Fazia poucos dias que o bar havia inaugurado, mas aqueles dois já eram amigos de longa data. E toda a clientela, que ainda estava se formando, mas já possuía alguns assíduos, podia ver a química que rolava entre o dono do bar e seu melhor amigo. E naquela noite não foi diferente.
Quando o rapaz de cabelos negros e olhos claros entrou no bar, Zeca, no momento atrás do balcão, não pode evitar sorrir, de um modo charmoso, os olhos castanhos se iluminando sob o cabelo claro, que ele insistia em dizer ser ruivo e cuja as sardas que desciam de seu rosto pelo pescoço, deixando a imaginar como seria a pele por baixo das roupas, apoiavam a ideia.
_Paulo._Cumprimentou, já pegando um copo para o amigo._Que bons ventos o trazem?
_Bons?_Paulinho bufou e se largou sobre uma das banquetas em frente ao outro._Meus vizinhos não calam a boca, faz três horas que estão brigando. Dai vim pra cá.
O ruivo riu e encheu o copo de cerveja.
_Não quis gritar com eles de volta, dessa vez?
_Ah, cala a boca, Zeca.
_Eu calo. Se me der um beijo._Sorriu, ao dar a condição.
_Meu Deus, Zeca, cala a boca!_Paulo repetiu, em um tom irritado que fez o outro rir, pegando o copo.
_Um apertão na bunda?_Zeca arriscou, indo atender uma mesa. Dessa vez o moreno apenas lhe lançou um olhar torto.Foi mais do que previsível quando, próximo à hora do bar fechar, Paulo começou uma briga com outro cara, tão bêbado quanto ele mesmo.
Mesas viraram, garrafas foram quebradas, uma cadeira foi parar na rua, alguém chamou a polícia. É quando tudo finalmente foi resolvido, de alguma forma o moreno acabou na cama de Zeca, enquanto este lhe passava um sermão pelos danos causados ao bar, enquanto lhe fazia curativos.
_...e francamente, porque vocês brigaram?!_Perguntou, no meio do discurso da relação de custos que os reparos aos danos teria.
_Ele me irritou._Paulo resmungou.
_"Ele me irritou"._O ruivo repetiu, imitando a voz do amigo._O que ele fez? Te deu boa noite?
_Ele queria saber se éramos namorados.
_E ia cair seu pinto só falar que não?!
_Eu disse que não! Daí ele resolveu que podia dar em cima de você, mesmo eu dizendo que ele não devia fazer isso!_O moreno rosnou.
_Meu Deus, Paulo! O meu pinto não vai cair se um cara der em cima de mim!
_Mas ele não pode!
_E porque não?! Você é meu dono agora?!_O ruivo ironizou, quase não conseguindo disfarçar a amargura que lhe causava dizer isso.
_Sou!_Paulo retrucou, sem pensar, fazendo com que o ruivo se calasse, com o susto._Você é meu amigo! Meu!_Olhou para o rapaz e o encarou, parecendo irritado._Você é meu, tá ouvindo?!
Por alguns segundos os dois apenas se encararam. Então Zeca riu baixo, de um jeito desanimado.
_Você está muito bêbado._Declarou, guardando as coisas que estava usando para cuidar dos arranhões do amigo._Vai dormir, Paulinho._Mandou, levantando-se. Mas antes que pudesse dar um passo sequer, foi puxado de volta tão rápido que não conseguiu se equilibrar é caiu sobre o moreno, que o segurou contra si, com a firmeza do abraço de uma jiboia._Paulo! Você nem vai lembrar que falou essas coisas amanhã! Quer fazer o favor de...!
_Eu só vou esquecer se você não me chamar de Paulinho outra vez._Sussurrou, próximo ao ouvido do ruivo, em um tom rouco que fez com que ele parasse de tentar fugir do aperto.
_Eu vou fazer você se arrepender se continuar com isso._Prometeu, em voz baixa.
_Veremos._O rapaz de olhos claros pegou uma das mãos de Zeca e a colocou no próprio quadril._Eu sei que você guarda lubrificante na cômoda._Acrescentou, o rosto corado pelo calor do álcool e um sorriso preguiçoso.
_Sério? Eu te assedio faz uma vida e você...
Foi quando o moreno resolveu revogar a condição para fazer o ruivo calar a boca e o beijou.
O que se passou depois disso não teve um pingo sequer de raciocínio ou consciência. Não demorou muito para que ambos estivessem nus, as peças de roupas jogadas pra qualquer lado. Corpos quentes e suados. A primeira explosão, assim que lábios úmidos tocaram o membro em agonia, uma pausa quase mínima para pegar o que fosse necessário na cômoda, gemidos graves, presos entre quatro paredes, misturados aos gemidos da madeira.
No dia seguinte, como já devia ser de se imaginar, nenhum dos dois conseguia andar.
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Bar do Zeca
Short StoryO que pode acontecer no Bar do Zeca além de muita putaria e vários contos yaoi?