não sou assim tão estranha. Mas porque é que toda a gente acha que os lobisomens existem. Metade homem, metade lobo?! Isso é impossível.

...

Todos estavam muito entusiasmados com ideia de fazermos um feitiço. A Rachel e a Mack lutavam pelo livro e os rapazes tentavam acalmá-las. Nunca pensei que ia ser assim. Depois de muita luta, a Rachel conseguiu o livro e escolheu um feitiço básico: levitar. A seguir a outra discussão decidimos que o objeto que iriamos fazer levitar era o meu telemóvel. A Mack leu o que era preciso para fazer o feitiço. Óleo de côco, álcool, 1 vela perfumada e recomendavam que fechássemos as janelas. Trouxe tudo o que era necessário com a ajuda do Logan. Acendemos a vela, colocámos o telemóvel perto da mesma e regámos à volta com o álcool e com o óleo.

"Quem é que vai dizer o feitiço?" – perguntou a Mack visivelmente entusiasmada.

Todos sugeriram que fosse eu, mas como estava um bocado nervosa com o que podia acontecer propus um sorteio. O "vencedor" foi o Logan, que reclamou imenso.

Depois de respirar fundo umas 30 vezes, o menino decidiu pronunciar o feitiço. Nada aconteceu. Ele repetiu por insistência da namorada e o telemóvel mexeu-se. Ele voltou a repetir e o telemóvel levantou-se de verdade. A Rachel e a Mack gritaram, mas eu, por outro lado, fiquei estática.

"Deve ter sido uma corrente de ar!"

"Primeiro, as janelas estão fechadas e segundo, os telemóveis não costumam levantar-se com o vento." – contrapôs o Logan.

Infelizmente, tenho de concordar. Senti a minha cabeça andar à roda. Eu sei que vejo fantasmas, mas isto é demais até para mim. Magia? Eu pensava que isso só existia nos contos de fadas e dos mais rascas. Mesmo assim há uma réstia de esperança para trazer os meus amigos de volta!

Desculpem o atraso

Ghosts of the PastOnde histórias criam vida. Descubra agora