Capítulo 16

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– Ainda se lembra dela? – Faço cara de desentendido. – Ela não deve nem estar trabalhando mais lá. Não lembra que matei o namorado dela? Então. Deve ter ficado traumatizada e ter pedido demissão.

– Então tá né? Mas pelo menos fica ativo. Se você for pego, já sabe a merda que vai dar né? Você vai se ferrar e ferrar todo mundo.

– Não fomos pegos antes, não vamos ser agora.

– Antes você não tinha a ideia maluca de ir ao local onde você assaltou né?

– Cara, já faz um mês...

– Não, SÓ faz um mês.

Bufo. As vezes o Christian é muito chato.

– Já acabou com o sermão mamãe? – Pergunto com deboche.

– Idiota! Só não torço pra você ser pego, porque se não eu também me ferro.

– Posso ir?

– Vai, cara. Vai!

Abro a porta e finalmente saio da suíte. Pego um taxi. Não estou afim de dirigir hoje. O táxi para em frente ao banco justamente no local onde o meu carro com a gangue parou para iniciar o assalto. Pago o táxi e desço lembrando-me da adrenalina que foi. Amo o que eu faço. Por mais que seja fora da lei. Avalio o banco central olhando-o de cima a baixo e solto um daqueles sorrisinhos de galã de novela. Afinal eu sou um galã né? Só que não de novela, mas garanto que sou um bandido gostoso pra caramba. Coloco o óculos escuro no rosto e entro no banco. A princípio não vejo meu alvo, a ruiva maravilhosa. Consigo me lembrar nitidamente de seu nome quando aquele, bem, acho que namorado dela disse. Dulce. Ela deve ser tão doce quanto o nome. Então escolho uma das fila mais compridas dentro do banco para entrar e fico de lá avaliando a cada pessoa que passa, até que encontrar ela.

Quando finalmente a vejo, ela está mais linda e mais radiante do que antes, mas invés de estar com cara de assustada, está com uma carinha triste. Imagino que tenha sido a morte do menino. Então vejo que ela está passando perto de onde estou. Ela passa por mim com uma postura impecável. Então saio da fila e vou até ela. Ainda de costas a cutuco e ela se vira para mim. Linda e encantadora. Meu amigo começa a ficar ativo lá em baixo, mas tento disfarçar a excitação que essa ruiva me causa. Como essa mulher pode me deixar assim, sem ela ao menos me tocar?

Fico parado em frente a ela somente olhando em seus olhos. Sabendo que ela não pode olhar nos meus porque estou com os óculos escuros. Sinto vontade de agarra-la ali dentro do banco mesmo. Mas sei que seria preso se fizesse isso. Imaginem, nunca ter sido preso por assaltar bancos, mas preso por assediar uma funcionária, seria ridículo. Continuo parado em sua frente sem ao menos o que dizer ou pensar. Nada na minha mente faz sentido agora, até que ela pergunta quebrando o silêncio entre nós dois...

– Posso ajudar?

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