O Inicio do Cerco

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Maxy sentia como se sua cabeça estivesse prestes a explodir.

As imagens saltavam como flashs ​em sua cabeça e as sensações atravessavam seu coração como lâminas, mas sempre mantinham a mesma ordem: Primeiro, sentia um profundo e avassalador amor, tão forte que parecia esmagá-lo; Segundo, sentia um terrível pesar e a sensação de que seu destino já estava fadado a muito tempo; e por último, sentia o desespero e a dor da morte tocando seu corpo e consumindo sua alma como uma chama em madeira. Talvez fosse apenas um sonho, um sonho repetitivo e preditivo.

Mas entre todas as sensações e imagens, algumas se destacavam. Estava em um castelo, seu cabelo era dourado-pálido e chorava aos pés de uma Igreja de Mármore, seu grito de dor ecoando por todo o mundo em forma de destruição, mas nessa não sentia o desespero da morte. Logo depois voltava para uma floresta escura, banhada pela luz prateada da lua e mesmo assim coberta na profunda escuridão, sentindo o frio da lâmina que atravessava seu tórax. E então aparecia no meio da neve, morrendo congelado e sangrando, o líquido escarlate espalhando-se ao redor de si como uma mortal capa.

Sentia-se preenchido por emoções de diferentes vidas, mas tudo entrava em colapso quando lembrava sua própria condição. Estava em pânico, traumatizado, fraco e não suportava chegar perto da única pessoa que tinha amado durante muito tempo, talvez fosse a hora certa de resolver essa situação no meio de tantas reencarnações. Foi transportado para um grande e belo jardim, de flores prateadas e douradas, que estavam banhadas pela luz escarlate de uma Lua Sangrenta. Estava sentado, seu corpo estava coberto por um pano cor pérola que caía por seu corpo perfeitamente, rodeado por espectros de fogo que flutuavam acima do jardim.

- ​Justin, Fredd, Leith, Sebastian, Harry, Andy, Ahura... - ​Lamentavam-se as vozes, em um choro lamentoso - ​Ray, Ray, Ray, Ray...

​- Deixem ele em paz ! - ​Gritou uma das vozes, se destacando no meio dos espectros. - PAREM COM ISSO !

O fogo assumiu a forma de um rapaz. Alto e magro, usando uma toga de chamas e com uma coroa negra repousando em seus lindos cabelos dourado-pálido, seus olhos violetas expressavam uma certa superioridade, e seu andar era como o de um Rei. Ele deu um passo para frente, expulsando os espectros, que sumiram deixando um rastro de fumaça para trás. Se não tivesse visto sua vida inteira, pensaria que era um maravilhoso anjo.

- ​Maxinne, você precisa me dizer como veio parar aqui. - ​O Rei pediu, cruzando os braços na frente do corpo, seu olhar era de preocupação.

- Não me lembro... - Maxy rangeu os dentes, tentando focar seu pensamento no que aconteceu antes de parar nesse " Limbo ", mas só conseguia se lembrar de sua casa e um profundo grito que ia sumindo aos poucos. - Você que tem que me ajudar... Você poderia apagar minhas lembranças...

​- Não importa o quê tenha acontecido, você precisa carregar consigo pelo resto da vida. ​- Disse o rei, virando-se para olhar a lua. - ​Muito sangue já foi derramado por sua causa, por minha causa, e essa é nossa chance de parar tudo.

- VOCÊ NÃO FAZ IDEIA DO QUE ACONTECEU ! - O menor gritou, relembrando pedaços em sua mente. Assim que o falso Ray saíra, o menino tinha conseguido reunir força suficiente para se levantar. Estava no meio de uma poça feita pelo seu próprio sangue, e os olhos cheios de lágrimas embaçavam a visão, mas sabia exatamente o que tinha acontecido. A dor, os gritos, sua roupa sendo tirada a força... Cada pequeno fragmento marcada pela respiração de Ray, pelos olhos de Ray, pela figura do irmão. - Não consigo nem mesmo olhar para o meu irmão sem culpa-lo ! EU ME SINTO SUJO !

- Não está sendo justo consigo mesmo, Maxinne. - ​O Rei se virou em sua direção, trazendo um pequeno fio de ouro em sua mão, com um pingente de um grifo na ponta. - ​Nós somos fortes, e você precisará ser mais forte ainda. Morgana não ficou piedosa com o tempo, apenas mais forte.

​XXX~~~XXX

​Ray se agachou ao lado do irmão, cobrindo-o com um dos cobertores que havia encontrado naquela casa abandonada. Estava desmaiado desde que dispararam os alarmes em sua casa, alertando os Agentes de Avalon da sua localização. Seus braços já estavam doendo de tanto ter que correr com o irmão inconsciente, mas Maya havia ajudado, e agora patrulhava os arredores da casa para saber se alguém tinha seguido-os.

- É o único momento em que consigo ficar perto de você. - Ray lamentou-se, sentando ao lado do irmão. - Talvez tenha sido culpa minha por deixa-lo sozinho...

- Não se culpe, por favor, e também não me culpe. - Maxy abriu os olhos lentamente, surpreendendo o maior. - Eu sei que não foi você... Mas cada parte sua me lembra o estupro... Não consigo nem mesmo sentir sua respiração perto de mim.

- Você vai superar, Maxie. - Garantiu Ray, passando a mão no próprio rosto para tirar o suor. - Os outros podem pensar que sou mais forte por causa dos músculos ou algo assim, mas você sempre foi mais forte, você sempre foi um sobrevivente.

- Dessa vez é diferente, Ray. - As lágrimas brilharam nos olhos do menor. - Não sei se consigo superar...

Maya entrou correndo na casa, o suor escorria pelo seu rosto e seu cabelo estava bagunçado, mas o quê mais preocupava era a expressão de medo em seu olhar. Ray se levantou de uma vez, colocando a mão no punho da adaga que trazia presa ao seu cinto, mas a garota nada disse até recuperar o fôlego.

- Avalon jogou algum tipo de domo escuro ao redor da cidade. - Ela disse, apontando para fora. - Iniciaram um certo, e estamos bem no meio dele.

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