XVII

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 Os dias tem passado de uma forma estranhamente lenta e chata. Parecem anos, mas só fazem algumas semanas que eu estou aqui. Nos primeiros dias foi difícil a convivência. O estado de algumas pessoas aqui é preocupante e até mesmo perigoso, por esses motivos não socializo muito com os outros pacientes, exceto com meu colega de quarto, o Renan,  que chegou alguns dias depois de mim. Ele tem surtos de personalidade, mas quando está estável é um cara bem legal e um bom amigo aqui dentro.

 Desde o dia em que eu entrei aqui, meus dias tem se resumido à ler e ter consultas com o D.r Maurício. Falando nele, mesmo achando que eu sou um louco, ele tem me ajudado bastante aqui, não sei como eu estaria se não fosse por ele. O tratamento começou e eu não muita diferença, a não ser os efeitos colaterais dos remédios: sono, tontura, dor de cabeça e enjoo.

 Elizabeth continua sendo uma vaca comigo, e eu não posso nem falar para os supervisores sobre isso, afinal, quem acreditaria no louquinho? Teve um dia que ela chegou a dizer para eles que eu estava planejando uma fuga, resultado: uma semana acorrentado à minha cama.

 Falando nisso, hoje é dia de frango grelhado, então estou um pouco feliz por incrível que pareça. Vou ir até um pouco mais cedo para o refeitório. Assim que passo pelo escritório do d.r Maurício, escuto uma conversa estranha entre ele e Elizabeth:

- Nós não podemos mais adiar a cirurgia dele! - fala Elizabeth para o doutor 

- Você acha que é fácil preparar uma lobotomia?

- Não é pra ser fácil, é pra deixa-lo incapacitado 

- As vezes eu não entendo todo esse seu ódio por esse garoto.

- Carlos é insuportável, insignificante, uma barata rastejante que merece seu lugar junto com as outras.

- Tudo bem amor, eu farei isso por você.

 Eu não acreditava no que eu estava ouvindo. Então quer dizer que todo esse tempo eles estavam juntos e tramando contra mim? Eu esperava qualquer coisa de Elizabeth, sempre soube que ela era uma cobra, mas o  d.r Maurício? Nunca poderia imaginar isso. 

- Faça o mais rápido que puder - Elizabeth volta a falar

 Eu não sabia o que fazer. Ultimamente essa frase estava definindo a minha vida, mas eu tinha que fazer alguma coisa, eu não podia deixar que eles fizessem aquilo comigo. E eu iria encontrar um jeito de sair daquela situação. Assim que me recompus, fui direto para o meu quarto.

...

 Eu ainda não sabia o que fazer, precisava de qualquer maneira encontrar um jeito de sair desse lugar.

-Carlos? - eu conhecia essa voz, mas eu não acreditava que podia ser ele

- Onde você está?

- Com você

 Era muita coisa louca acontecendo, mas eu sabia que a parte mais normal da minha vida estava ali. Falando comigo, mesmo que dessa vez eu não o estivesse vendo. Eu já estava louco, então ouvir vozes era o de menos, ainda mais sendo AQUELA voz.

-Thales você não sabe o quanto eu estava com saudade você!

- Eu imagino... Eu imagino, mas agora eu estou aqui e nós precisamos tirar você daqui.

- Sim, eu sei. Só não tenho ideia de como sair daqui, a segurança desse lugar é bem forte e nós ainda estamos em uma ilha, que eu nem sei onde fica.

- Eu sei onde estamos e sei como sair da ilha, eu só não sei como sair dessa clínica, mas não se preocupe eu tenho uma ideia...

...

 A ideia de Thales era simples, mas exigia muito cuidado. Era a seguinte: de noite quando a segurança da clínica ficava um pouco mais vulnerável eu tentaria fugir pela área onde recebem os suprimentos da clínica. Essa área geralmente tem dois guardas fazendo a vigília, mas Thales afirmou que eles sempre tiram um cochilo durante o trabalho. O que eu deveria fazer é ir até essa área quando todas as luzes estiverem apagadas e todas as pessoas dormindo, chegando lá eu deveria esperar que os dois tirassem o cochilo e pular o portão que da direto para uma espécie de porto onde Thales estaria me esperando com um barco para fugirmos de lá. 











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