A chamada

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"Queres que vos deixe sozinhas?" – perguntou amavelmente o Patrick.

Não é necessário tento em conta que depois lhe vou contar tudo. Passados uns minutos eu já tinha visto todo o apartamento de Patrick. Era pequeno, mas muito giro. Tinha apenas um quarto e a cozinha estava ligada com a sala. Em cima da sua secretária estava um monte de papéis. Deduzi que fossem testes e fichas de trabalho por corrigir.

"Deve ser a Melissa!" – exclamei quando ouvi o barulho ensurdecer da campainha. O Patrick acenou com a cabeça em sinal de afirmação e abriu a porta. Apresentou-se à agente e sentou-se perto de mim.

"O teu amigo é giro!" – sussurrou-me Melissa ao ouvido.

"Pois, pois! Vamos falar do que é realmente importante!" – disse rispidamente. – "O que é que o "assassino" disse na chamada?"

A Melissa contou-me que quem estava do outro lado da linha tinha uma daquelas aplicações para modificar a voz e que mandou os polícias pararei de o procurar. Afinal eles nunca arquivaram o caso. Ele ameaçou matar pessoas inocentes. Lágrimas escorriam pelos meus olhos depois de saber que ele ou ela é relativamente próximo de mim, pois sabe que eu também ando a investigar.

Depois de ela ter saído do apartamento, Patrick abraçou-me com força e avisou-me:

"Para com isto. O melhor é deixar a polícia trabalhar. Nem os teus pais, nem eu merecemos perder-te. Já percebeste que ele ou ela é perigoso!"- pediu Patrick um pouco rígido.

"Os meus pais sempre gostaram mais da Martha e tu não ias sentir a minha falta." – disse convictamente.

"Não sejas parva Bella! Os teus pais não iam aguentar perder outra filha e eu adoro-te e conheço-te à tempo suficiente para perceber que és fantástica."

"Patrick, tu é que és fantástico e vais substituir-me num instante. Se não me quiseres ajudar mais eu compreendo, isto é um problema meu e eu não que nada te aconteça." – disse aproximando-me da porta.

"Bella!" – chamou o meu professor de biologia. – "Eu vou ajudar-te no que precisares. Sempre! Não te esqueças disso!"

Sorri e sai de sua casa. Nunca pensei encontrar um amigo assim. Estava quase a entrar em casa quando recebo uma mensagem da Mack: «Vem ter comigo a minha casa. Dormes cá! Tenho novidades! J».

Avisei a minha mãe do meu programa para a noite e arranjei umas coisas para levar para casa da minha amiga. Toquei à campainha exatamente 40 minutos depois de ter lido a mensagem.

A porta foi aberta por Rachel, que me puxou para dentro com brutidade. Entrei no quarto de Mack e o que vi não me surpreendeu. O seu quarto é tão colorido como a sua alma. O sorriso na sua cara iluminava toda a divisão.

"Contas as novidades!" – pediu curiosamente Rachel.

"Segui o teu conselho Bella e agora eu namoro com o Lucas!" – anunciou radiante.

"Quem é o Lucas?" – perguntou Rachel.

"O capitão do clube de xadrez!" – respondeu Mack orgulhosamente.

"Eu disse-te que ele gostava de ti!" – exclamei feliz pela minha amiga.

"Ele é um nerd amiga. Arranjas bem melhor!" – afirmou Rachel um pouco arrogante.

"Não digas isso Rachel." – repreendi. - "Até pode ser nerd, mas se fizer feliz a Mack e não a magoar não vejo porque não ao de namorar!"

Depois do infeliz comentário da Rachel a noite foi passada com a Mack a falar do novo namorado. Já por volta da meia-noite o meu telemóvel toca e a minha amiga apaixonada avisou-me que era número privado.

"Estou?!" – perguntou um pouco receosa.

"É só para avisar. O melhor é esqueceres que eu existo. Acredita, eu fiz-te um favor naquela noite. Se não desistes de me tentar encontrar alguém vai dar-se mal." – disse uma voz do outro lado.

Desliguei aterrorizada. Não consegui disfarçar o quão assustada eu estava. Ambas as raparigas olhavam para mim como se fosse uma aberração e perguntavam constantemente se estava bem e quem me tinha ligado.

"Foi engano!" – gaguejei.

Como eu sou uma ótima mentirosa, elas não acreditaram e insistiram. Acabei com a conversa com um pouco de agressividade.

...

No pátio da escola e olhava em volta para ter a certeza que ninguém me observava. Já estava quase a tocar quando vejo a polícia a entrar pelos portões brancos da instituição.

"O que é que estão aqui a fazer?" – perguntei. Nunca senti tanto medo na vida.

"Vimos investigar!" – respondeu um agente com naturalidade.

"Não podem. Esqueçam o que aconteceu em Dublin." – exigi. O polícia franziu o sobrolho e afastou-me para poder passar. Falou com o diretor e ambos entraram para dentro da escola.

...

"Bella podes responder à pergunta?" – perguntou o Sr. O'Neil. Olhei para cima e toda a turma me observava.

"Desculpe professor, mas eu não ouvi!" – admiti baixinho.

O professor repetiu a questão e um pouco distraída respondi. A minha mente estava na chamada que tinha recebido. "Alguém vai dar-se mal!". Se eu continuar a procurá-lo posso magoar alguém, no entanto eu quero tanto saber quem é.

Já estava a arrumar as coisas para sair da aula quando o Patrick pediu para falar comigo. Esperei que todos saíssem e o Shawn disse que esperava por mim junto ao meu cacifo.

"O que é que se passa Bella? Estiveste ausente a aula toda." – observou ansioso.

"Nada. Eu não dormi muito esta noite, fui para casa da Mack e já sabes como é!" – afirmei um pouco abatida.

"A mim não me enganas! Pensava que confiavas em mim!" – ele estava claramente a fazer chantagem emocional.

"E confio, mas se não tenho a dizer!" – menti e fui ter com o Shawn.

"O que é que o Sr. O'Neil queria?" – perguntou o Shawn enquanto guardava os meus livros no cacifo.

"Nada de mais. Queria saber se está tudo bem!" – respondi com indiferença.

"E está?" – perguntou com um sorriso doce. – "Sabes que podes confiar em mim!"

Acenei com a cabeça em sinal de afirmação e fomos para o pátio comer e conversar um bocado. O Shawn olhava para mim como se conseguisse ver através da roupa e sorria ao mesmo tempo.

"Se alguma coisa te preocupa podes dizer!" – afirmou. – "Podes desabafar comigo, eu não conto a ninguém."

"Obrigada! É bom ter alguém com quem se pode falar, mas não te preocupes, eu estou ótima." – menti.

Continuamos a conversar e senti o meu telemóvel vibrar. Olhei para o ecrã e estava escrito 'Patrick'. Abri a mensagem e esta dizia: "Nunca pensei que escondesses coisa de mim.". Nunca conheci ninguém assim, só falta dizer que deixa de me ajudar. Respondi simplesmente: "O assassino tem o meu número" e desliguei o aparelho eletrónico.

Ghosts of the PastOnde histórias criam vida. Descubra agora