•N É V O A•
•07:35 pm•Eu observo.
Das sombras e para as sombras. O dilema silencioso e mortal que sentencia a realidade atordoante que sempre me cercou, anuviada e indiferente enquanto meus olhos a seguem como uma sombra gradativa, cujas sensações no peito seguem linhas e tendências suicidas. Talvez ela não saiba, mas a forma como bate os cílios me incita a querer explodir o mundo, um grave problema que precisa ser corrigido o mais rapidamente possível. Porque esta é uma hipótese bem razoável e real demais a ser considerada. O que logo me diz que é uma grande possibilidade.
Nada bom. Nada Bom.
Desvie os olhos! Vá embora!
Mas eu acabo de descobrir uma nova fonte de vontade própria escandalosamente forte muito insistente em meu corpo nesse exato momento, e meu cérebro se nega a enviar a informação. Trinco os dentes. É diferente andar sob a luz novamente. A sensação, é parecida com a de ácido sob a pele, corroendo vagarosamente os tendões numa incrível sensação dormente. Pequenos veios de energia quente serpenteando mórbidamente pelas extensões mais cruas de meus tecidos. É ótimo, pulsante, meio horrível por um tempo, mas revigorante. Algo para me distrair, que acaba não funcionando muito.
Ela não sabe que estou aqui.
Na verdade, ela sempre sabe. Mas no geral, ela esquece. Porque a névoa cobra seu preço e relembra meus pesares antes que alguma coisa mais possa acontecer. E me encontro num dilema de vontades bifurcados, onde não sei se agradeço ou maldigo. Por via das dúvidas, eu amaldiçoo.
Mas meu corpo ainda não se meche, ainda mais porque descobriu uma nova mecha teimosa cutucando o canto arredondado de sua boca.
Maldito inferno.
A pressão de meus dedos irritados contra a lataria fervente do carro exerce um efeito vulnerável quando meus tendões se tornam rijos, todos os cinco se afundando na textura rígida como se ela fosse feita de geléia.
Então, eu apenas observo.
E enquanto isso, eu sou tudo, e sou nada. Sou direcionado, mas também indefinido. Uma curva incerta no caminho retilíneo. E eu vou tecendo as estradas, decidindo os caminhos e tirando sorte com os azares. Agregando a existência e despistando o furor da vida.
Mas não com ela.
Seu escudo é perfeito, impenetrável, incomparável. É a obvia remanescência de uma raça ambígua que deveria ter deixado de existir há muito tempo. Ela é a única que pode ter cronometrado o apocalipse em todos os mundos, caso contrário, sua proteção não seria tão forte.
Ela seria vulnerável. E estaria a salvo de mim.
Antes dela, as coisas eram mais fáceis.
A descisão, a ceifa, a coleta, o ato em si e a declaração definitiva no rabisco do destino. Seria apenas resolver e buscar o próximo ponto brilhante na rota. Mas a sensação estagnada de impotência ainda pulsa insistente em minhas veias enquanto pisco.
O único modo que conheço de resolver problemas grandiosos invade minha mente, secando minha boca e trincando uma camada importante de alguma coisa dentro de meu peito.
Vou impedir. Vou aniquilar. É pra isso que fui criado. E mais exatamente, o porque de estar aqui.
E enquanto observo, apenas percebo novamente que todos os comentários exteriores são verdadeiros.
Estou aqui, porque os ouvi, desacreditei, e decidi criar uma curva no caminho, vindo ver com meus próprios olhos.
Meu pior erro.
A névoa se condensou, estremeceu, e a protegeu novamente...
Mas também me envolveu.
Desastre.
Então, eu apenas observo. Novamente.
Mas nada será como antes. Tudo acabou de só piorar.
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OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL, COM OS DEVIDOS DIREITOS AUTORAIS RESGUARDADOS. PLÁGIO É CRIME.Escrito por Christyenne A.C. em wattpad.com
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Não Tente Lembrar DEGUSTAÇÃO
Fantasy"Não olhe para trás! Se você ficar, ele te pega, se você correr, ele te alcança." Jamie Happer nunca entendeu o real sentido das estranhas palavras de sua falecida avó, até aquele estranho bater em sua porta lhe dizendo que o fim estava chegando, vi...