cap 12

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Viro de costas e volto meu olhar para aonde Leon encarava sem nem sequer piscar.
Um carro tivera acabado de sair da alcatéia, e por ironia do destino, era o carro do meu pai, que inclusive não demora muito para notar nossa presença.

- mas que inferno... - falo baixo e o puxo para trás da árvore - eu acho que eles não nos reconheceram.

Meu pai sai do banco do motorista e fala alguma coisa com alguém que estava dentro do carro, que logo sai também.

- ah... Que ótimo, como se duas pessoas olhando de longe de forma suspeita não fosse o suficiente para eles virem aqui! - Leon sussurra.

- a alcatéia está em alerta depois do último ocorrido - explico.

- que merda... - Leon murmura - aquele ali é o Beta?.

- ... E meu tio... - completo sua frase.

Meu tio e meu pai caminham até nós a passos largos e visivelmente raivosos. Ainda de longe eu podia perceber que eles estavam se esforçando para ver quem estava ali.

Se não fosse pela escuridão da floresta, ele teria percebido Leon e eu a muito tempo.

- eu vou distrair eles, e você aproveita e corre daqui - falo sem tirar os olhos do meu pai.

- está louca? - Leon me vira para ele - você vai se ferrar sozinha?!.

- pare de tagarelar e vai logo! - falo o empurrando ainda mais para trás da árvore.

Me transformo e me afasto dele, me preparando para correr.

- tome cuidado, Emy - Leon pede com preocupação.

Balanço a cabeça positivamente e começo a correr o mais rápido possível. Logo consigo atrair a atenção do meu pai e do meu tio, que não perdem tempo e se transformam também.
Me jogo em uma poça de lama para sujar o meu pelo e dificultar o meu reconhecimento, e continuo a correr.

Apostar corrida com um alpha e um beta era certamente o auge da minha semana.

Eles eram rápidos demais, temia que meus pulmões não aguentassem mais correr tão rápido. Consigo despistar ele entre as árvores e pulo na cachoeira, nadando até a caverna que eu sabia que existia atrás da bruta queda de água.

- merda, perdemos ele! - meu tio Théo fala ainda na forma de lobo.

Ele era assustador com raiva, igualzinho a minha mãe.

- aposto que era mais um da alcatéia dos Black - meu pai rosna, me fazendo tremer - esse eu queria pegar com minhas próprias garras!

- aqueles desgraçados estão causando muito problema.

- eles assassinaram cinco dos nossos ontem, e deram a desculpa de que pensaram que eram rebeldes - meu pai fala furioso.

Eu podia o ver caminhando de um lado para o outro, nervoso.

- já é o bastante para começar um conflito, Tristan - tio Théo fala com preocupação - duvido que não tenha passado pela cabeça de Rodrigo que os oficiais mortos não se identificaram.

Isso está ficando cada vez pior...

- todo o grupo foi morto, tanto os rebeldes quanto os nossos - meu pai fala com fúria - ele está usando de força letal, mesmo quando não tem certeza.

- ele viola as nossas leis sem nenhuma relutância! - tio Théo esbraveja.

É proibido matar agentes de outras alcateias.

- eles querem que declaremos guerra primeiro, para usarem esse motivo como banalidade e fazerem as alcateias se voltarem contra nós!

Pensando em um contexto geral, esse motivo é ínfimo comparado aos reais motivos que causam uma guerra entre alcateias.

- vamos voltar para a alcatéia. Seja lá quem era o lobo misterioso, ele já deve estar longe - tio Théo fala, me fazendo suspirar aliviada.

Assim que escuto eles se afastando, saio do meu esconderijo. Meu coração estava apertado, o conselho sobrenatural tivera aprovado o uso de força letal para lidar com os rebeldes descontrolados, mas aposto que o alpha Black se aproveitou disso para matar cinco dos nossos antes mesmo que eles pudessem se identificar. Ele quer uma guerra, isso é bem óbvio, e o meu pai não iria recusar essa chance.

(...)

Espero mais alguns minutos e me certifico de que a área estava segura. Corro de volta para casa e entro pela entrada lateral da alcateia, para evitar encontrar com meu pai no meio do caminho. Entro em casa sorrateiramente, e assim que consigo chegar ao meu quarto, suspiro aliviada.

Após tomar banho e me vestir para dormir, recebo uma mensagem da minha mãe falando que ambos saíram para resolver uns problemas, tenho quase certeza de que se tratavam do "lobo misterioso", no caso, eu.

Só de lembrar me arrepio com as vozes de meu pai e de meu tio que invadiam minha mente.

Abro um pouco a porta da varanda e me inclino no parapeito, aproveitando a brisa fresca que a noite me proporcionava. Fecho os olhos e relaxo escutando os barulhos da floresta e o clima fresco do lado de fora.
Escuto um uivo por perto e começo a olhar em volta curiosamente, mas não vejo nada. Meu coração volta a apertar.

Eu estou alucinando com um lobo imaginário, tenho quase certeza.

Sinto Sarah ficar agitada dentro de mim, e logo decido voltar para o quarto, mas antes que eu possa fechar a porta da varanda novamente, um lobo enorme pula minha varanda e me encara fixamente. Eu estava completamente estática, tinha realmente um lobo absurdamente grande na minha frente, e ele pulou mesmo a minha varanda.

Como ele pulou tão alto?!

Tento fechar a porta com velocidade, mas ele invade meu quarto e pula encima de mim, colocando suas patas pesadas ao lado de meus ombros. Eu estava totalmente imóvel.


Te Amo Meu Alpha-2° volume.Onde histórias criam vida. Descubra agora