Capítulo 01 - Quando o passado toma formas diferentes.

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Às vezes o passado nos guarda surpresas.
O futuro as abre, e o presente apenas o encara.

- DeiseCristtina

                           

                      O barulho da respiração ofegante e dos pés esmagando as folhas caídas pelo chão da floresta eram afogados pelo som das trovões, que ecoavam acima dela.

Fazia algumas horas desde que havia acordado naquela caverna esquecida pelo mundo, mas não era o céu nublado, o vento frio ou os ferimentos pelo corpo que a parariam.

E se havia algo que ela e Kakashi compartilhavam era aquela calma fria e a raiva modelada pela estratégia e pelo foco.

Aquela sua jornada fazia parte da determinação enraizada dentro de si, o propósito que fazia o sangue ainda fluir pelo corpo e dar forças as pernas, era aquilo que fazia continuar.

O vulto passava em meio às árvores, e até mesmo os animais da floresta pareciam ter se calado.

O rosto ainda estava coberto por uma máscara negra surrada, os cabelos brancos pareciam brilhar a luz dos relâmpagos cortando as nuvens, mas os olhos ainda estavam firmes à frente.

A perna latejava de dor e o corte no braço mal costurado era presente de um homem morto, e os cortes leves no corpo e um mais profundo na perna presentes também, presentes na pilha de mortos que a garota havia deixado para trás.

O que sobrou daqueles homens foi deixado para os urubus que planavam no céu alguns dias atrás.

Mas agora a dor fazia a visão ficar turva, e a mão fechada ao lado do corpo era uma tentativa vã de conter aquela dor que fez a roupa ficar molhada.

Sangue...

Sangue, ela gradativamente através dos dias estava o perdendo, mas a dor tinha que permanecer suportável.

E o sangue que ainda tinha deveria ser o suficiente para que se mantivesse acordada, ela havia começado aquilo e iria até o fim.

Os portões AUN de Konoha surgiram em meio às árvores junto com kunais vindo em sua direção, elas passaram zunindo quando a garota desviou de alguns e usou sua própria kunai para defender-se das outras.

Aquilo, ela notou, não era um ataque, era um aviso de pare, e ela parou.

Dois anbus surgiram em sua frente, os rostos cobertos por máscaras brancas com detalhes em vermelho, aquela era uma linha defesa de Konoha, uma das mais temidas.

— Identifique-se e diga o que quer. — O anbus, o mais alto, inclinou a cabeça, a voz denunciava os anos que havia passado fumando.

— Quero falar com Kakashi. — A voz saiu firme, embora a dor fosse uma convidada dolorosa se alastrando pelo corpo.

— O Hokage-sama está ocupado, mas podemos ajudá-la. Como se chama? — O anbu mais baixo deu um passo a frente erguendo a mão.

— Meus assuntos urgentes e pessoais, quero ver o Hokage. — Urgente demais para ser falado com qualquer um, pessoal demais para ser tratado com eles.

— De qual vila você é?

A falta da bandana na testa e qualquer identificação a fez pensar que era alguém que eles não deixariam entrar com facilidade, mas não fácil chegar onde havia chegado e mesmo que o peso dos dias recaísse sobre o corpo a mochila leve em suas costas a fez lembrar da própria missão.

— Tenho assuntos pessoais e urgentes com o Hokage.

Os homens se entreolharam como se pensassem a respeito. Mas se havia algo que eles não fariam era parar-lá não até que a missão estivesse completa.

A Filha Do Rokudaime HokageOnde histórias criam vida. Descubra agora