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"Por muitas vezes, me sinto em uma cidade fantasma - sem ninguém para me consolar - ou até mesmo sentir o que sinto. Me sinto sozinho no meio de tantas mudanças, mudanças de comportamento, mudanças de hábitos, mudanças de muitas coisas.

Talvez meu maior medo seja o da mudança, a zona de conforto é bom para quase todas as pessoas. Mas sei que como qualquer coisa, as mudanças devem acontecer e isso é algo natural. Mas o que não consigo entender é modo como elas acontecem tão rápido, principalmente quando estamos falando em sentimentos ou relacionamentos.

O modo como as pessoas se relacionam nos dias de hoje me assusta, como tudo pode ser tão rápido e repentino, o simples clicar pode mudar uma vida, uma história, é louco pensar que agora posso estar escrevendo um poema triste e num segundo posso estar feliz escrevendo um poema feliz para alguém que escolhi passar o resto da minha vida.

Essas mudanças me fazem pensar principalmente no modo como as pessoas se relacionavam nos tempos antigos, como tudo era algumas décadas atrás. Basta um simples clique e milhões de links apareceram em nossas telas, basta uma pesquisa para saber como era antigamente e como estão nos dias de hoje.

Analisando o passado, não que eu me prenda nele, percebo que as pessoas se mantinham em um relacionamento sério por muito mais tempo do que nos dias de hoje, não sei o porquê, mas as pessoas estavam dispostas a passar suas vidas ao lado de outras pessoas, muitas vezes sem ao menos conhecer o rosto daquele que passaria o resto de sua vida!

Pense um pouco, é engraçado né? Antigamente as pessoas eram "destinadas" a casar-se, afinal os pais, por alguma razão, mas quase sempre dinheiro, faziam votos por seus filhos, prometendo sua mão a de outra pessoa sem ao menos saber se era isso o que desejava.

Os tempos eram outros e o modo das pessoas pensarem também, hoje seria uma loucura caso uma mãe destinasse a mão de sua filha a um pretendente qualquer.

Loucura não, um absurdo!

Ora ora, mas porque seria tanto assim um absurdo, pense mais um pouco.

Será que os relacionamentos não duravam mais por conta disso?  As pessoas não tinham o menor sentimento pelo pretendente, mas, mesmo assim, estavam dispostas a viver uma vida com outra pessoa.

Quando uma pessoa é destinada a outra, sem saber seus gostos, seus costumes, suas crenças, a pessoa é forçada a sair de sua zona de conforto e conhecer o parceiro que irá viver ao seu lado. Esse ato, de conhecer a outra pessoa pode ser a chave para todos os problemas que encontro nos dias de hoje, dias de cliques e mais cliques, fotografias, insinuações e muitas outras coisas.

A vontade de conhecer aquele que vai passar os dias contigo pode despertar algo, um sentimento bom, ou até mesmo ruim, mas a convivência, a vontade, pode ser o ponto faltante, e porque as pessoas estão deixando de conhecer uma as outras?

Porque as relações estão cada vez mais superficiais e jogadas ao vento, como se o amor não fosse importante?

Desde o dia em que vi um filme chamado Moulin Rouge: Amor em Vermelho, a frase que um dos boêmios amigo de Christian, interpretado por um grande ator, diz ao longo da trama, em uma das cenas mais maravilhosas que já assisti:

"A coisa mais importante que se pode aprender na vida, é amar. E em troca amado ser"

Não espero que você compartilhe dessa minha angústia de ser amado a todo custo, ou então de ter a necessidade de amar, sempre e sempre, apenas espero que compartilhe do sentimento que vivo, sinta e então me diga, amar não é a coisa mais importante que se pode aprender?

Christian ao amar Satine e então fazer das tripas coração por sua amada, com um destino cruel, ele estava errado? Não se conheciam, estavam em uma época bem diferente e o amor simplesmente aconteceu, sem brincadeiras.

Muitas vezes, quando estou pensando sobre se um dia encontrarei alguém que eu possa compartilhar dos mesmos sentimentos, lembro-me do que já vivi. Dos arrependimentos que passei ao longo desses 25 anos.

Sentir o beijo de quem já não quer mais ser beijado, sentir o toque daquele que me tocou somente por interesse ou então sentir tudo o que me fazia vivo ser desmoronado na minha frente e eu não poder fazer absolutamente nada, me faz pensar e pensar e pensar se um dia encontrarei alguém que me faça vivo novamente.

Voltando para o foco, os dias atuais em relação aos antigos no modo como as pessoas se relacionam - posso te orientar a fazer agora mesmo uma pesquisa no seu navegador - pesquise como encontrar um namorado, como encontrar alguém, tenho quase certeza, se é que os tempos já não estão diferente, que sua pesquisa lhe dará links de:

"tantos aplicativos para encontrar namorado"

"namoro do tinder já dura mais de 10 anos"

"conheça os melhores aplicativos para relacionamento no android".

As tecnologias evoluíram, as cartas viraram impressos, e as letras, manuscritas, viraram teclas que utilizamos diariamente, sendo elas no celular, desktop ou computadores portáteis.

A importância das palavras já não tem mais o mesmo significado, qualquer pessoa pode camuflar um sentimento por de trás de uma tela.

Hoje posso estar feliz e amanhã, se eu bem entender, posso ser a pessoa mais triste do mundo. Mas tenho uma certeza, no fundo do meu peito, o amor ainda existe.

O amor ainda existe para as pessoas que estão dispostas a deixar de lado a superficialidade de relacionamentos rasos por sms, por chats e olharem umas nos olhos das outras e dizer o que sente, assim, cara a cara.

Sabe porque acredito no amor? Simples, venho de uma família de pais que são felizes e perduram um bom tempo, mais de 25 anos juntos sem, nem se quer, se abalarem com a evolução repentina dos dias de hoje.

Longe de mim criticar as tecnologias, afinal utilizo e usufruo na mesma, ou até maior, proporção que você.

Crítico o modo como as pessoas estão pensando, como tudo é muito passageiro e sem importância.

Minha cabeça gira, gira só de pensar que ficarei só por uma eternidade que não sei onde é o fim, temo em não encontrar alguém para passar os dias e por isso escrevo cada letrinha nesse blog, que minhas palavras sirvam de inspiração e vocês olhem mais nos olhos dos outros, não importa onde ou quem, apenas tire os olhos da tela e vá abraçar alguém nesse momento."

Por: Jamie Morgan

Os olhos de Ivan estavam cansados de tanto ficar na frente do computador, seu quarto estava uma bagunça e sua mãe já lhe dará o aviso para arrumar, umas três vezes.

Depois de assinar o post em seu blog, com  seu pseudônimo, um nome que viu em um dos filmes que seu ator favorito é protagonista, fechou o notebook, tirou os óculos do rosto e ficou esfregando os olhos por uns 5 minutos.

Ivan é mesmo esse apaixonado que diz ser mas caiu em contradição, ele utilizou um dos métodos que critica em seu texto sobre as relações atuais, em seu smarthphone, o veneno dito por ele mesmo, fixou seu olhar nas telas e com o dedo escolhia quem era do seu perfil ou não no aplicativo chamado Tinder.

Era positivo para a direita e negativo para a esquerda, passou uns três rapazes e então um de cabelo cacheado apareceu na tela, com o olhar cerrado e um sorriso no rosto leu:

- Gabriel, bonito, parece ser alto, DROGA, é mais novo que eu.

O interesse passou e então fechou o aplicativo e jogou do lado do travesseiro.

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⏰ Última atualização: Jan 08, 2018 ⏰

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