Ghosts of the Past

O começo de tudo

Este mês foi pacífico, não aconteceu nada de especial e, com os testes, não procurei o "assassino" e ele não me ligou mais.

Liguei à Mack, mas ela rejeitou. Tentei de novo pois queria ver um filme com ela, porém a rapariga não atendeu. Vi o filme sozinha e antes de dormir tentei de novo. A resposta foi a mesma, ou seja, nenhuma.

...

Cheguei à escola e o pátio, estranhamente, estava vazio. Entrei no pavilhão e não tinha ninguém. Pensei que estivesse atrasada, olhei para o relógio e ainda não apontava para as 8 da manhã. Andei mais um pouco e vi um grupo enorme de alunos junto ao placard das informações. Nunca ninguém quer saber do que está lá afixado.

Aproximei-me, furei a multidão e olhei para a notícia que parou a escola. No placard estava um papel com a foto de Lucas e dizia 'Desaparecido'. Olhei para o lado e lá estava Mack à beira das lágrimas. Cheguei-me perto e abracei-a.

Arrastei-a do meio de todas aquelas pessoas e levei-a para a casa de banho.

"Tem calma!" – pedi.

Nunca tinha visto a Mack assim. Desde que a conheço ela é muito sorridente e positiva. Já sem saber o que fazer, mandei uma mensagem à Rachel: "SOS casa de banho."

Depois de uns bons 10 minutos, a Rachel decidiu aparecer. Trocamos olhares preocupados e Rachel aproximou-se da amiga e abraçou-a. Ouvi-a sussurrar:

"Vai tudo correr bem!" – Mack olhou para mim e eu dei um leve sorriso em confirmação.

"Hoje à noite vamos à floresta e procuramos o Lucas!" – afirmei.

A Rachel olhou para mim apavorada. Encolhi os ombros como que a dizer: 'Temos de fazer isto por ela.'

...

"Vamos mesmo entrar ali? É de noite e a floresta é assustadora!"- perguntou Rachel.

"Pessoalmente, acho a floresta mais assustadora durante o dia!" – olharam todos para mim como se eu tivesse dito uma aberração. – "O que foi? Se não vêem não vos assusta! Ou têm medo do escuro?"

Dividimo-nos em grupos, eu e o Logan para um lado e o Shawn, a Mack e a Rachel para outro. Fiquei com o Logan porque pensei que a Mack precisa de pessoas sensíveis do seu lado e Logan não é uma dessas pessoas.

Eu e o Logan caminhávamos pela floresta em silêncio. Os únicos sons ouvidos eram o da nossa respiração pesada e o vento por entre as folhas das árvores.

"Achas que o vamos encontrar aqui?" – perguntou o rapaz quebrando o silêncio.

"Tenho cara de adivinha?" – ironizei. – "Espero bem que não!"

Andamos às voltas pela floresta durante horas e não encontrámos nada. Nem o Lucas, nem os nossos amigos. As iniciais 3 horas foram pacíficas, mas depois o Logan começou a ficar impaciente e iniciámos uma discussão.

"Então vai-te embora! Já não te posso ouvir!" – gritei, pois ele estava a afastar-se.

Andei pouco mais de um metro e gritei. Eu não estava a acreditar no que estava mesmo à minha frente.

"O que é que se passa?" – ouvi o Logan perguntar, enquanto corria por entre os arbustos.

"Precisamos de uma ambulância. Encontrei o Lucas." – anunciei mais assustada do que nunca.

Lucas. Estava à minha frente. Morto. Ele estava ali no chão, mas a sua cabeça não estava junto do corpo. Alguém o matou da pior maneira. Alguém lhe cortou a cabeça. Havia sangue por todo o lado. Por mais que quisesse eu não conseguia desviar o olhar daquele cenário macabro.

"Quem teria coragem de lhe fazer isto?" – perguntou Logan horrorizado.

"Não sei, mas parece que temos um novo assassino na cidade." – declarei. – "Não podemos contar à Mack que o vimos decapitado!" – disse decididamente depois de uns instantes.

"O que é que queres dizer com isso?"

"Que temos de inventar uma história. Já imaginaste o que ela iria sentir? Nós vamos dizer que ele foi esfaqueado no coração."

Ele acenou com a cabeça e nesse momento ouvimos as sirenes da ambulância e dos carros da polícia. Assim que viram o corpo, os médicos colocaram-no numa maca e a ambulância desapareceu rapidamente. Os polícias e os cientistas forenses ficaram a investigar. Enquanto falavam com o Logan recebi uma mensagem: "Pensavam que eu estava a brincar? Ele é só o começo, se não pararem de me procurar, mais inocentes morrerão!"

Gostava de ser daquelas pessoas que só recebe mensagens das operadoras telefónicas. O agente que estava a tomar conta do caso fez algumas perguntas de "rotina", mas eu respondi a poucas. A verdade é que eu não sabia nada.

...

"Lamento Mack!" – disse depois de lhe mentir sobre a morte do namorado.

Ela apenas chorava agarrada ao Shawn. Ninguém sabia o que havia de dizer para consolá-la. Olhávamos uns para os outros tristes e com pena da Mack. Estávamos em silêncio, apenas se ouvia o choro da Mack, quando:

"Bella Marin e Logan Russel, venham imediatamente ao gabinete do diretor!" – ordenou a Sr.ª Carter através do altifalante.

Entreolhamo-nos e dirigimo-nos até ao gabinete do diretor a pensar se tínhamos feito algo de errado. O Logan bateu à porta e ouvimos uma voz a dizer-nos para entrarmos. Entrámos e não estava só a Sr.ª Carter dentro da sala, mas também o Sr. Shaw. Acomodámo-nos nas cadeiras do gabinete e logo o psicólogo começou a falar:

"Já soube da situação lamentável a que vocês assistiram e estou aqui para vos ajudar. Hoje, depois das aulas, vão ter terapia comigo!" – anunciou.

"Nós não precisamos de nada disso!" – dissemos em uníssono.

"É normal vocês não quererem, mas precisam. Às 16h no meu consultório."

Saímos do gabinete da Sr.ª Carter e cada um dirigiu-se para a sala. Não bastava ter um psicólogo? Ainda por cima o Dr. Shaw não parece propriamente normal. Esta terapia vai estragar os meus planos. Ia falar com a Melissa para pararem de procurar pelo "assassino", mas parece que vai ter que ser amanhã.

...

Estávamos sentados no sofá do consultório do Dr. Shaw. Eu e o Logan estávamos em silêncio e olhávamos aborrecidos para o psicólogo que apenas nos observava.

"Então, o que vos preocupa?" – perguntou ao fim de 10 minutos.

"Estar a perder um treino de Lacrosse para estar nesta palhaçada!" – respondeu agressivamente o rapaz.

O psicólogo abanou a cabeça e tomou umas notas no que penso ser o nosso registo. Olhou para mim como que a pedir uma resposta à sua pergunta.

"A mim nada me preocupa!" – disse.

"Falem comigo! O que é que é que sentiram quando viram o Lucas morto?"

"Que o namorado da minha melhor amiga estava morto e que quando ela soubesse ia ficar de rastos! Já podemos ir?" – perguntou o Logan bufando.

O Dr. Shaw não nos deixou sair. Disse que temos de desabafar. Inventei umas coisas e o Logan outras. Parecia que ele estava à espera que tivéssemos problemas. Foram as 2 horas mais longas da minha vida!